terça-feira, março 28, 2006

Meiga Palavra...


Vibra em mim o frémito de uma ternura branda… uma palavra meiga… um grito surdo de vozes subterrâneas… para além de silêncios interditos…as minhas mãos abrem-se num gesto novo famintas de sóis desconhecidos…
No meu leito de madrugada sonho nua de tudo o que é estranho…a cada palavra cada gesto que me trazes… e urge completar o teu sorriso com essa alegria breve, de ao partires, levares nos olhos a saudade...
Trago hoje uma palavra meiga, com as vozes do vento que murmuram, e um apelo nocturno lá do mar... uma voz secreta como um choro, com a notícia íntima que vai romper…
O querer dizer… Chuva… Sol… Amor… Eu… Tu... tão serena quanto estou… para colorir todos os silêncios… trago hoje, uma palavra meiga.

BEIJO MEU... PARA TI...

domingo, março 26, 2006

No dia a dia.........

Há manhãs luminosas, outras de cinza… dias grandes, outros quase sem história... certo, é o dia que vivemos… e sobre ele construímos o outro que há-de vir… a corola do pão, do amor e da justiça … como se tudo fosse coisa nossa!... Meditação!... Nem febre, nem torpor no leito ou no prado... é o Amigo, nem fogoso, nem débil: O Amigo… É a amada, nem tormentosa, nem atormentada: A Amada… É a Luz que chega em cada dia… O Sol que nasce em cada ser… A Alma e a fonte do Saber… A Vida e a fluorescência da Alegria…
AMO-TE ... BEIJOS

quinta-feira, março 23, 2006

Interruptores..........



A Papoila pequenitates e coradinha, é muito "achacada" a estranhas coincidências na sua maioria muito positivas, e algumas, obrigam-na a acreditar nos anjos... Desde pequena que é gaga, pouco se nota, pois para além das coincidências, nada lhe sai de improviso, com excepção de alguns "dardos"...
Na sua relação com os outros, porque não gosta de brigas, e se dá mal com histórias de "disse que disse", que são francamente entediantes… e quer ser feliz, sem danos irreparáveis no circuito, aprendeu a acender e desligar interruptores na sua sensibilidade... Acende-se aqui, e está tudo bem, desde que se deixem outros apagados... E apagam-se aqui e ali alguns, para acender os que se devem... não se dá mal com esta técnica, e tem assim passado pela vida mais ou menos sem grandes faíscas, ou relâmpagos, e raramente trovões...
Aqueles macaquinhos cegos, surdos e mudos, não lhe agradam muito, tal como os bem intencionados letreiros de "Pare, Escute e Olhe", que são sempre obstáculos, muros ou barreiras mesmo onde não as há... Aquelas bolinhas que se apalpam para aliviar o stress, ao contrário de lho aliviar ainda lhe causam mais stress..., porque nelas só vê a utilidade terapêutica de recuperação de função, de que felizmente não necessita, mas recomenda… As bolas que verdadeiramente lhe aliviam o stress, não têm aquela consistência quando se palpam…
Contavam-se pelos dedos das mãos as pessoas com quem podia estar com todos os interruptores ligados, embora com necessidade de ajustar o reóstato de modo a não provocar faíscas, nem que fossem por electricidade estática ( recordem a gaiola de Faraday)... a saber os seus avós Luís e Eduardo, a Tété, sua tia avó que vai merecer um texto, o Bau, a sua mãe (às vezes), as suas filhas: Sua Alteza a Princesa D. Janico Pé de Salsa e Sua Alteza Imperial a D. Cat Sunflower (por muito que às vezes a magoem...), o Príncipe Bigi o Malmequer, a sua amiga Pintinhas, a "mana" Zé, e o seu Amigo Sir Arthur, o da Távola... Com todos os outros tios, primos, e afins, nunca houve mágoas ou rancores pela tal capacidade de acender aqui, e apagar acolá...
Tudo isto para dizer-te que TU (que surges em qualquer lado, seja qual for a capa com que te proteges...) foste aquele que consubstanciaste o sonho, o Anjo que me acampanhou no momento em que o medo me dessincronizou o sistema eléctrico, com grave risco de me fundir de vez, e que por feliz coincidência encontrei… Contigo, todos os interruptores estão, e estarão sempre ligados...
VEM! GOSTO MUITO DE TI. BEIJOS

segunda-feira, março 20, 2006

As Estações do Amor



Na Primavera já cansada de florir... quem me dera não ter nada... mesmo nada a pedir… de corpo e alma para a frente… insone piso a noite que ousa a tristeza que se adentra em mim… nos campos de silêncio que de minha voz os lavro… e dos lábios se me volvem palavras de sorrisos abertos… no Outono de amor dos teus olhos... que poisam no sono de uma flor... num chão de folhas…
AMO-TE ...BEIJO MEU!

sábado, março 18, 2006

O dia 18 de Março....


O meu avô Eduardo (1879-1960) e meu pai o seu filho Osvaldo (1913-1951) nasceram a 18 de Março... Como forma de os homenagear, resolvi publicar hoje uma carta de meu avô a minha avó das linhas da frente durante a I Grande Guerra, onde combateu como médico, e veio a receber a Cruz de Guerra. Um dia por coincidência encontrei o seu capacete, que guardo em minha casa. O Mauro Maia,do blog *Cognosco* nos comentários do seu artigo Pacis Nox que merece a vossa visita, sugeriu-me que o fizesse.

Bois de Nieppe – Pont de Pendus
29 de Agosto de 1918 às 23h

Escrevo-te, minha querida mulher, depois de um dia passado no meio do horror da guerra, sentindo-a bem de perto, esta alucinação trágica - mas admirável! – em que a humanidade se lançou. Daqui, do meu abrigo, eu vejo o incêndio fantástico de Estaires e da La Gorge, duas terras que já foram nossas e que hoje o boche, ao abandonar arrasa. Junto ao incêndio, o ruído brutal das peças de 38, ao som das quais eu tenho dormido os melhores sonos, nesta santa terra de França! No meio destes dias agitados, eu tenho gozado de uma saúde admirável; sinto-me com uma resistência física que não tinha. Faço os meus trinta quilómetros a cavalo, e fico óptimo.
Hoje de manhã fui de visita aos locais onde trabalham os batalhões; locais que ainda há poucos dias eram as primeiras linhas boches; tu não podes imaginar o que é um campo de batalha abandonado! É preciso vê-lo, calcar aquela terra barrenta, argila pura, onde se escorrega a todos os instantes, pegajosa, lamacenta onde se enterram até ao joelho estas botifarras enormes, que o inglês prático fabrica e que fazem dos meus pés – tu lembras-te como eles são pequenos! – duas arcas da Aliança! Percorri as trincheiras, entrei nos abrigos onde tantas tragédias se devem ter passado. Ainda há por lá cadáveres de boches insepultos; junto à cabeça pousa o capacete de um e, um pouco mais adiante, um tronco com a farda envergada ainda, está numa disposição que a gente diria que toma a sentinela vigilante da trincheira. A tragédia desta luta! Duas cruzes invocando Deus indicam as sepulturas, cavadas na no man´s land (terra de ninguém, terreno entre trincheiras), de dois oficiais alemães. É neste local que hoje os nossos soldados estavam colocando arame farpado para defesas que podem vir a ser precisas; quem pode prever a sequência da guerra e o inglês tem a preocupação do arame e da defesa! Quando desta visita, um aeroplano boche procurava atravessar as linhas; os tiros anti-aéreos fizeram uma tal barragem que o boche voltou em marcha vertiginosa para o seu local. E foi pouco depois que na 1ª linha começou a aparecer uma fumarada densíssima, erguendo-se para o céu como gigantescas árvores e que eram o anúncio deste formidável incêndio que a imaginação de Nero não sonhou, mas que o Kaiser, na sua vertigem de perdido, supõe virá alterar esta impassibilidade fria, que dá a certeza da vitória, ainda que com o sacrifício da mocidade admirável do tempo de hoje, dos rapazes até aos 26 anos, que – cantando ainda! – se sacrificam para ditar melhores dias ao mundo! As notícias da guerra são óptimas. Os aliados estão de cima, são eles agora que têm em suas mãos os destinos da guerra: a Alemanha será vencida! Oh! A cara que farão estes parlapatas, que na sua impotência se embasbacam perante a força do alemão!
O que fere a minha alma é ver que o nosso esforço militar não é o que já foi! Como acção guerreira, estamos limitados à da nossa artilharia; são esses bravos rapazes, tanto oficiais como soldados que aqui nos garantem. As tropas de infantaria estão fatigadas, esgotadas e hoje empregadas somente em trabalhos de segunda linha: fortificações, caminhos de ferro, trabalhos agrícolas, etc. Estive aqui hoje com o coronel Ivens Ferraz, o qual com o general Rosado foi a Inglaterra. Disse-me ele que ficou resolvido o problema dos transportes, e que só falta que venham homens. Estes virão? É a pergunta que fazem todos os patriotas. Se é certo que o moral da infantaria se tem levantado à medida que vêm para a frente, a verdade é que eu julgo que ela tem muito apoucadas as suas qualidades combativas: já não são os soldados que foram: são 16 meses passados na tormenta, longe da terra, sem uma licença! Gritem isto a todas as horas; gritem bem alto que não vir gente representa o maior crime da nossa história nacional. O general Rosado é homem de prestígio; foi substituir o Tamagnini, que pouco vale. Mas não é só preciso o general: homens, homens, muitos, todos os que puderem vir, para substituir todos aqueles que têm ganho já o direito de ir à terra da Pátria! Lê esta carta ao meu pai; ele que a mostre ao Marques Guedes e ao nosso Guedes de Oliveira. Eles que todos os dias insistam nesta campanha moral, patriótica, dignificadora da nossa Honra: a reorganização do nosso C.E.P. Eu sei que é preciso resolver o problema interno; estou certo que só da resolução deste poderá dar-se solução honrosa à nossa vida internacional. Mas se há a possibilidade de vir gente, mesmo mandada pelos doidos maus que nos governam, liquidemos as contas no final! Se não há, então, usando de todas as armas arrase-se a montureira que dirige os destinos da Pátria. Quando penso, Ernestina, que vim para aqui, em grande parte pelo amor aos meus filhos, para lhes preparar melhores dias do que aqueles que eu gozei e que tudo pode perder-se, sinto dentro de mim um verdadeiro ódio contra aqueles que de assalto governam o país, só com a mira na miséria do mando!
Mas minha querida, isto já nem é uma carta; é quase um artigo de fundo! Está perfeitamente tranquila comigo. Óptimo de saúde e, posso dizer, sem risco. Excelente disposição de espírito, que só é quebrada com a leitura dos nossos jornais. A guerra ganha – pela força das armas e pela força moral dos aliados. É possível que antes de ir para a ambulância do Francisco vá para o 3º Grupo de Baterias de Artilharia, que tem por comandante o tenente-coronel Maia Pinto, que me quer muito lá. Comigo aí, não contes antes do Natal; dá-te por feliz se conseguir licença nessa data. Conto que estejas a partir para o Salgueiro. Dá ao Belarmino e às queridas amigas D. Retoca e D. Estela afectuosos abraços: Diz-lhes que não os esqueço nunca. Quase não tenho tempo para nada. Tenho sobre os meus ombros responsabilidades grandes; a brigada está agora organizada, mas os serviços de fiscalização (e eu vou a toda a parte) roubam-me todo o dia; à noite vem uma fadiga que me faz dormir oito horas de um só sono. Uma delícia!
Passando para a artilharia ou ainda para a ambulância – o que deve ser breve – modificam muito, então, as minhas preocupações e escreverei a miúdo.
Dá muitos beijos aos nossos filhinhos, muitos e muitos. Abraços ao meu Pai – de quem já recebi uma grande carta! – à Mãe ao Artur. Beijos às minhas irmãs. Beija-te muitas vezes
o teu do coração
Eduardo

P.S. Diz ao meu pai que o meu nome nunca deve ser citado. Nem eu o quero nem o permitem os regulamentos. Da verdade dos factos que aponto podem usar; do meu nome, não. Esta carta é levada por um camarada meu.
Eduardo

Beijos

segunda-feira, março 13, 2006

O Meu Novo Campo





Era uma vez uma papoila pequenitates e coradinha, que foi nascer num campo de girassóis pendentes amarelo, verde e amarelo em ondas… muito direita, mesmo que pequenitates e coradinha, todos os dias abria as suas pétalas mal o Sol chegava e o bem dizia, e começava a fechar-se assim que se levantava a Lua, que também sempre bem dizia. Falava assim:
" - Bem Hajas Sol que me endireitas e me dás esta cor vermelhinha e Bem Hajas Lua que me deixas descansar mesmo em noites de luar." Mas também pensava, só para si, pensava… aquela coradinha e pequenitates lá se abria e fechava, e dia após dia pensava…, um dia passou um amigo que lhe disse: “Papoila os teus pensamentos deviam chegar aos girassóis!”
Conheceu um SAPO que a deixou invadir um campo de girassóis com pensamentos de papoila... onde encontrou muitos amigos que trocavam seus pensamentos... até que um dia, uma filha do luar, a Ana, a ajudou a fazer obras no campo…um lindo campo de papoilas, junto a um monte com uma casa… deu-lhe seiva às pétalas e seus pensamentos foram crescendo, e cada dia havia mais girassóis, anjos, feiticeiros, luas, olhares, palavras, aromas e perfumes, almas, magias, bruxinhas, bichos, magos, poetas, loucos e outras flores a tornarem-se seus amigos…E por lá muito feliz crescia a papoilita até que uma vez, um bicho, uma escorpiona, a Ana Scorpion passou e disse:
“Vim até este campo e descobri que gosto do teu cheiro ao sol! Queres vir comigo? Posso levar-te daqui com jeitinho!”
A Papoila não queria acreditar, e perguntou :
“ Vais cortar-me, e meter-me numa jarra? Tenho medo de molhar os pés e constipar-me, está ainda muito frio!”
“ Não com cuidado eu levo-te com todas as raízes, damos um grande passeio e planto-te noutro campo! Pelo caminho conversamos as duas, queres?”
“ Claro que sim!” e mudou-se para um campo novo mais a seu gosto, sempre com os cuidados e desvelos da sua nova amiga.
Vivia feliz no seu campo, os amigos eram cada dia mais numerosos, visitavam-se com muita frequência, na verdade já não dispensava a sua companhia diária e a troca de pensamentos. Até que um dia o tal SAPO, sem nada anunciar resolveu fazer mudanças profundas no campo, de tal modo o revolveu que as suas raízes ficaram em risco… A Papoila protestou, mas ajudada pela sua grande amiga, Ana Escorpiona, agora Perdida na Tempestade, mudou-se para este novo campo onde recebe todos os seus amigos. O seu campo nas terras do SAPO ainda se mantém, por quanto tempo não sabe, mas promete que jamais deixará de visitar seus amigos e espera vir a contar com mais, nesta sua nova morada.
BEIJOS