quinta-feira, junho 29, 2006

Espero por ti...



O tempo avança no meu rosto,
na lembrança daquele instante
em que está intacto o teu sorriso…
Através da janela mal fechada
entra um raio de lua leve e estreito
que preciso ilumina o leito…
Estendemos nossos corpos
nos alvos lençóis da madrugada
nus de tudo o que nos é estranho...
Teus dedos tocam as palavras amantes
das perguntas breves que sussurro…
Ao longe o mar celebra
contra a dureza da rocha
o momento que só a nós pertence!
Tu vais chegar… Meu coração descansa…
BEIJO MEU! Espero por ti...

terça-feira, junho 27, 2006

Aprender a Viver...


VIVER

Não é deixar passar, inconscientemente, o dia a dia, fugir à auto consciência esclarecida, tornar-se parasita ou pessoa adiada.


VIVER

É crer em algumas verdades e sobretudo em Alguém que é a Verdade; é sonhar com algo belo, grande e definitivo e passá-lo à prática, é ter esperança de que o amanhã será melhor que hoje, se eu me empenhar com ciência, honestidade e consciência afinada dos valores.


Assim:


VIVER

É cada dia renascer,
é cada dia crescer,
é cada dia desabrochar,
é ser cada dia melhor,
é, em cada momento sorrir e confiar,
é recomeçar com lucidez e coragem.

VIVER

É nunca esquecermos o bem que aprendemos, é praticar a solidariedade, é esforçar-se por ser pessoa livre, competente e coerente, é ajudar os outros a serem plenamente responsáveis e felizes, acolhendo-os, escutando-os com a máxima atenção, estima e estimulando-os a viver com sentido pela partilha social.

Frei Bernardo

A VIDA

A Vida vive-se,
não se comprime,
não se diz,
não se enuncia,
não se aconselha,
não se programa.
A Vida
não se abraça
- mergulha-se!
A Vida não
se faz em discursos,
não se telefona,
não manda mensagem…
Vive-se na garganta,
tange-se nos dedos,
na encosta do peito,
nas mãos quentes,
de tudo que fazemos…
Vida é paixão.
Livre,ou reprimida…
Vida é acção!

A 29 de Junho, morreu com 35 anos o meu pai. Esta é a minha homenagem.BEIJO MEU

domingo, junho 25, 2006

A lenda de S. João...


O S. João do Porto
Desde o Santo António (Corim) ao S. Pedro (Afurada) que na cidade e arredores, se festejam os santos populares.
Desafiada pelo Peter, no seu comentário ao artigo anterior, coloco hoje este texto sobre o porquê de na cidade do Porto o feriado municipal ser o dia de S. João.
O aparecimento das festas na época de S. João não se pode datar, mas remontam a tempos remotos, nos usos e costumes de todos os povos hindo-europeus e semitas, ligadas às comemorações do solstício de Verão, e às festas rituais pagãs que se realizavam nessa época,
depois associadas á data em que se diz ter nascido S. João Baptista, 24 de Junho.
As festas maiores da cidade do Porto, que tinha várias romarias e arraiais de freguesia desde a Idade Média eram as da noite e dia de S. João. Já no século XIV, Fernão Lopes refere-se a essa noite como a de maior folgança popular na cidade.
A festa era no entanto a romaria mais animada, e nada mais que isso.
Durante o século XIX e XX foi quando mais se desenvolveu, e não parou de crescer, mas ao contrário do desenvolvimento da cidade, a festa concentrou-se à volta do velho burgo o seu centro histórico, com particular incidência para as Fontainhas, o Largo dos Lóios (de que é conhecido um relato do século XVII do padre Manuel Pereira de Novais), a Rua de Santo António, escadas da Igreja de Santo Ildefonso e a Rua de Santa Catarina, a Rua dos Clérigos, Ribeira, Bonfim, Lapa e Cedofeita.
Em 1908, por iniciativa de um clube existente na época “Os Girondinos” começa a lançar-se a ideia de o S. João ser transformado nas “Festas da Cidade”, ideia que foi rapidamente apoiada pelos comerciantes que estavam muito interessados pelo enorme afluxo de gente de fora, principalmente do Douro que acorria à cidade para os festejos. Mas a festa era espontaneamente vivida, aceite e organizada pela iniciativa popular.
Em 21 de Janeiro de 1911, o “Jornal de Notícias” lança à população da cidade o desafio de votar, por sufrágio directo e secreto o dia que pretendia ver como feriado local.
Esta iniciativa, derivou de um decreto do Governo Provisório da República que fixou em todo o país os dias feriados e dava a possibilidade aos municípios de escolher o seu próprio feriado.
A votação obteve o seguinte resultado:
Dia de S. João............................................... 6565 votos
Dia 1º de Maio.............................................. 3076 votos
Dia 8 de Dezembro....................................... 1975 votos

A votação publicada em 4 de Fevereiro, não deixou margem para dúvidas.
A escolha do 1º de Maio como o segundo dia mais popular, não deixa de mostrar o peso significativo da tradição operária no velho burgo.

(Recolha feita em Tradições Populares do Porto, Hélder Pacheco, Editorial Presença, Lda, Lisboa 1985)
Foto do Porto retirada deste grande Amigo
BEIJOS

sexta-feira, junho 23, 2006

A noite de S. João




A noite de São João desde a Idade Média que é considerada mágica.
Por todo o País, se criaram lendas de raiz pagã em volta da noite de São João, ligadas aos cultos do Sol e do fogo e às virtudes das ervas bentas, ao orvalho, às fogueiras, e à água dos rios, das fontes e do mar. É nas ruas do Porto, o seu maior festejo... As pessoas passeiam o alho-porro, os martelos de plástico, compram manjerico e comem sardinha assada... É com uma sardinhada e um bom caldo verde que começa a festa!
Fazer subir balões confeccionados com papéis de várias cores que passeiam no ar como sóis iluminados sob o impulso do fumo e o calor de uma chama de uma mecha de petróleo ou resina, tem a sua técnica... Ninguém cumpre com a proibição de deitar balões na noite de S. João… E o cheiro a gente, a manjerico


e erva cidreira, enche a noite de 23 de Junho no Porto. Expande-se do coração, e sobe ao ar como fogo de artifício para iluminar a noitada...
Corre-se para a Ribeira para ver o fogo de artifício, todos os anos à meia-noite em ponto, e depois, a festa espalha-se pelos quatro cantos da cidade e termina ao nascer do sol.


As rusgas de São João correm de bairro em bairro, de freguesia em freguesia. As ruas mais centrais, nessa noite, e até ao nascer do sol, apinham-se de gente e aparecem à venda as ervas santas e plantas aromáticas, principalmente o manjerico, a planta símbolo por excelência desta festa e também o alho-porro (infelizmente a ser substituído pelos martelinhos de plástico), os cravos e a erva-cidreira. E para espantar o cansaço vai -se parando nos bailaricos de bairro, salta-se a fogueira um número impar de vezes, no mínimo de três, para se ter sorte todo o ano, e pára-se nas tasquinhas que se espalham pela cidade!
No Porto, pelos santos populares de Santo António a S. Pedro, fazem-se as Cascatas de S. João (colocam-se as imagens dos Santos num altar, o S. João em destaque com o seu inseparável carneirinho, e um sem fim de elementos e figuras que simbolizam a festa, e onde não falta a banda de música). Servem de disputa entre freguesias e bairros num concurso de homenagem ao santo padroeiro.
Manda a tradição que a festa termine com um banho de mar na Foz, e que se veja o Sol raiar na praia!

AS RUSGAS DE S. JOÃO

Na noite de S João
vamos todos pr’a folia
lá vamos de mão na mão
para a festa até ser dia.
As saias, lançadas
por ancas brejeiras,
voam desgarradas
no ardor da fogueira…
Pernas torneadas,
são belas de ver.
Não param, não cansam;
e pulam, e dançam
sem esmorecer…
Lançou - se um balão!
Dou-te um manjerico…
Quero a tua mão,
lá no bailarico.
Os moços ligeiros,
são leves, nervosos…
Têm olhos matreiros
e jeitos dengosos.
As faces, em todos,
reluzem prazer
honestos os modos,
mas os corpos a arder…
Os braços se erguem,
em arco no ar
repuxam, emergem
os peitos a arfar...
Vai tudo em remoinho,
tudo em rodopio.
São alhos, são cravos,
e pernas... e braços...
Lá vão pés a fio
Grande é a alegria.
Rapazes dançai !
E moças também.
A noite gozai...
Que o dia, lá vem.

Aproveito para festejar os três meses de blog completados a 13 de Junho, e as 5000 visitas já alcançadas. Muito obrigada a todos que fazem o favor de ser meus amigos.

BOM S. JOÃO!...

BEIJOS

terça-feira, junho 20, 2006

Amanhece...


Vozes mil enchem a noite...
Rumores nos quintais
adormecidos,
banhados de luar...
Vozes brandas
das ondas do mar beijam,
em colchão de espuma
as rochas nuas…
Asas esvoaçam como gaivotas,
e navios balançam,
à espera de cais…
O destino deponho
ao sabor do vento,
que sussurra nas árvores...
De olhos fundos,
tão fundos como o Mar,
chegas, carregado de silêncios...
De ti está cheia minha casa deserta!
Teu vulto incorpóreo abraço e aperto;
ouço tua voz, o cálido risinho...
Uma brisa branda em
meu rosto passsa...
Beijas-me a face
e bebes meu vinho...
Que encantamento então eu senti!
Aqui foi que um ao outro pouco bastou:
Sorriste... e eu sorri...
Ao despertares amor,
acorda este poema…
Amanhece um raio de Sol…
-Para ti!-
AMO-TE! BEIJO MEU

domingo, junho 18, 2006

Momentos simples...


Hoje quero dizer-te:
Não haverá memória, de alguma vez,
por um instante que seja,
algum de nós
repousar nos bancos públicos,
ou estender as mãos
douradas de milho,
à avidez das pombas,
que espreitam o interior das praças...
Decerto, crescemos num tempo duvidoso,
temperado de momentos simples,
e habitamos longos corredores...
Aqui, não há caminhos:
Aqui, há casa, aberta à luz,
com ventos por jardim…
Aqui, diria que me evado e transcendo!
Diria que me escapo,
me desprendo e surpreendo...
Diria que me acendo,
me consumo e me esqueço…
Diria de mim...
Se o soubesse, se o precisasse,
ou coisa alguma se o entendesse...
Porque assim não entendi:
Que te faz saber de mim?
BEIJO MEU

sexta-feira, junho 16, 2006

Despertar...

"Nove de cada dez estrelas usam Lux!”
No duche de estrelas, desperto meu corpo,
meu corpo, mentira imaginada no espelho,
a sorrir muito dentifrícamente...
Meu corpo que acorda do sonho de cristal,
nesta manhã sem madrugada…
Meu corpo, faminto de ondas e de pássaros,
máscara grega, a rir e a chorar,
à espera de sóis, e barcos no mar...
Meu corpo que repete um dia e outro dia,
e chama realidade ao que me sufoca...
Quem pudera rasgar este horizonte!
E, lá ao cabo, eu encontrar enfim,
realidade ao meu sonhar sem fim…
Ali no espelho o tempo, passara-lhe através,
que entre nele, como em casa minha
e lembranças de dias já passados
a caminho vêm, nem eu sei porquê…
Corre o tempo em deslizar tão breve!
Vai-me as horas contando o coração,
com seu bater ritmado e leve…
Na água viva banho o rosto com delícia,
e sinto uma paz suave, qual carícia...
Neste despertar reencontro meu eu...
Mas ao espelho, pergunto: - Quem sou eu?
BEIJO MEU...

terça-feira, junho 13, 2006

O teu olhar...

Teus olhos verdes…
São dois faróis
a esconder abismos…
Tufões que varrem
a Paz, e doce calma…
…Será que a volto a ter?!...
O meu olhar a divagar um dia,
levou minha alma
em sua companhia…
Encontraram teus olhos,
dois verdes luzeiros…
Quais luzes de estrelas,
brilharam para mim…
E ali, extática, fiquei!
Presos no raio verde
desse olhar,
meus olhos deixei ficar…
E a minha alma, coração e pensar,
senti fugir,
e meu ser abandonar…
Sorveu-os esse abismo tão profundo
da cor do mar sem fundo,
da cor da esperança,
cor que faz sonhar…
Sorveu-os esse abismo:
- O teu olhar!...
BEIJO GRANDE MEU...


sábado, junho 10, 2006

O sonho e a borboleta...

É madrugada… sinto-me invadida por sensações que me percorrem todo o corpo…
...como ondas, que vêm, que rolam...que crescem...
... e meus seios intumescem...
Toques suaves... como borboletas em seu pouso de flores...
...percorrem minha pele…
Um morno e saboroso calor, acorda os meus sentidos…
...não sei se sonho, mas tudo me parece tão real!
Sinto que me acariciam...
...nascem sensações que explodem em cores e luzes...
...que me envolvem, num sobe e desce...
Já não sou mais eu... e sim, um turbilhão de prazer,
que me conduz ao momento em que me vejo acordada e a pensar...
Terá sido um sonho?
Ou terei sido tomada, possuída até o êxtase, pelas carícias de uma borboleta?
BEIJO MEU
Este texto é a adaptação de um poema, enviado por
esta mão amiga

quarta-feira, junho 07, 2006

Esta noite...


Poderia falar de ti a noite inteira
por entre as ondas
que se afastam...
Diria da manhã clara
a renascer contigo,
esta breve e simples crispação,
de um gesto que não se alcança.
Quebras-te ao longe,
como o Mar...
A minha voz,
não tem força para te negar,
nem primaveras
redentoras nos lábios.
Querer dizer tudo,
antes que tudo se termine.
Palavras sem nexo,
quaisquer palavras,
com a força deste desejar-te!
Guardo um resto
de madrugadas frias
a circular em minhas veias,
que abraçam as raízes das palavras.
Mãos cheias de gestos antigos
que semearei de novo!
Hoje as palavras
pesaram mais
que todos os silêncios,
mas diria que
sempre o Amor existiu...
Lá no fundo dos teus
e dos meus olhos...
AMO-TE ! BEIJO ENORME

domingo, junho 04, 2006

Hoje vou viajar...


Hoje a manhã está bonita como a face da Esperança…
Abro a minha porta, e saio para a rua…
Hoje, vou de viagem, pelo Céu e pelo Mundo…
Vou por estradas e caminhos,
colinas, colunas, jardins,
rosas e espumas…
Vou escalar montanhas,
subir as escadas do Ser…
Até já, meu Amor, sem pressa!...
Por aqui há pessoas importantes,
mas eu, vou viajar...
É bom… e dá prestígio!
Sei que ficarás à espera da notícia breve
que em todos nós amadurece:
A Coragem desenha-se na face
de todas as crianças - e Cresce!
Lá fora está um dia lindo,
viajar é bom,
e fica na nossa biografia...
Saudade do teu brilho de Menino... MUITOS BEIJOS!

quinta-feira, junho 01, 2006

DA PARTE DA PRINCESA MORTA, leitura de Junho

Da escritora e jornalista Kénizé Mourad, este livro, conta a história de sua mãe. Inicia-se em 1918 na corte do último sultão do Império Otomano. Selma tem sete anos quando este Império que fez tremer toda a Europa se desmorona, e tem de abandonar Istambul.
A família imperial refugia-se no Líbano e Selma que perde ao mesmo tempo o pai e o país, cresce em Beirute onde encontra o seu primeiro amor. Mais tarde aceita casar com um rajá indiano que nunca tinha visto, e vai para a Índia onde conhece o fausto dos marajás, os últimos dias do Império Britânico e a luta pela independência travada por Ghandhi.
Tal como no Líbano, aqui será sempre vista como “a estrangeira” e rejeitada pelo povo a quem já se afeiçoara. Foge para Paris, e encontra finalmente um verdadeiro amor. A guerra separa-os, e Selma morre na miséria com 29 anos, depois de ter dado à luz uma filha, a autora deste livro.
Este romance foi lançado em Paris, foi traduzido em várias línguas e em 1998 ganhou o prémio literário da revista ELLE.


O sol poente doura a água das fontes. Estendida sobre o branco mármore, Selma saboreia os primeiros momentos de frescura. As aias já não a vêm incomodar neste jardim interior, o último depois do pátio das mulheres. Fez dele o seu santuário. È aqui que sonha, chora e escreve à mãe cartas em que fala da sua felicidade.
Hoje faz já dois meses que casou… só dois meses!... Angustiada, reergue-se e pergunta subitamente a si própria o que está ali a fazer, o que faz da sua vida… Chás e mais chás, multidões de mulheres gentis a quem nada tem a dizer, o sorriso de Zhara, os desafios da rani, e depois… Amir. Amir de dia, Amir de noite, o sedutor rajá, o perfeito cavalheiro ocupado com a política e com a gestão do seu Estado, e este grande corpo escuro, silencioso, ávido e indiferente. Depois do choque da primeira noite, Selma habituou-se. A horrível palavra… mas que pode ela fazer se o seu marido é surdo, mudo e cego?
Passos nas lajes. Quem se atreve?
- Ah, Zeynel! Meu bom Zeynel, porquê esse ar triste?
- Preocupações, princesa. A sultana está só em Beirute e a sua saúde…
Pobre Zeynel como se aflige! Annedjim tem duas calfas que a acompanham dia e noite, mas é verdade que, desde que adoeceu, ela se tornou como sua filha. A jovem não resiste ao prazer de o irritar.
-Queres abandonar-me? Já não gostas da tua Selma?
Ele cora e morde os lábios. Selma arrepende-se logo.
-Então? Estava a brincar. Também eu creio que deves regressar a Beirute. Ficarei mais tranquila sabendo-te junto da minha mãe.
Zeynel fita-a. Parece desesperado.
- E vós princesa?
-Eu como? Velho presunçoso! Julgas-te pois indispensável?
Tem um riso forçado. – Não vês como me acompanham, como me mimam? Dirás a Annedjim que sou uma esposa feliz.
Zeynel tem os olhos marejados de lágrimas – Prometei-me ao menos que, se algo correr mal me avisareis. Voltarei imediatamente.
-Prometo. Mas pára de atormentar-me ou ainda me zango. E quando eu me zango… Oh, Zeynel, lembras-te dos meus ataques de fúria quando era pequena? Dizias que o meu nariz crescia e ficava parecida com o sultão Abdul Hamid… Era remédio santo: eu acalmava-me… Anda e senta-te ao pé de mim e diz-me:crês que um dia voltaremos a ver Istambul?
Ele cala-se sabendo que Selma não espera resposta, que apenas precisa de partilhar as suas recordações. Ele é o seu único vínculo com o passado, por isso lhe irá fazer falta, talvez por isso seja melhor partir.
- Ia-me esquecendo: madame Ghazavi quer falar-vos
- Quer ir embora? Faz bem, não tem nada a fazer aqui.
A libanesa acabou por maçar Selma com as suas críticas, os seus perpétuos queixumes. E anda amuada desde que Zahra a repreendeu severamente, acusando-a de semear a discórdia. No fundo, Selma prefere ficar só. A sua vida agora é aqui. Deixa a saudade para os fracos e imbecis. Quer lutar. Há tanto a fazer neste país, tanto a fazer por este povo. Que importa a rani Aziza! A actual rani é ela.

DA PARTE DA PRINCESA MORTA, Kenizé Mourad, tradução de Maria Bragança, ASA Editores II, S.A., Porto, Novembro de 1999.
BEIJOS