sábado, fevereiro 28, 2009

Firmin, leitura de Março

O romance de estreia de Sam Savage tem como protagonista e narrador Firmin. Quis o acaso que ele nascesse na cave da Pembroke Books, uma livraria de Boston nos anos 60. A sua mãe uma ratazana alcoólica fez o ninho em folhas arrancadas de Finnegans Wake, de James Joyce. Firmin o mais fraco da ninhada de 13, que disputavam as 12 tetas da mãe, desde cedo que devora livros, ao principio no sentido literal pois prefere devorar os livros da livraria a acompanhar a família na procura de comida mas mais tarde no literário, pois aprende a ler e torna-se um leitor ávido e requintado. Contudo, um rato culto é um rato solitário e enquanto Firmin aperfeiçoa a sua fome insaciável pelos livros, a sua emoção e os seus medos tornam-se humanos. Marginalizado pela família, procura a amizade do livreiro, e depois de um escritor fracassado, mas não consegue falar nem comunicar mesmo depois de aprender a linguagem gestual. Tudo o que ele queria era poder amar Ginger Rogers e sonhava ser o próprio Fred Astaire: ter a sua cintura fina, as pernas compridas e um queixo que parecesse "o bico de uma bota". No entanto, quando se olhava ao espelho, o que via era um ser sem queixo, peludo e minúsculo: ou seja, um rato. Firmin é um ser humano em todos os aspectos, excepto no físico – diz-nos Savage – É um humano preso num corpo de rato, e essa é a sua tragédia. Será a história de um rato que imagina ser um homem, ou a história de um homem que imagina que é um rato? É claro que Firmin é as duas coisas, e foi a minha última e apaixonante leitura. Diz Rosa Montero "Firmin foi um acontecimento na minha vida de leitora, um desses encontros com uma personagem inesquecível. Original, com graça e profundamente comovedora, esta aguda fábula sobre a condição humana é um tiro no coração".
Sam Savage é natural da Carolina do Sul, e fez a licenciatura e o doutoramento em Filosofia na Universidade de Yale, onde leccionou por um breve período. Abandonou a docência para se dedicar a outras actividades. Trabalhou como mecânico de bicicletas, carpinteiro, pescador e impressor tipográfico. Aos 65 anos, estreia-se com Firmin, uma obra original e carismática que alcançou rapidamente um enorme sucesso nos Estados Unidos da América, Espanha, Brasil e Itália, tornando-se um símbolo da paixão pela literatura.

Firmin, Aventuras de um marginal na cidade, Sam Savage, tradução Sofia Gomes, ilustrações Fernando Krahn, Grupo Planeta, Lisboa, 1ª edição: Janeiro de 2009,
BOA LEITURA!
BEIJOS!!
Hoje, 1 de Março o blog da minha amiga de sempre Ana Scorpio faz 3 anos!!! Vão lá dar-lhe osParabéns

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Não receio...

Esta é a minha resposta ao desafio da Ana Martins do blog Ave Sem Asas que me pediu para referir 6 factos casuais da minha vida...


NÃO RECEIO

Não receio falar
do meu passado,
ele foi a construção
do meu presente.
Nada há que ocultar
tudo está dito ou escrito,
mentir nem que por omissão
é opção de cobardes...
Frente ao mundo,
encaro-o olhos nos olhos
e afirmo-lhe:
Aqui tens uma das tuas
maravilhosas criações,
um ser humano à imagem
e semelhança
da tua própria historia...
Tranquila e consciente,
retiro-me então sorridente,
por ser um ser deste mundo
mas de lhe não pertencer.
Sei que leva muito tempo
a vir a ser a pessoa
que na vida quero ser.

O Toféu do Amigo foi-me atribuído pela minha querida amiga, Zélia do blog MUNDOAZUL! Grata te fico amiga! O Troféu do Amigo é atribuído a blogs extremamente charmosos. Estes blogueiros têm o objectivo de se achar e serem amigos e não estão interessados em se auto promover. A nossa esperança é que quando os laços desse troféu são cortados ainda mais amizades sejam propagadas. Devo entregar o troféu a oito blogs que devem escolher oito outros blogs e incluir este texto junto com seu troféu. E os escolhidos são:


PARATI UM BEIJO MEU!
BEIJOS!!

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

noite estrelada...

A noite está estrelada…
Sinto falta do teu abraço
das tuas mãos quentes e sábias
de teus lábios salgados,
calados e ternos…
Falta-me teu corpo abraçado ao meu…
A noite está fria …
Sonho sentir tua pele na minha
tua boca sobre a minha
a transbordar desejo
os corpos enlaçados
num abraço eterno…
Adormecer sem deixar penetrar
um só raio de luz
entre nossos corpos
unidos num só.
BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!!

domingo, fevereiro 15, 2009

O medo do escuro...

Naquele dia não sei bem porquê, pela primeira vez senti um medo quase absurdo da escuridão. Recordo degrau a degrau as escadas que contei ao subir. Trinta degraus!
A Tátá mandou-me ao quarto para corrigir os deveres e subi a cantarolar, os trinta degraus de luzes acesas… Lá fora, a chuva também cantarolava nas caleiras rotas, e naquela pocinha do quintal onde à tarde chapinei os pés, apesar de gelada com a Ana a ralhar da cozinha:
“-Mariazinha, a menina, ainda vai ficar doente! Saia já da chuva!”
Sentei-me no velho sofá cor-de-rosa que me abraçava, com a tábua de costureira, encaixada no tronco, e que todos, pelos rabiscos que lá deixamos, usamos como prancheta, e lá me deixei ficar…
Então ouvi a Tátá:

“- Maria, é preciso tanto tempo?”
“E agora? Tenho que descer! -Ai! Tenho que descer!...”
E os pés pesavam chumbo, e as mãos crispavam-se nos braços acolhedores do “meu” sofá uterino, tão cor-de-rosa e quente! Porquê aquele medo? Pensar que quando saísse do sofá e do quarto teria de apagar a luz, e que atrás de mim restaria aquele escuro onde divisava a sombra gigantesca dos velhos móveis, e os seus sussurros…! Que pavor! E de novo:
“- Que estás a fazer Mariazinha? Estou à tua espera!”, ouvi a Tátá…
Então, galguei aqueles infindáveis trinta degraus em correria cega e louca, a cantar em altos gritos!
“Menina, que gritaria vem a ser essa? Tenha modos! Tenha maneiras!”.
Sempre que me tratava por menina, a coisa ficava feia…, e o meu cantar baixou o tom…Inventei qualquer desculpa esfarrapada que já nem lembro, se surtiu qualquer efeito, não é fácil enganar a Tátá…
Desde essa altura, seja qual for o “buraco negro” em que julgo me ir perder esbracejo e canto, canto sempre, seja de que modo for, para calar as vozes da escuridão que me envolve.
BEIJO MEU PARA TI!!
BEIJOS!!!

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

como uma árvore...

Uma carícia na alma
com um só olhar,
um poema esboçado
num sorriso espontâneo.
Como uma maré alta
cheia de vida... sonhos
e ternas esperanças,
vi-te quase por inteiro.
Paciente espero calada.
Sei os segredos da vida
como uma flor ou como uma águia.
E como uma árvore
de pé e frondosa
estendo os braços…
Tua grandeza o requer.
PARA TI UM BEIJO MEU!
BEIJOS!!

sábado, fevereiro 07, 2009

anos por anos...

Anos por anos que serão trepados, em escarpas de cascalho e areias... a ilusão de sonhos consumados… Prédios que se elevam rigorosos... espaços geométricos castanhos num fundo azul... A linha exacta que separa as duas cores… Aqui e ali, um verde salpicado… Do alto de duas cadeiras de esplanada um jovem casal dá as mãos e enfrenta o Mundo... Sorriem felizes para o calor que nasce entre eles... Ouve-se ao longe uma valsa... uma voz que se esconde... uma onda…que se difunde… deles vem o suave encanto da luz... do aroma... da cor... no beijo que esboçam em seus lábios…
BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

algo tem de levar-me...

Algo tem que levar-me daqui!
Janelas que voem,
um cavalo... o meu ânimo... um amigo
dos olhos cheios de luzes
ou rasos de água doce…
O zumbido de qualquer insecto
o despertador ... uma rã verde
ou rodas… rodas nos pés
para ir mais depressa…
Um cálice de Porto... um licor
bailarinos voadores de sexta à noite…
Eu realmente não sei mas...
Algo tem que levar-me daqui!
PARA TI UM BEIJO MEU!
BEIJOS!!

domingo, fevereiro 01, 2009

Juntos ao Luar de Nicholas Sparks é a minha sugestão de leitura de Fevereiro porque fala-nos de amor genuíno. John um jovem militar que visita o pai na sua licença do exército conhece ocasionalmente na praia Savannah uma jovem que se dedica ao voluntariado. No momento em que pela primeira vez contemplam juntos uma noite de lua cheia, sentem-se invadidos pela força de um amor nascente, que acaba por ganhar forma e sentido nos seus corações. Nunca a lua lhes pareceu tão bela, nem o mundo um local tão pródigo em promessas. Mas em breve, John ia regressar à Alemanha, e quando se despediram Savannah entregou-lhe uma carta em que lhe dizia que o amava, e que cada vez que ele olhasse para a lua se lembrasse dela. As longas separações a que a carreira militar de John os obriga, e o peso quase insuportável da saudade impelem Savannah a tomar uma decisão difícil que irá mudar os seus destinos para sempre, sem que o que sentem um pelo outro mudasse. John recebe uma carta de Savannah que dizia que apesar de o amar muito, durante aqueles dois anos e meio muita coisa tinha mudado, pois ela tinha-se apaixonado por outra pessoa. John nunca respondeu a esta carta, e quando volta de licença para visitar o seu pai e este morre, procura Savannah que entretanto casara e Tim, o seu marido, está internado com um melanoma sem possibilidade de pagar o tratamento. Será a John que caberá a mais amarga de todas as decisões, aquela que ditará os seus futuros de uma forma irrevogável. Num final inesperado John vende a colecção de moedas que herdara de seu pai para anonimamente pagar os tratamentos de Tim. Quando no ano seguinte volta de licença vai à noite a casa de Savannah ver se tudo correu bem. Savannah sai e olha para a lua, e aí ele sabe que tudo está bem. Por mais dolorosa que seja, a escolha certa torna-se nítida quando é o amor que nos inspira, por amarmos verdadeiramente alguém. Não sendo admiradora de Nicholas Sparks, li com avidez este seu soberbo romance.
Começa assim:
“O que significa amar verdadeiramente alguém?
Tempos houve na minha vida em que eu pensei que conhecia a resposta: significava que eu gostava mais da Savannah que de mim próprio e que iríamos passar o resto das nossas vidas juntos. Não seria preciso muito. Em certa ocasião ela disse-me que a chave da felicidade era ter sonhos concretizáveis. E que os dela não tinham nada de extraordinário. Casamento, família… o essencial. Significava ter um emprego certo, uma casa com uma vedação de estacas branca, uma carrinha ou um jipe suficientemente grande para levar os miúdos para a escola, ou ao dentista, ou aos treinos de futebol e aos recitais de piano.”
JUNTOS AO LUAR, Nicholas Sparks, tradução de Alice Rocha, EDITORIAL PRESENÇA, Lisboa Novembro de 2006 (chegou à 9ª edição em Dezembro do mesmo ano).
BOA LEITURA!!
BEIJOS!!!