Esta saudade vem do tempo em que as casas não eram prédios… e os limoeiros e as camélias rosas, brancas e carmim enchiam os quintais… Vem da minha casa de garota, da minha casa da rua da Alegria… De quando eu brincava com os meninos descalços da “ilha” do outro lado da rua… com bolas de meias velhas e bonecas de trapo vestidas de chita...
Do tempo em que depois de uma grande caminhada pela serra de Valongo me banhava nas águas do Ferreira lá na Ínsua, onde aprendi a boiar, sempre à espreita, com medo de ser sugada pelo remoinho da fraga…
Deve vir da seiva brilhante dos velhos passos, em que voltei carregada aos ombros por heróis esquecidos... Esta lembrança poderia ser bela e luzidia como um vitral, uma epopeia de risos de crianças a chilrear... Vem do nada… que tudo faz inventar… com calor para todos os frios... Vem, como não viria se acaso soubesse da sua inutilidade... Vem desde que aprendi a estar só no Mundo dos sós… Só como ilha deserta rodeada de gente por todos os lados, que aspira a ser península e te lança como ponte para que sejas istmo... E se a ponte é de papelão? E se a ponte, não for ponte, mas barco de ligação que aporta a outro cais? E se o cais não for cais mas recife e o barco naufragar? E se a ilha não for ilha, e não queira ser península? Pobres dos que não guardam em si a ingenuidade das crianças e dos amantes pois nunca poderão saber que no Porto há pardais que cantam…
BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS
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