sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Rainha da noite...

Que mistérios te dominam,
rainha da noite...
Ocultas-te atrás desse véu
que ofusca a tua beleza…
Princesa da chuva
terna menina ladina
esboçada em nuvens
de açúcar…
Reflexo prodigioso
na imensidão do oceano
prolongado no infinito...
Amante crepuscular
de amanheceres eternos...
Rainha… princesa… sonho
de marinheiros...
náufragos que se perdem
na tua luz...

BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!


terça-feira, fevereiro 20, 2007

Procurei-te...

Procurei equivocada em todas as direcções… Desejava ver-te… Procurei-te em espaços abandonados pelo tempo… pelo mundo… em palavras pensadas… em versos inéditos… Procurei-te na multidão da cidade… nas paisagens que se sucediam pela janela do comboio… no sorriso de um pequeno Robin Hood… no fundo da chávena de café…. Procurei-te e não estavas… mas vi-te… Vi-te reflectido em cada paisagem… em cada sonho… no fundo das pupilas dos meus olhos…
BEIJO GRANDE PARA TI!
BEIJOS

sábado, fevereiro 17, 2007

A viagem...

Os relógios acertados atormentam o tempo… sensações tomam conta do quotidiano... Um anjo passeia pela pauta da melodia… uma lágrima desliza imperceptível pelo silêncio da alma e a conspiração dos segundos devastadores... Letargia… situação mortal de ideias... descem as colinas para o vale… e do vale as esperanças… Nada se compara ao brilho de uns olhos que nos fixam… nada paga um sorriso... Se avaliassemos um abraço só poderia ter o valor do universo...

BEIJOS

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

A um amigo...


Irmão, amigo meu… que estranho fado!
Como esta vida nos uniu assim?
Irmãos no Amor com fogo alcançado…
Irmãos na Dor que fica e não tem fim…

Que belo foi nosso destino…assim…
Desfolhar sonhos… num esperar ousado…
Procurar rosas em caminho arado.
E a ti te coube um quinhão ruim.

De dores, é feita esta cadeia forte
Que vai unindo nossa comum sorte
Em forte abraço que vence a Morte…

E sobre o manto que grilhões esconde,
Murcham saudades e martírios, onde
A estrela guia nos indica o Norte.
Esta madrugada deixou-nos um grande amigo. Por favor não me comentem. Estou de luto.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Fala-me de amor!

Fala-me,
no silêncio de teus abraços,
e transforma nosso sentimento
num diálogo amoroso
onde as carícias
das nossas mãos
escrevam uma ode
com o elixir da paixão.
Fala-me,
com essa humidade única
que produz a mistura
de nossos corpos.
Fala-me,
com o verde penetrante
do teu olhar,
onde tal bosque encantado,
me perco…
Fala-me em silêncio
mas…
Fala-me de amor!

BOM DIA DE S. VALENTIM!
BEIJOS!!



quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Hoje, Falo de saudade...

Falo de saudade ...
O eco não me responde...
A pouco e pouco,
o silêncio inunda meu caminho…
Minha alma inquieta-se…
A vida escapa-se das mãos…
Sobram desculpas,
sobram palavras,
permanecem
as lágrimas derramadas…
Eternamente juntos:
Alma... Vida... Morte...
Sonhos... Esperança...
Ausência e Ilusão!


BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS

domingo, fevereiro 04, 2007

Sussuros...


As palavras são de vento e de luz… de terra e de água…
suspiros que iluminam a semente... que germina na terra... que a água fortifica ... semente e semeador... por isso peço muito... por isso mereço mais… árvore e sombra...hoje, no meu coração há um ruído diferente... que ninguém sabe explicar e nem sei se existe...esta transição das estações do ano… esta passagem entre as flores e os últimos frios... sinto esta nostalgia de anos passados… em que sempre havia um motivo para continuar fosse qual fosse a distância...a paciência nas árvores transforma-se em milhares de aves que esvoaçam, e explodem em mil cores como fogo de artifício… asas de anjos nos reflexos cristalinos do rio… meninos que brincam às escondidas com fantasias e borboletas… disfarçados de sonhos… um duende adormecido num campo de papoilas… perdido da realidade…começa uma estação hipnótica… extravagante… que anuncia a luz de um certo despertar nas almas perdidas ou esquecidas pelo amor…apesar dos anos… das distâncias… das situações… nada mudou... uma árvore que explode em cores… uma flor…uma borboleta... uma estrela…
Por mais que os velhos deuses nos chamem homem e mulher...


BEIJO GRANDE PARA TI!
BEIJOS!

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Em Companhia do Sol, leitura de Fevereiro


Em 1512 o rei Fernando o Católico, ordena ao Duque de Alba a conquista e anexação do reino de Navarra. Os filhos mais velhos de D. João de Jasso partem do feudo familiar para combater pela causa da dinastia destronada. O mais novo, Francisco de Jasso, permanecerá no castelo e vai ser testemunha de tristes acontecimentos como o ataque a Sangüesa e as sevícias às famílias que se mantêm leais ao seu rei. Mais tarde, e por vontade de sua mãe, parte para Universidade de Paris onde é um entre os muitos estudantes do colégio de Santa Bárbara. Vive a vida de estudante universitário entre o estudo de Filosofia e Lógica, as tabernas, a amizade, as mulheres e assiste a autos de fé. Torna-se muito popular pelo seu carisma e qualidades de desportista na corrida e salto em altura. Decidirá aventurar-se numa viagem apaixonante pelo Oriente desde a Índia, passando pelo Japão e a China, guiado por um misterioso ímpeto místico e uma energia transbordante. No romance EM COMPANHIA DO SOL, Jesus Sánchez Adalid descreve com grande fidelidade a fascinante personalidade do protagonista. Tudo isso se mistura com uma delirante realidade tangível, terrena e ao mesmo tempo espiritual, que nos ilustra sobre uma das passagens mais emocionantes da nossa história, pois Francisco Xavier parte para a Índia no reinado de D. João III como núncio apostólico do papa Paulo III.
A leitura deste romance constituiu para mim uma agradável surpresa pois mais que um simples romance histórico - biográfico , é uma verdadeira viagem pelo mundo espiritual e místico da figura de S. Francisco Xavier.
“Os meus romances são uma forma de evangelização”, diz Adalid. Este escritor da Extremedura começou por ser advogado e juiz, mas aos 25 anos entrou no seminário e actualmente é a pároco de Alage, que pertence à diocese de Mérida-Badajoz. Tem vários romances publicados com grande sucesso La luz del Oriente, El Mozárabe, Félix de Lusitânia, La Tierra sin Mal, El cautivo e La sublime puerta.

“Francisco teve de aguardar algum tempo na antessala que precedia os aposentos privados do bispo. Ali nada denotava luxo, nem estava disposto para impressionar os homens, ao contrário do que era frequente encontrar nas moradas de outros dignatários eclesiásticos. O casarão do bispo de Goa tinha tectos altos e grandes janelas. Mas o mobiliário era austero e as paredes estavam decoradas com escassos quadros, em geral pouco valiosos.
Aguardava sentado num forte banco, em frente do qual havia um amplo portão de batente duplo. Pensou que seria a entrada para o escritório. Mas, de repente, abriu-se uma pequena porta a seu lado e apareceu o secretário levando pelo braço o prelado.
Francisco pôs-se de pé. O bispo de Goa era um ancião de barbas longas, completamente grisalhas, que caminhava com dificuldade apoiando-se numa bengala. Vestia o tosco hábito dos frades chamados “capuchos” e só se conhecia a sua dignidade episcopal por usar o barrete cardinalício roxo, o peitoril de prata e o anel. Olhou para Francisco com um olhar confuso e perguntou:
- Sois na verdade o núncio do Santo Papa de Roma?
- Para servir a Deus e a vós, mui ilustre senhor bispo de Goa – respondeu Francisco, ajoelhando-se.
O bispo ancião sobressaltou-se e, com grande dificuldade, ajoelhou-se diante dele enquanto exclamava:
- Eu é que vos servirei reverendíssimo senhor! Eis aqui o pobre frade franciscano João de Albuquerque, indigno servo da Santa Igreja de Nosso senhor Jesus Cristo!
Ambos tentaram beijar a mão um do outro. Esforçaram-se durante alguns momentos. O bispo quase caiu de bruços. De repente, olharam-se fixamente nos olhos. Aperceberam-se do ridículo da situação e do olhar espantado do secretário.
- Santíssimo Deus, que tontaria é esta! – suspirou o prelado ancião irrompendo num ataque de riso.
Francisco ajudou-o a levantar-se.
- Não sabia que vossa reverência era um padre capucho, senhor bispo – disse.
- Ah, nem eu esperava que o núncio papal aparecesse com uma tão pobre indumentária.
Riram-se de novo. Desde esse momento abandonaram as reverências e o protocolo; deixaram de lado os tratamentos e começaram a falar amigavelmente, como se se conhecessem e fossem amigos de longa data.”

In EM COMPANHIA DO SOL, Jesus Sánchez Adalid, tradução de Luís Cunha Pinheiro, Publicações D. Quixote, 1ª Edição, Novembro de 2006, páginas 271/272 de 342.
BEIJOS!