terça-feira, dezembro 26, 2006

Brinde para 2007!


Em silêncio os meus secretos desejos
transformam-se em fogueira
que acende cada um de meus poros
Sinto-te tocar-me no ventre
que se incendeia de desejo…
Esqueço o tempo, esqueço o espaço
esqueço o teu nome, esqueço o meu
ao sentir os teus lábios
a delinear o perfil dos meus…
Sinto teu desejo na língua
e sacio-me de teu sabor
que se mistura ao meu…
Espero o momento
de encher cada ausência
e com o teu desejo…
apagar o incêndio que me lavra…

BEIJO MEU PARA TI!

BEIJOS!

FELIZ ANO NOVO de 2007!!!!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Um Natal em Angola... III


Seu marido saiu para o quartel e levou a marmita para que o impedido trouxesse a refeição. Maria ficou em casa a desfazer as malas e a arrumar os poucos livros e as cassetes que levara. Ouviu bater à porta, abriu-a e um velho negro com um prato cheio de fruta… bananas, laranjas e mangas, estendeu-lho e disse:
“São para sinhora e minina doutor muito amigo de Malungo! Sinhora e minina precisam de fruta.” Vinha acompanhado por um jovem que não aparentava mais de 12 anos e acrescentou:
“António, meu filho, disse que quer trabalhar para sinhora e sinhora precisa, para lavar e passar a roupa e tomar conta minina Todas sinhoras tem de ter mainato Ele combina com sinhora eu vou na bic ao laranjal.”
E apesar de repetidamente afiançar ao rapazinho simpático que não precisava de ninguém para a ajudar, nada o demoveu e acabou por combinar um pagamento que mais tarde provocou polémica entre as “esposas” por ser o dobro do que recebiam os outros rapazinhos… Exprimia-se num português fluente e pediu para ler todos os jornais que Maria levara… Iam entender-se naquela temporada. Quando seu marido chegou já os três montavam no chão um dos puzzles que ele possuía. Não se mostrou admirado e disse:
“Já cá estás António? Eu bem te disse que convencias mais depressa a senhora que eu próprio…”
“António é um bom menino, o padre Zé ensinou-o a ler e ele aprende tudo enquanto o diabo esfrega um olho… Vai dar-te uma boa ajuda minha querida.”
À tardinha o céu carregou-se de nuvens e começava a chover torrencialmente. Maria encantada aspirava o aroma quente da terra molhada quando o padre Zé entrou…A porta estava sempre aberta durante o dia.
“Disse que passava por cá mais tarde e aqui estou! Já disseste alguma coisa à tua mulher ou sou eu a falar com ela?”
Maria começou a ficar intrigada e rindo perguntou:
“Mas vocês explicam-me o que se passa? Vocês combinaram tudo e estão à espera que eu colabore em quê? Que suspense!”
O padre Zé preocupado com a situação de carência que se vivia no quartel e na sanzala estava a levar em conjunto com seu marido uma campanha de vacinação e esclarecimento alimentar. O seu marido tinha o tempo muito ocupado pois deslocava-se a outros três aquartelamentos: ao Loge em coluna militar, e de avioneta ao Bembe e a outra localidade na costa que nunca aprendeu o nome, para prestar cuidados médicos. Os dois tinham pensado que nesse mês podiam contar com a ajuda de Maria nesse trabalho… António protegido do padre Zé seria o elo de ligação porque falava correctamente português e tinha o encargo de cuidar da menina enquanto Maria fizesse a consulta na sacristia da pequena capela da sanzala.
Maria olhou-os fixamente e com uma gargalhada disse:
Mereciam que eu vos ralhasse mas sabem que sou incapaz de dizer que não a um projecto desses… Fica no entanto bem claro que eu ainda não sou médica e há coisas que não me atrevo a decidir sozinha… Por isso, senhor alferes miliciano médico meu marido, tem de estar disponível para os casos que lhe enviar… É para começar amanhã?”
“Nós sabíamos que essa ia ser a resposta. Pessoalmente fico-te muito grato!” retorquiu o padre Zé. “Outro assunto, achas que a Iria tem a criança antes do Natal? O meu maior desejo é que isso aconteça para o baptizar na missa do galo! E se isso acontecer, quero-vos na missa!”
“Isso não prometo! Se já sabes assim tanto de mim, deves saber também que não sou de missas…”, respondeu Maria.
“Tudo me leva a crer que sim, que nasce por estes dias”, respondeu seu marido.
Quando se despediu Maria quis saber que nascimento era aquele tão desejado pelo padre, e ficou emocionada quando seu marido lhe contou que Iria era uma jovem negra da sanzala que engravidara de um dos soldados. Pediram ao padre Zé que os casasse e viviam na primeira casinha junto à capela da sanzala.
“Mas ele é negro também?” perguntou Maria.
“Não, é de Vila Real!” respondeu o marido.
No dia seguinte o jantar foi mais uma vez esparguete com atum, era a terceira refeição que Maria fazia no Toto e começou a perceber porque seu marido estava tão magro. Não conseguiria repetir muito mais vezes aquela ementa, bem teriam todos de comer papas Nestum, fruta e leite.
Depois de tudo arrumado seu marido disse-lhe.
“Vou até à enfermaria, parece que a Iria está com dores e tenho de a observar, se me demorar mais é porque está em trabalho de parto. Até logo!”, despediram-se com um terno beijo.
Já estava deitada quando ouviu bater à porta e alguém chamava aflito: “Senhora doutora! Senhora doutora!”
Quando abriu o soldado maqueiro com uma certa preocupação disse-lhe:
“O nosso alferes pede que a senhora doutora o vá ajudar à enfermaria porque o senhor padre Zé perdeu os sentidos e a Iria está a dar à luz!”
“É só mudar de roupa e vou, mas a menina está a dormir, e eu não a deixo aqui sozinha!”
“A senhora doutora não se preocupe, a menina vai ao meu colo e deitamo-la lá. Nem vai acordar!”
Chegados à enfermaria deitaram a menina numa caminha à entrada da sala de partos e assim que ela entrou seu marido disse-lhe:
“Vê o que se passa com o Zé! Quis assistir ao parto e desmaiou está ali deitado e eu não posso cuidar dele. A Iria está em período expulsivo e o bebé nasce a qualquer momento.”
” E tu deixaste o Zé assistir ao parto? Um parto é violento, é natural que tenha desmaiado, deve ser uma quebra de tensão e açúcar porque aqui come-se muito mal.”
As suas suspeitas confirmaram-se e depois de o reanimar o padre Zé, Maria repreendeu-o por ir assistir ao parto. Conversavam quando se ouviu o primeiro choro e ambos correram para ver o recém-nascido que era um lindo e forte rapaz de tez clara. Emocionados deram os parabéns ao pai e dirigiram-se à mãe para a felicitar também.
Em breve chegou a Ceia de Natal que foi na messe de oficiais em confraternização com os militares e as poucas mulheres e crianças que os acompanhavam. A ceia foi frugal e como única sobremesa um prato de leite creme e uma rodela de abacaxi, mas viveu-se o espírito de Natal em família alargada. Preparavam-se para seguir para a missa e Maria seu marido e a menina despediram-se e dirigiram-se para sua casa. Aí chegados, sentaram-se a ouvir música. Maria ouviu ao longe o sino da igrejinha a tocar. O padre Zé tinha-lhe pedido mais uma vez que fossem à missa pois ia celebrar o baptismo do bebé que tinha nascido há uma semana.
Maria levantou-se e disse decidida.
”Vamos à missa! O Zé faz tanta questão e mal não nos vai fazer nenhum. Ele é um padre progressista, está de castigo por aqui há mais de quatro anos pelas suas atitudes. Acabo por ser mais sectária se não for à missa… Vamos embora!”
Seu marido que tinha uma educação católica ficou satisfeito com a decisão e chegados à Igreja foram para a primeira fila.
A missa decorreu sem que Maria prestasse grande atenção até ao momento da homilia… Ouvia com atenção as palavras do padre Zé que com dotes de oratória invulgar e emocionante começou a comparar o significado de estar a baptizar uma criança nascida em teatro de guerra filha de um soldado e de uma natural que se tinham enamorado e casado. Comparava esse nascimento com o menino que nascera em Belém cerca de 2000 anos antes para que os homens vivessem em paz e unidos pelo amor fraternal. Maria olhava-o com admiração e preocupação porque no seu entusiasmo o padre estava a colocar-se em risco. Se continuasse naquele tom ia arriscar-se a ser preso e castigado como já lhe tinha acontecido noutros quartéis.
Neste momento a sua menina que fizera anos a 27 de Novembro perguntou:
“Mamã isto é uma festa?”
“Sim minha querida é uma festa!”
“Posso cantar os parabéns a você?”
“Podes sim meu amor…”
A menina da primeira fila começou a entoar alto:
“Parabéns a você…”
Nesse momento o Padre Zé que já “voava” por divagações que Maria já nem ouvia angustiada, com receio de o ver preso suspendeu a oratória, olhou-as e disse.
“Isso minha menina estamos aqui reunidos para comemorar o nascimento de Jesus, saudemo-lo pois cantando a uma sua voz… Parabéns a você!”
Maria não conseguiu conter as lágrimas quando naquela igreja perdida no mato todos festejaram o nascimento do Menino Jesus com os “Parabéns a você!”... Nesse ano foi o cântico de Natal mais apropriado à celebração do seu nascimento...





FELIZ NATAL
BEIJOS!

sábado, dezembro 16, 2006

Um Natal em Angola...II


No dia seguinte pela manhã partiram num avião militar bimotor para o Toto. Maria durante a viagem não parava de conversar sobre as sensações que o passeio da véspera lhe causara… As ruas de Luanda cheias de árvores frondosas, a praça da Maria da Fonte, a Avenida Marginal, a Ínsua onde tinham jantado camarão e sua filha repetia:
“Descasca outro bicho desses para mim que eu gosto, Mamã!”
Aquele mar! O passeio pela praia à noite com o mar pelos joelhos e a água como caldo… E as pessoas… o colorido, os sorrisos, as gargalhadas e os bebés tão lindos. Seguramente África tinha uma magia que a encantava, que a seduzia, que a prendia!
Com cuidado seu marido advertiu-a:
"Maria! O quartel fica no meio do mato, num velho hotel de caçadores, rodeado de arame farpado, e tem uma sanzala anexa…Fica a 3km de uma base aérea distância que vamos percorrer por uma “picada”no meio da savana, de jipe … Não te iludas!"
Maria não pôde deixar de sorrir enquanto pensava que seu marido sempre receou a sua capacidade de “voar” em pensamento e estava a pintar-lhe o quadro com as cores mais negras para que não se desiludisse…
Aterraram na Base aérea onde um jipe os esperava e seguiram pela “picada” poeirenta, ladeada por verdes e finas plantas cerradas como muros. Ao longe avistavam-se montanhas e numa colina próxima um edifício cor-de-rosa rodeado de arame farpado chamou-lhe a atenção
“Isto é grandioso! Que perfume! Isto são canas? Aqui há animais selvagens? O que é aquele casarão?”
“ Isso é capim! O quartel! Estamos a chegar!”
A “picada” desembocava num largo cruzado por uma rua larga de terra batida e na sua extremidade Oeste ficava o quartel que lhe pareceu frágil e desprotegido. Na outra extremidade do lado Este numa outra colina avistavam-se uma série de cubatas e entre eles duas filas de casinhas térreas com uma porta e duas janelas. Ao longe do lado Sul e do Lado Este a imponência de verdejantes montanhas. O que mais impressionou Maria foi a magnitude do silêncio cruzado aqui e ali pelo roçar das asas de bandos de pássaros.
De cada lado do portão de madeira as guaritas de dois sentinelas e a cerca de madeira e arame farpado onde de onde em onde se viam outras guaritas.
Chegados ao quartel no grande pátio da parada apearam-se e seu marido disse-lhe.
“Vamos primeiro à messe de oficiais para te apresentar, e vamos ao meu quarto e à enfermaria para ficares a conhecer, e depois vamos para casa.”
Maria deu a mão à menina e esta apontando a G3 de um militar perguntou:
“Para que serve aquilo?”
“Para matar os mosquitos…”,
respondeu-lhe o pai.
Quando entrou na sala da messe levando sua filha pela mão notou que todos os olhares se dirigiram para elas. Sorriu com timidez. A menina muito lourinha e engraçada dirigiu-se a um dos oficiais que estava de saída apontou para a arma e perguntou:
“Tu também matas* esquitos* com isto?”
“Sim minha menina isto é para matar mosquitos, pegou-lhe ao colo e continuou, estava à tua espera sou o capelão aqui do quartel e muito amigo do papá. Sabia que vinhas hoje… Afinal és ainda mais bonita do que ele contava. E a tua mamã também.”
Maria sorriu mais desinibida porque afinal os elogios que sempre a incomodavam vinham do padre. Já sabia da grande amizade entre ele e seu marido pelo o que este lhe contava nas cartas. Percebeu que embora nunca se tivessem visto ela já o conhecia pelas descrições e ele facilmente a reconheceria a ela e a sua filha pois seu marido tinha na parede de seu quarto um enorme poste com a foto das duas.
“Tenho que sair, vou à sanzala! Logo quero conversar convosco. Passo lá por casa… Até logo!”
Depois das apresentações e dos cumprimentos com conversa de circunstância o major comandante do aquartelamento disse a Maria.
“O seu marido estava ansioso pela vossa chegada. Estou certo que a senhora doutora vai ter aqui uma boa estadia e eu e a minha mulher estamos disponíveis para lhe prestar as informações que necessitar.”
Agradeceu com um sorriso mas para si pensou que poucas seriam as dúvidas que teria de esclarecer com aqueles dois.
Fez uma breve visita ao quartel e à enfermaria e foram até uma das casas que tinha visto à entrada.
A casa, de chão de cimento vermelho tinha um quarto de casal, uma sala com um divã sofá e uma pequena casa de banho de chuveiro, sanita e lavatório.
Finalmente juntos e sós, Maria abraçou seu marido e exclamou:
“Vou gostar de aqui estar contigo. Não te preocupes com as instalações. O fundamental é estarmos aqui os três! Como é com as refeições? Fazemos aqui ou vamos à messe? Eu preferia que as fizéssemos aqui!”
“Já pensei nisso e já providenciei a comprar esta marmita para se ir buscar as refeições à messe. Não quero que te preocupes a pensar em cozinhar, até porque não sei bem o que possas cozinhar… Desde há um mês que as nossas refeições são esparguete com atum de conserva, o MVL foi cortado e não temos arroz, e há muito pouco açúcar, as batatas estão a ser guardadas para o Natal. Já me abasteci com uma lata de Nido das grandes e uma embalagem de papas Nestum para a menina. Estou a ficar preocupado, porque os soldados ainda comem pior… Posso dizer que se está a viver um período de verdadeira fome…”


(continua)

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Um Natal em Angola...


Sentada no avião que partiu de Lisboa às 24 e 20 do dia 14 de Dezembro Maria acariciou a filha, sorriu-lhe e abraçou-a enquanto lhe apertava o cinto. Tinham a viagem planeada para a semana de Natal mas aquelas eleições de Outubro de 1973 e as sucessivas prisões de amigos próximos anteciparam-na... Fora só o tempo de preparar algumas roupas de Verão, arrumar a casa e tratar da transferência para a Universidade de Lourenço Marques que nem sequer sabia se lhe fora concedida… Decidiu fazê-lo porque não podia correr o risco de uma possível prisão por actividades como opositora ao regime, e contava com a ajuda de sua mãe que lá residia. Nada mais desejava que cair nos braços do marido que não via desde que fora mobilizado para Angola em Maio… mas a sua vida iria mudar radicalmente e só agora descobrira os laços que a ligavam ao Porto… Na sua última carta antes da partida dizia-lhe:
“… penso não ter esquecido nada, fiz os possíveis por isso! Mas se como é “habitual” eu me tiver esquecido, não me ralhes! Estou preocupada com receio que a viagem seja cancelada, com medo da viagem em si, com medo de ter saudades do que deixo, enfim preciso de um marido meigo, muito terno, muito amigo quando aí chegar. Faltam só 4 dias para te abraçar! Quero-te!”
A menina perguntou: - Vamos no “vião” ver o”catel” onde o papá está peso?
-Vamos minha querida, mas tens de dormir…Encosta – te à mamã…
Quando a porta se abriu e chegou às escadas Maria teve a sensação de entrar numa panela de pressão e rapidamente despiu o casaco que em Portugal lhe parecia fresco… Inclinou-se para a sua menina para lhe desapertar a camisa e nessa altura a criança muito pálida inclinou-se e vomitou enquanto exclamava: - Está tanto calor mamã!
Ajudada pelo comissário de bordo limpou-lhe a carinha e refrescou-a. Na varanda do aeroporto o seu marido acenava e Maria e sua filha emocionadas acenavam também… Já pouco tardava para se abraçarem e beijarem. Depois de recolhida a bagagem, na sala de espera caíram nos braços um do outro em lágrimas enquanto Maria repetia
-Que saudades! Estás tão magro meu querido!
Esperava-as num cabriolet alugado e durante a viagem até ao Hotel Central na Praça do Pelourinho, Maria não se cansava de repetir que necessitava de um bom banho para poder maravilhar-se com a cidade que já a encantava.
“-Este perfume! Que árvore é aquela? Tantas flores! Olha a baía! Olha o mar que azul!”
Depois do banho e de trocarem de roupa entre abraços e beijos saíram para conhecer Luanda numa primeira volta a pé, era necessário ir ao banco trocar algum do dinheiro que Maria levava…
-Estranho!? Mas aqui não circula o escudo? Tu não estás mobilizado como Alferes Miliciano Médico ao serviço de Portugal?
- Minha querida a moeda aqui é outra e em Moçambique outra ainda, embora sejam escudos… e não faças perguntas Maria… contem-te por favor… sabes que fui mobilizado pelas tuas actividades na Associação Académica… Maria é um favor que te peço, contem-te!
Maria sorriu e beijou-o enquanto exclamava:
-Vou fazer os possíveis mas tu sabes que às vezes me é muito difícil passar indiferente ao que não compreendo… Mas prometo ter cuidado com o que digo… Toma lá um beijo…
Enquanto percorriam a baixa de Luanda Maria não parava de admirar o colorido das roupas das mulheres, o sorriso aberto e franco das mesmas a doçura dos rostinhos dos bebés que transportavam nas costas e embora ele estivesse com alguma pressa fez parar o marido um sem número de vezes… Numa delas uma velha e sorridente vendedora preta vendia um colorido fruto em tons de vermelho com um aroma intenso e doce que transportava num alguidar de lata… Num português arrevesado perguntou-lhe:
-Senhora queres comprar? É doce e não tem fios…
Maria não conhecia o fruto mas o seu aroma era tentador e não resistiu a pedir a seu marido para parar, que lhe respondeu:
-É manga, não presta… tem muitos fios e não vais gostar…
Foi irresistível a gargalhada que a velha e simpática vendedora deu nesse momento enquanto dizia.
“- Xi patrão sinhora não sabe o que é manga? Dá esta a ela para provar que sou eu que dou!”
Maria pegou no fruto comovida enquanto a velha vendedora lhe estendeu outro fruto enquanto dizia:
“-Esta é para a minina, sinhora… não paga não precisa pagar sinhora sou eu que dou… sinhora e minina primeira vez que prova manga!” Seus olhos encheram-se de lágrimas quando a velha vendedora recusou receber dinheiro pela sua oferta enquanto dizia…
“-Não paga sinhora Julieta fica ofendida se sinhora quer pagar! É oferta de Julieta!”
Naquele momento Maria sabia que o seu elo com aquele continente que pisava pela primeira vez tinha raízes profundas que a enchiam de emoções difíceis de explicar e transmitir. Foi com prazer que limpou a manga ao seu lenço de mão e que apesar das recomendações do marido pelo risco de diarreias chupou pela rua o saboroso fruto que a velha Julieta lhe oferecera. A menina também provava com prazer…
-Tu não gostas meu querido?
-Não! É demasiada perfumada e almiscarada… e tem muitos fios. Temos de despachar-nos que amanhã o avião para o Toto é de manhã e ainda quero mostrar-te Luanda!

…(continua)

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Sonho com a noite...

Sonho com a noite
em que as palavras tenham rosto
e o silêncio seja ocupado
pelos murmúrios da tua voz
a sussurrar que me amas...
Vivo com a intenção
de sentir o trémulo
dos meus lábios ansiosos
pelo roçar de tua boca…
Por um sorriso teu
dedicado a minha alma
espero, como também
pelo instante
de reflectir-me nos teus olhos
espelhos do meu amor…
Sonho a cada noite
com o esboço de
teu corpo junto ao meu.
Vestes meu corpo nu de amor
com a paixão das tuas carícias
embriagando os meus sentidos
com o mel da tua presença
Inflamando o desejo desmedido
por um dos teus beijos.
Desejo transbordante
do que podemos ser
amantes em holocausto de saudade
dos caminhos extraviados do amor.

Foto da tua roseira de que sou "guardiã" tirada a 7/12/2006


"Foi o tempo que passaste com a tua rosa que a tornou tão importante".
Saint-Exupéry

BEIJO MEU PARA TI! Hoje neste dia tão especial...
BEIJOS

terça-feira, dezembro 05, 2006

Vagueando pela infância...


Esta saudade vem do tempo em que as casas não eram prédios… e os limoeiros e as camélias rosas, brancas e carmim enchiam os quintais… Vem da minha casa de garota, da minha casa da rua da Alegria… De quando eu brincava com os meninos descalços da “ilha” do outro lado da rua… com bolas de meias velhas e bonecas de trapo vestidas de chita...
Do tempo em que depois de uma grande caminhada pela serra de Valongo me banhava nas águas do Ferreira lá na Ínsua, onde aprendi a boiar, sempre à espreita, com medo de ser sugada pelo remoinho da fraga…
Deve vir da seiva brilhante dos velhos passos, em que voltei carregada aos ombros por heróis esquecidos... Esta lembrança poderia ser bela e luzidia como um vitral, uma epopeia de risos de crianças a chilrear... Vem do nada… que tudo faz inventar… com calor para todos os frios... Vem, como não viria se acaso soubesse da sua inutilidade... Vem desde que aprendi a estar só no Mundo dos sós… Só como ilha deserta rodeada de gente por todos os lados, que aspira a ser península e te lança como ponte para que sejas istmo... E se a ponte é de papelão? E se a ponte, não for ponte, mas barco de ligação que aporta a outro cais? E se o cais não for cais mas recife e o barco naufragar? E se a ilha não for ilha, e não queira ser península? Pobres dos que não guardam em si a ingenuidade das crianças e dos amantes pois nunca poderão saber que no Porto há pardais que cantam…

BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS


sábado, dezembro 02, 2006

SCRIPTUM - O Manuscrito Secreto, leitura de Dezembro


Estava tudo a postos para uma memorável noite de gala. Pessoas das mais diversas cidades vieram assistir à Exposição dos Tesouros do Vaticano, no Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque Inesperadamente, quatro cavaleiros exibindo as insígnias da Ordem dos Templários invadem violentamente o interior do museu, semeando o pânico e a destruição, com um único objectivo: roubar um codificador medieval. Sean Reilly, agente do FBI, e Tess Chaykin, arqueóloga, assistem ao incidente e iniciam uma investigação com contornos perigosos, muito tensa que os faz mergulhar na história secreta dos cruzados e recuperar o último segredo dos Templários, algo que poderá vir a alterar irreversivelmente o cenário religioso de todo o mundo cristão… *Scriptum* O Manuscrito Secreto, é um thriller histórico e religioso empolgante, soberbo e inspirador. Pleno de acção, é um enredo com muitas reviravoltas cuja base assenta em enigmas, códigos secretos e uma bem arquitectada conspiração uma temática muito em voga hoje em dia. Descrições ricas, personagens bem desenvolvidas numa densidade narrativa com muito suspense articulam-se factos históricos com uma imaginação poderosa.

Raymond Khoury, original do Líbano estudou arquitectura na American University, em Beirute. Para se afastar da Guerra Civil mudou-se para Londres onde trabalhou no Banque Paribas Capital Markets. Numa viagem às Bahamas conheceu o responsável pelo desenvolvimento de guiões em Hollywood que o contratou como guionista .Foi o ponto de partida para a sua carreira cinematográfica e televisiva em Los Angeles e Londres, da qual se destaca a produção de séries na BBC. Actualmente Khoury reside em Londres com a esposa e duas filhas. Scriptum - O Manuscrito Secreto é o seu primeiro romance e tem vindo a descrever uma impressionante trajectória de sucesso na Europa e nos Estados Unidos e já foi publicado em mais de trinta países.

“Tess viu-se finalmente, no espelho comprido da casa de banho. Nunca estivera tão suja, descomposta ou pálida. Apesar de ainda ter as pernas a tremer devido à tensão, resistiu à necessidade de se sentar. Depois de tudo que acontecera hoje, se se sentasse, sabia que provavelmente durante um bom bocado não se conseguiria levantar. Sabia igualmente que o dia ainda não terminara, Reilly vinha a caminho. Ligara pouco depois de Vance se ter ido embora, e vinha aí a toda a pressa. Apesar de aparentar uma calma razoável, sabia que estava furioso com ela. E teria de lha dar umas boas justificações.
Novamente.
Só que desta vez era um pouco mais difícil. Teria de explicar a Reilly o motivo porque não voltara a confiar nele o suficiente para lhe pedir ajuda.
Olhou para a desconhecida no espelho. A loura alegre e confiante desaparecera. No lugar dela estava um farrapo, tanto física como mentalmente. As dúvidas pessoais assaltavam-lhe a mente. Recordou os acontecimentos do dia, questionando cada paso dado e admoestando-se por colocar a mãe e a filha em perigo.
Isto não é uma brincadeira, Tess. Tens que parar com isto. Tens de parar, e é já.
Enquanto se despia, sentiu a chegada das lágrimas. Resistira-lhes quando fora abraçar Kim depois de Vance se ter ido embora. Resistira a chorara nervosamente de riso quando Kim a repelira dizendo “Ugh, Mãe. Que pivete. Precisas de um bom banho.” E resistiu-lhes quando estava ao telefone com Reilly, certificando-se o tempo todo que a mãe e Kim não escutavam a conversa com ele. Por pensar nisso não se lembrava da última vez que chorara, mas neste momento, era mais forte. Sentia-se péssima tremendo tanto de medo como dos piores cenários hipotéticos que imaginara.
Para além de retirar a sujidade e o cheiro, aproveitou o duche para tomar algumas decisões. Entre elas que devia algo mais a Kim e a Eileen.
Segurança.
Ocorreu-lhe uma ideia.”
In SCRIPTUM – O Manuscrito Secreto, Raymond Khoury, Tradução de Maria Georgina Segurado, Editorial Presença, Lisboa, Abril de 2006 (pag. 167 e 168 de 388)

quinta-feira, novembro 30, 2006

1 de Dezembro! VIVA PORTUGAL!

Posted by Picasa(Castelo de Évora Monte foto de José Semelha Agosto de 2003)

Hoje publico um texto que um amigo me enviou no ano passado e que não perdeu a actualidade...


Papoila,

01/12/05 14:15:26
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Esta madrugada sonhei fazer parte de um grupo de embuçados que entraram pela noite calada no palácio de S. Bento, liquidaram e jogaram pela janela o Déficit , puseram a ferros a Duqueza da Corrupção, a regente e todo a sua corte (da qual faziam parte inesperados titulares) e estabeleceram o Quartel General da Restauração da Independência Económica Nacional com um vasto programa de reformas que contará com a participação de toda a população.
2005- 1640 = 365
Há 365 anos, provavelmente, na madrugada chuvosa, como esta inesperadamente se pôs, quarenta portugueses, fidalgos (vestidos e ataviados como os três mosqueteiros, ou como as personagens d’ “A Ronda Nocturna” do Rembrandt, o velho flamengo) com risco das suas próprias vidas, entraram à socapa no palácio do governo Castellano, tendo contado decerto com a conivência da guarda, espetaram e defenestraram o pobre Miguel de Vasconcelos, que estava em comunhão de cama e mesa e provavelmente de roupa lavada com a belíssima (seria?) Duquesa de Mântua, a regente que foi logo ali aprisionada.
Após muitas e duras escaramuças, lograram devolver a Portucale a sua problemática e sempre ameaçada independência.
Terá sido mesmo assim? Provavelmente o Mattoso, que eu não fui consultar, terá uma versão mais nuanceada e mais próxima daquilo que poderemos reconstituir da realidade que é sempre mais diversa e complexa que o mito que sobrou para a divulgação histórica.
Coitados dos quarenta fidalgos! Saberiam o que faziam? Ou teriam eles interesses que estavam a ser ameaçados pela dominação castelhana?
Se tivessem sido oportunamente saciados ter-se-iam deixado ficar quietos nos seus palácios? Ou seriam mesmo patriotas?
A verdade é que fizeram aquilo que fizeram e o rumo da história peninsular não voltou a ser o mesmo. Daí que não podemos garantir que teríamos sido mais felizes, se falaríamos castelhano ou galaico-português, se teria havido franquismo ou não, porque imaginar o que “teria sido se… “ não passa de um exercício de mera especulação futurológica.
Como já não sou completamente ingénuo não acredito que tivesse sido apenas o sentimento patriótico da população a empurrar os fidalgos para a frente. A população, ou seja, o dito Povo, é tão potencialmente corrompível como as elites governantes ou as próximas e usufrutuárias do poder. Porém as benesses que o poder pode administrar e distribuir, vão sendo filtradas pelas diferentes camadas da pirâmide social e raramente chegam à base maioritária. Mas não há perigo pois esta é passiva esparsa e desorganizada e além disso era bem domesticada pela Igreja (agora é pela televisão). Nas épocas difíceis, quando as benesses não chegam sequer às camadas intermédias começa a haver o típico mal-estar, pois estas já têm grande capacidade reivindicativa e não se deixam comer por parvas que é o que se passa agora.
No século XVII as camadas intermédias, a pequena, a média e a alta burguesia, já deviam ter alguma expressão. Mas o povo sem eira nem beira era esmagador em termos numéricos. E este vai sempre para onde o mandarem desde que quem o mande tenha reconhecida autoridade de qualquer espécie, seja de ordem terrena ou divina.
E entretanto as benesses de Castela, ocupada no seu expansionismo Católico, na luta contra Protestantismo Anglicano, nomeadamente com o esforço de Guerra contra os “orangistas” da Flandres, deviam estar a ser sugadas pelos seus grandes, e nada sobrava para os nossos…. Estavam pois criadas as condições…e zás! Aí vai disto! Pronto!
Do mesmo modo, também não acredito que na meia ilha que é Timor Leste, fossem apenas os populares a desejar a independência e a concomitante separação da gigantesca Indonésia da qual faziam parte integrante em termos geográficos (bem sei que a administração era portuguesa que sempre foi muito pouco expressiva). Não é estranho que a vocação para independência surgisse quando se descobriu petróleo no mar de Timor? Tal como nos idos do Século XVII, descobríamos o ouro do Brasil…

É tão chata a lucidez. Já não há heroísmo possível, nem ideais credíveis!
E já agora onde é que estavam os militares no 25 de Abril? É melhor nem puxar pela ponta da meada.

2005-1143 = 862
Mas a verdade é que já existimos como nação independente há quase novecentos anos…Será por acaso?
VIVA PORTUGAL!
Um beijo para comemorar a independência.
Jacques
BEIJOS!
VIVA PORTUGAL!





segunda-feira, novembro 27, 2006

Parabéns Janico! Viva 27 de Novembro!


Com as portas da alma abertas,
são maiores os sentimentos
que as ilusões…
Nascem no mar da aventura
de sonhos guardados
em castelos de areia,
à luz do sol que se apaga
no fim da azáfama diária…
Depois… leves raios de luar
filtram-se grão a grão...
Para onde vão
os suspiros da alma?

Partem para a imaginação
que vive de sonhos
completados de realidade...
Revivem ao sabor da maré
e fazem desse
breve castelo de areia

algo tão belo
como uma rosa
que se move
com a suave brisa
da alvorada…

PARABÉNS MINHA FILHA! UM GRANDE BEIJO MEU!

quarta-feira, novembro 22, 2006

Se eu fosse bela...


Se eu fosse bela…
Diria a meu amado:
Olha para mim… Eu sou aquela
estátua de alabastro com seios de cetim
que a tua fantasia criou…moldou…
e te esperou…
Vem! Transforma o mármore
em carne palpitante
tal como Prometeu
glorioso… amante…
Lavra-o de tuas mãos divinas… milagrosas…
Da epiderme pétrea nascerão rosas
de minha seiva entumecidas…
Sexo em botão que abrirei
a teu falo erecto e duro
o Sol do teu amor…
E esperarei comovida
o teu caminho… o nosso…
Ó meu amor… meu Rei!
Abriremos os braços para a Vida!

BEIJO MEU PARA TI (com saudades)...

BEIJOS!

segunda-feira, novembro 20, 2006

Das minhas manias...

Sobre os meus hábitos... ou... das minhas manias...

Desafiada pelo meu amigo Jorge do blog O SINO DA ALDEIA e porque o seu lema é "avisar é preciso"... entrei neste jogo…

AS REGRAS

"Cada bloguista participante tem de enumerar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que o diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do *recrutamento*. Além disso, cada participante deve reproduzir este regulamento no seu blogue."

Vamos lá a cinco manias minhas... A lista é tão vasta que a escolha é o mais difícil…

Estou na "berlinda", porque:

1- Tenho pavor a gafanhotos saltam, e têm a mania de se juntar em pragas...Já saí de um automóvel descapotável aos gritos por causa de um pequeno gafanhoto que me saltou para o regaço entre Castelo Branco e Fundão. Fui assistida por duas senhoras que vendiam cerejas, que devem ter ficado com sérias dúvidas em relação à minha sanidade mental.

2- Tenho pânico de viagens de avião...tomo dois tranquilizantes e durmo até aterrar… (Não há "camisas de força" disponíveis nos aviões em que costumo viajar...) Estou em pânico e mais ou menos intratável nos quinze dias que antecedem a viagem… O medo estende-se aos familiares que viajam…

3- Costumo falar alto pelos corredores do Centro de Saúde ou na rua sozinha...se alguém me pergunta o que se passa, respondo que é pessoal...

4- Passo mais de 20 minutos à procura das chaves do carro para as encontrar sempre onde imaginava que elas estavam guardadas...

5- Gosto de passear junto ao mar para acalmar as manias... e apanhar pedras e conchas onde quer que vá que guardo depois, por toda a casa...


E porque todos somos diferentes... uns, mais que outros... vou participar neste concurso:





As regras determinam que desafie cinco bloggers... e os escolhidos são:

Ana S.

Gatinhos Voadores (Arodla)

Soslayo

Instantes de um Louco

COURA: magazine

BEIJOS!!!






sexta-feira, novembro 17, 2006

Danças um tango?

O amor se enamora
vestido de seda e sonhos
bordados a fio de ouro
com emoção engalanada
de valentia e garbo
entregando o corpo
ao ritmo alucinado
da vida diária...
Investindo inteiro...!
Sem reparar no engano,
e no carácter embravecido
da paixão contida...
Traje de gala, vestido para festa
como os bailarinos
no ir e vir da dança
ao som dum tango
brindando vida e morte…
Abre a porta grande e festeja
as ilusões de desejos conquistados
a corações roubados
na luta por viver
na meta de triunfar.
UM BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS

terça-feira, novembro 14, 2006

Manifesto! (de uma prostituta)


A quem interessa
a saudade de minha alma
se a sombra de meus passos se perdeu
deixando-me abandonada
à ilusão da manhã
e à futilidade de novo dia…
Certa que o céu se cobrirá
de vermelhos matizados
tal qual meus braços
que derramam a seiva
da própria vida.
Qual o papel desta existência
carregada de dolorosas perdas,
alimentada pela mediocridade
ininterrupta de gestos
presos pelo preço
da liberdade insegura
de passos no vazio...
Dispara directo
sem medo do inferno
sem vacilar sequer
no valor da minha vida
massacrada pela ignominia!
Moedas de prata
que trocam minha alma
pela pobreza insensível
do desamor...
Vendo meu corpo e minha alma,
sem remorsos nem regateios,
a quem aceite caminhos desviados
abraços frustrados e beijos esquecidos.
Nem uma lágrima mais
derramarei por vós…
A minha voz se calará
e de meu corpo apagarei as carícias...
Ao entregar minha alma e meu corpo
deixei cair as asas do meu voo de mulher
tornando-me escrava e
amante de paixões reprimidas...

Homenagem a minha mãe que iniciou a sua vida profissional de enfermeira parteira na prestação de cuidados a prostitutas. Tem também a intenção de nos fazer reflectir na polémica discussão sobre a legalização da prostituição.
BEIJOS!

domingo, novembro 12, 2006

Parabéns Mãmã! Viva 12 de Novembro!



Hoje não vou lembrar aquele dia de Maio, tinha eu 10 anos, que te acenei com um lenço em Campanhã enquanto o "rápido" se afastava por entre a névoa dos meus olhos, e te fui deixando de ver… Partias para Moçambique e só voltei a ver-te nas tuas primeiras férias quando fiz 18 anos.
Não vou falar da corrida à caixa do correio para ver se tinha carta tua, nem vou contar do que sentia todas as vezes que abria as fitas dos maços de cartas guardadas na “tua” caixa de papelão para sentir o teu perfume…
Também não vou falar da emoção com que juntas vivemos o 25 de Abril na tua casa do PH-9 no Bairro da Coop agarradas ao rádio para ouvir as notícias de Portugal.
Hoje vou lembrar aquele colóquio com Álvaro Cunhal em Maputo, em Junho de 1975 numa sala repleta de cooperantes, em que nos contava as suas emoções à chegada a Portugal, os feitos heróicos dos camaradas presos, as suas fugas extraordinárias de Peniche e Caxias e a dada altura referiu-se àqueles que permanecendo no anonimato tinham realizado actos não menos heróicos... Escolheu o exemplo do “camarada” que sempre desejou conhecer e que tão corajosamente, porque os riscos de ser reconhecido eram muitos, tinha colocado em todos os jornais do Porto a notícia da sua prisão em 1949. Vivia na clandestinidade e fora preso numa casa clandestina no Luso.
Como explicar a emoção que senti quando ao meu lado te levantaste e disseste com a voz embargada: - Fui eu!
Então enquanto toda a assistência batia palmas com entusiasmo, correram para os braços um do outro num forte e comovido abraço.
Para todos, e a seu pedido, contaste como fora... A Elisa Bacelar tinha levado a notícia à Brasileira pois o Armando que estava preso tinha ouvido a sua voz e reconhecido. Era preciso dar a notícia, mas como? E na mesa do café tu, o meu pai, o Manuel Azevedo e o Lobão Vital delinearam uma estratégia.
- Um anúncio nos jornais! Mas como?
O Manuel Azevedo facilmente o colocava no Primeiro de Janeiro e conhecedor do meio, garantiu que a melhor hora para passar incógnito era precisamente o fim da tarde, e nada melhor que uma jovem recém casada para o fazer… Tu! E lá foste ao Comércio e ao Notícias colocar o anúncio:


Durante muito tempo não voltaste à baixa do Porto com receio de ser reconhecida, pois a PIDE depois de interrogar os funcionários que o receberam, seguiu-os durante um tempo para ver se reconheciam quem colocou a notícia.
Parabéns Mamã pela tua coragem, tantas vezes demonstrada porque a vida não te amaciou a jornada com rosas.

Que felicidade consagrar-te
dar graças pela tua vida

e ternura do teu modo,
pelo teu carinho e amor...
És uma grande amiga
companheira e ajudante.
Sem ti na verdade, não seria...
Apoias-me, amas-me e empurras-me
nesse teu caminho cheio de luz...
Minha vida, minha mãe
meus pobres e tímidos versos
coram ante a tua grandeza!

Parabéns! Um grande beijo meu!

quarta-feira, novembro 08, 2006

Esperar!


Esperar!... Esperar!... Sempre esperar!...
Será que o que espero a sorte mo quer dar?

Esperar pela andorinha
que me traz a Primavera
pedir ao Sol numa infinita espera
que me ilumine e aqueça a alma …
Esperar por alguém
que tarda, que não vem!...
Esperar atingir a meta!... e quando
sonho – sim, também vou sonhando –
esperar que em real o sonho se transforme…
Esperar!... E a vida vai passando…
Esperar!... Esperar!... Que é a vida senão
uma longa Esperança em que a vida se consome…

Quanto mais espero, então mais sinto fome,
mais sinto o frio… a noite… a solidão…

Esperar!... Esperar!... até que um dia enfim,
já nada mais espero do que esperar sem fim!
BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS

domingo, novembro 05, 2006

Sonhos de liberdade...


Adivinho sonhos de liberdade
num amor sem promessas…
Em danças de crescente
uma lua brincalhona vem iluminar
os momentos de paixão entre o mar e o céu…
Abraço-me a teu corpo templo sagrado
do Inverno a anunciar Primavera!
Artesão do amor, tecedor de sonhos
dá-me as tuas mãos e teu fulgor…
Meu corpo se abre ao amor
e desterra de ti todas as gotas de chuva
que teus olhos derramam…
Assina a tua vida numa cadeia de sonhos
que caiem de uma nuvem de algodão…
Navegar num barco de papel
não basta para recordar o ar
quando a lua minguante nos descobre
em carne viva de coração partido
para voltar a nascer outra vez
esta esperança de amor.
AMO-TE! BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS

quarta-feira, novembro 01, 2006

O Outro Pé da Sereia, leitura de Novembro


Viagens diversas cruzam-se neste romance: a de D. Gonçalo da Silveira, a de Mwadia Malunga e a de um casal de afro-americanos. O missionário português persegue o inatingível sonho de um continente convertido, a jovem Mwadia cumpre o impossível regresso à infância e os afro-americanos seguem a miragem do reencontro com um lugar encantado.
Outras personagens atravessam séculos e distâncias… O escravo Nimi, à procura das areias brancas da sua roubada origem. A própria estátua de Nossa Senhora, viajando de Goa para África, transita da religião dos céus para o sagrado das águas.
E toda uma aldeia chamada Vila Longe atravessa os territórios do sonho, para além das fronteiras da geografia e da vida.
Estas diferentes viagens entrecruzam-se no último romance de Mia Couto. Uma narrativa mágica cheia de mistério na sua escrita, verdadeira prosa poética.

António Emílio Leite Couto, de pseudónimo literário Mia Couto, nasceu na Beira a segunda cidade de Moçambique, em 5 de Julho de 1955. O seu irmão mais novo, não conseguia dizer "Emílio" e chamava-lhe Mia. Segundo o próprio autor, a utilização desta alcunha tem a ver com a sua paixão pelos gatos. Desde pequeno dizia a sua família que queria ser um deles.
Iniciou o curso de Medicina ao mesmo tempo que se iniciava no jornalismo e abandonou aquele curso para se dedicar a tempo inteiro à segunda ocupação. Foi director da Agência de Informação de Moçambique, e mais tarde tirou o curso de Biologia.
Como escritor, Mia Couto possui uma obra reconhecida internacionalmente que foi já adaptada ao cinema e ao teatro e está representada em várias antologias, tendo sido também objecto de vários estudos. A sua escrita espelha um maravilhoso universo ficcional, intensamente ligado à cultura e imaginário moçambicanos e aos mitos rurais e urbanos que, sustentados em formas de arte verbal da oralidade popular, fazem deste escritor um contador de histórias único.
O Outro Pé da Sereia, foi apresentado pelo autor em diversos localidades em Portugal no mês de Maio, no Brasil em Junho, onde foi entrevistado por vários órgãos da comunicação social e em Luanda em Julho.


“— Acabei de enterrar uma estrela!
Foi assim que o pastor Zero Madzero se anunciou junto à cama de sua esposa, Mwadia Malunga. Lá fora, espreitavam os primeiros sinais de luz. A mulher, ainda emergindo do sono, sorriu e disse:
Venha, marido, venha que eu lhe apronto um bom banho.
Olhou o homem em contraluz: parecia um fantasma, magro e sujo, carregando mais poeira que o vento do Norte. Um cheiro a queimado se espalhou na ensonada claridade do quarto.
Trouxe os burros?
Ele acenou com a cabeça, como se estivesse bêbado. Quando Mwadia se aprontava para o encaminhar por entre as penumbras, o pastor deu um passo atrás e murmurou:
Não me toque! Não me toque que tenho as mãos em fogo.
Só então a esposa reparou no brilho que emanava das mãos fechadas de Madzero. Lentamente, ele entreabriu os dedos, um por um, como se desfolhasse uma flor. Mwadia Malunga levou o braço ao rosto, incapaz de enfrentar a reverberação. A sua voz esgueirou-se num gemido:
Meu marido, me confesse: você já morreu?
— Não, tudo isto vem da estrela, mulher.
— Mas qual estrela?
— A estrela que enterrei no nosso quintal.
Mwadia espreitou, receosa, pela janela. O amanhecer costumava ser um beijo no vidro de sua casa. Naquela manhã, porém, a luz era mais tensa que intensa. Foi então que ela viu a pá, espetada junto um amontoado de areia. Enterrada na vertical, cumpria o serviço de cruz em campa rasa.
Saiu para o pátio, o marido seguindo-a em passos sonâmbulos. Em redor do tambor de água, ela juntou umas tantas latas enquanto o homem se ia despindo. Tinha sido sempre assim: o pastor recusava banhar-se sozinho. Um homem fica menos macho se passeia as mãos pelo seu próprio corpo. Era essa a crença de Zero Madzero. A esposa fazia de conta que acreditava.
Desta vez, como sempre acontecia, manchas de sangue iriam sujar a água que restava do banho. Ela nunca lhe perguntou porquê. A um homem não se perguntam certas coisas. Também ela, quando saltava a lua e lhe vinham os sangues, gostava de ser guardada em silêncio. Uma esteira diferente à entrada da porta: era o que bastava para Zero saber que esses eram dias interditos.”

In “O Outro Pé da Sereia”, Mia Couto; Editorial Caminho, SA Lisboa 2006 (pag 17/18 de 382)
BEIJOS A TODOS! E UM ESPECIAL PARA TI! BOA LEITURA!

segunda-feira, outubro 30, 2006

Happy Halloween...



Na Net todas as gatas são pardas
Vinha em teu nome e abri:
era um texto desregrado
hoje, já tarde, entendi,
um desses vírus p'raí
ab-usou o teu endereço
e fez-se passar por ti
e eu, burro quanto pareço,
sem o mínimo cuidado,
vi o teu nome e abri:
devo estar contaminado!
Basta um nome de mulher
p'ra fazer baixar a guarda!
Um nome toma-o quem quer
e na Net se eu quiser
sou macho ou fêmea,
qualquer cão e gato pode ter
identidades em barda,
coberto p'la netelina posso,
ora ser ou não ser
Casanova, Columbina,
Cão de guarda, Gata parda.
Leo-Pardo

HAPPY HALLOWEEN

sexta-feira, outubro 27, 2006

Momento intimista...

Palavras… sente-as passar minha alma…
e resvalando vão… o meu sentir contando
despidas de artifícios… de jogos desnudadas
ante os casos da sorte… amargos… duros...
e minha alma em pedaços retalhando…
Porque não ficam os sentimentos mudos
se a pena não sabe os ir bem pintando?
Com desespero… ardor...desejo...
guardar e gravar no coração
mas correm até a minha mão…
Se ao menos fossem lidas por alguém
que as entendesse e lhes quisesse bem
que as inspirou ardentes e sentidas…
Mas aos ventos eu canto agora...
e o vento as leva em seu rajar… perdidas…
BEIJOS

segunda-feira, outubro 23, 2006

Tarde de chuva...

Tarde de vento…ramos a gemer...
chuva a cair… sempre… sempre…
Procuro mistérios… procuro segredos …
E volta a saudade…!
Penso... descobri qualquer coisa...
mas é só o vento e a chuva a cair…
Sempre... Sempre...!
Um raio rompe as negras nuvens da cor da fuligem...
E as poças…brilham…
Recomeço o entendimento
entre mim e memórias silenciosas
fosforescentes como pirilampos…
Velhos passos que pisei,
com meus pés raízes,
que me ligam à terra…
BEIJOS
BEIJO MEU, PARA TI!

sexta-feira, outubro 20, 2006

Sol de Outono...


Um sol poente enrubescido sou
a baixar no mar envergonhado...
O Outono a colher atarefado
de quanto a Primavera semeou…
Sacerdotes de azeviche vestidos
são meus olhos a velar seu rei…
Guardam fiéis, atentos… nunca rendidos…
os dons que tu me deste… e eu te dei…
Minha boca murmura apaixonada
sussurra… e reza hinos em teu louvor…
Resplandece de teu coração todo o calor
e sobe minha alma confortada
como incenso… em espirais de amor…

BEIJOS
PARA TI UM BEIJO ENORME

terça-feira, outubro 17, 2006

Dança de roda...

Entre nuvens perdidas
há espaços azuis

e cerrados verdes
por onde o Sol escorre
há folhas vermelhas
a brincar com o vento
em danças de roda
nos jardins desertos
dos sonhos de Outono


BEIJOS
E PARA TI UM BEIJO MEU !

sábado, outubro 14, 2006

A continuidade de cuidados...



A prestação continuada de cuidados é um elemento decisivo na prática de Medicina Familiar. O termo continuidade significa mais que duração, embora qualquer médico possa seguir um doente diabético da sua lista por mais de vinte anos… A continuidade na prática da medicina familiar significa responsabilidade para estar disponível de modo ininterrupto até ao fim para qualquer problema de saúde... O médico como é óbvio, não pode estar sempre disponível 24/ 24 horas nem pode prestar pessoalmente todos os tratamentos que o doente necessita mas é o primeiro responsável por se certificar que um substituto competente assegura a continuidade de cuidados, e deve acompanhar todos os cuidados que foram delegados num consultor, nomeadamente quando o envia aos cuidados hospitalares.
Os médicos não podem ser substituídos uns aos outros como peças de uma máquina… para o doente há uma distinção perfeita entre “o meu médico” - aquele que me conhece – e outro médico qualquer.
Muitos dos avanços da Medicina dão a ideia que o médico é realmente uma peça substituível… Nas grandes cidades com médicos de chamada, o doente pode ter de consultar um entre muitos, mas nenhum pode ter conhecimentos profundos sobre o seu estado... Quando recorre às urgências é visto por médicos que nunca o viram antes. e que com pouca probabilidade o voltarão a ver…
Estas mudanças aconteceram com o ir ao encontro da procura de serviços por parte do público… De um modo geral, o público dá mais valor à disponibilidade que à continuidade e em alguns casos os médicos de família tornaram-se tão inacessíveis aos seus doentes, muitas vezes por excesso de doentes a seu cargo, que os serviços alternativos tornam-se inevitáveis.
Não se pode culpar o publico por querer ter acesso rápido ao seu médico de família, mas para uma pessoa comum é menos óbvia a importância da prestação continuada a favor da disponibilidade... Em episódios breves de doença, um médico pode parecer tão bom como outro qualquer desde que resolva o problema... Uma mulher seguida desde o início da gravidez e que depois vai levar o seu filho às consultas de vigilância, ou uma pessoa com uma doença crónica, depressa descobrem que um médico não é igual a outro.
Para seguir continuadamente os seus doentes o médico não deve ter mais que 1500 doentes inscritos na sua lista. Esse número já foi estudado como o que melhor se adequa à prestação continuada de cuidados. Nas novas Unidades de Saúde Familiares a lista de utentes de cada médico não pode ultrapassar nunca os 1750 pacientes.
Não temos médicos de família em número suficiente para fazer a cobertura total do país... Faltam médicos de família, para atingir este ratio que é o regulamentado. As mudanças que se prevêem não passam de operações cosméticas que não resolvem os problemas de fundo do sistema de saúde...
O conhecimento do doente é um factor importante na relação médico doente. No questionário que decorreu de 24 a 30 de Setembro, dos 28 que responderam, 15 (54%) consideraram o factor mais importante nesta relação e 10 (36%) consideraram o mais importante o médico ser afável e empático, conforme o gráfico da figura ao lado.
BEIJOS A TODOS

quarta-feira, outubro 11, 2006

Fui ver o mar...


Fui ver o mar…
Fui contar-lhe nosso amor ardente...
Murmurar-lhe ternamente os mistérios,
as maravilhas... deste verbo... Amar!
Segredar-lhe as cores quentes do desejo,
o calor sincero entre dois corpos
na cumplicidade dos amantes…
Navegar!… Bom Dia!… Mar!
BEIJO GRANDE PARA TI!
BEIJOS

segunda-feira, outubro 09, 2006

A Papoila está em Festa...


Chegou a hora de fazer uma breve história deste espaço A Papoila (é a minha alcunha no meu local de trabalho)… Gosto de escrever meus pensamentos, minhas emoções que são dedicadas por inteiro aos amores da minha vida… as filhas… o neto… e a ti, meu querido… Iniciei este blog porque um dia me disseste que havia textos que te enviei por email, que consideravas lamentável perderem-se no fundo de gavetas… E depois de eu ter afirmado, “Não vou publicar nenhum livro… não merece a perda de uma árvore!” … acrescentaste…”A Internet… um blog… são um bom modo de comunicar… de partilhar…”
Com essa mensagem no pensamento, em Agosto de 2005, lancei-me nesta aventura… Comecei no Sapo com um blog sem template personalizado, sem nada entender de linguagem html, sem grandes conhecimentos de formatação de textos, a dar a conhecer os meus escritos…
Que surpresa a minha quando recebi o primeiro comentário… e fez desenvolver a comunicação … o alento para continuar esta marcha…
Por total desconhecimento da gestão do blog, apaguei-o, e comecei a refazê-lo … Com a ajuda da querida amiga Ana Luar, surgiu o meu primeiro campo de papoilas personalizado… Estou-te muito grata Ana pela tua preciosa ajuda… e por todos os bons momentos de convívio no msn…
Mais tarde, uma Rapariga Venenosa ofereceu-se para renovar o campo… Obrigada Poison Girl!
Quando o Sapo mudou para a nova plataforma, mudei de armas e bagagens para as terras de tio Sam…a 13 de Março, já lá vão quase 7 meses, na sempre diligente e amiga companhia de Ana Scorpion, que tem sido incansável na ajuda ao embelezamento do campo… e até na correcção de alguns erros desta Papoila distraída… Obrigada pela tua paciência, pelos teus ensinamentos, pela tua companhia, pelo teu constante humor… (este principalmente, que nos faz rir até às lágrimas) ...
Este blog tem 66 textos e 2388 comentários o que corresponde a uma média de 36 comentários por texto. A média de visitas é de 60 por dia.
A todos vós que me visitam aqui fica o meu agradecimento… e um abraço ao meu primeiro leitor e comentador o meu querido amigo Carlos ...
Do fundo do meu coração vos agradeço! Este espaço que é meu e vosso, está em FESTA!
BEM HAJAM!

domingo, outubro 08, 2006

Parabéns Bigi! Viva 8 de Outubro!

VIVA O DIA 8 de Outubro...! PARABÉNS BIGI!
Menino doutor… dos olhos profundos de quem sabe um Mundo... faz hoje 14 anos que a vóvó entrou em fúria na Maternidade Júlio Dinis por a não terem avisado na hora em que nasceu … nasceu ao raiar do dia…pouco passava da meia noite… o médico que assistiu a mamã que conhecia bem a vóvó… não a avisou por a não querer a sair disparada a alta velocidade pela auto-estrada… sabe como é quando tenho pressa… Quando meus olhos poisaram no berço em que dormia exclamei -- É o bebé mais bonito desta enfermaria!… (era verdade mas não devia ter sido dito…) Peguei-lhe ao colo e o menino espreguiçou-se e sorriu… estávamos apresentados…!
Depois foram as passeatas de automóvel a ouvir Mozart com o pezinho a bater o compasso… as idas ao cinema… o primeiro filme que vimos … Um Porquinho Chamado Babe… (aquele que queria ser cão…) as visitas a casa da tia Lena a quem o menino afirmou que na sua testa tem um olho que vê… o Halley aquela estrela como a do presépio… que tem uma cauda e se chama cometa… a entrada na escola e a fotografia que foi tirar com gravata… as brincadeiras… (correr de gatas a casa de Penafiel a fazer de lobo atrás de si)… as gargalhadas… e os segredos… ( como são segredos não se podem aqui contar…) olhar encantados o arco-íris… um ninho de andorinhas… o Pai Natal com o trenó e as renas … dar cambalhotas na praia... fazer subir papagaios de papel...
As férias que passamos juntos… a cumplicidade que há entre nós… as conversas pelo MSN… sobre tudo... e também de blogs … levantar de madrugada para ver Marte… à procura dos pontos cardeais sem bússola… até o Pi nos dizer que era mentira...
PARABÉNS !
UM ABRAÇO MUITO APERTADO!
BEIJOS

sexta-feira, outubro 06, 2006

África minha...

Em ondas sensuais… enfeitiçados
Contra o céu salpicado com novelos
De nuvens de ouro... e toques anilados...
Dançam negros corpos... sensuais e belos!

Ao vento o palmar geme indolente...
Lá longe tocam marimbas e tambores
Na brisa da madrugada quente
Misturam-se gemidos… e suores ...

Verdes colinas… savanas… cambiantes
Rios que levam manso a água abençoada
Ou pulam alcantis… a ecoar... troantes...

Eu te saúdo África ó terra de eleição
Do aroma quente da terra mãe molhada
Num cântico de amor…num halo de emoção!

BEIJO GRANDE PARA TI
BEIJOS

terça-feira, outubro 03, 2006

Ausência / Presença

Não chego a perceber a tua ausência
em tudo te contemplo enamorada
na natureza não existe nada
em que não vivas
em que não sinta
tua presença
teu ser
tua existência…
Estás na sombra fina
que me segue os passos
e na noite… mil figuras toma…
Estás na névoa fina matutina
que pelos espaços
flutua… dança…
e a espreitar-me…
na janela assoma.
BEIJO MEU PARA TI !
BEIJOS!

sábado, setembro 30, 2006

A Promessa do Anjo, leitura de Outubro...


A Promessa do Anjo é fruto de um trabalho de três anos, escrito por dois autores franceses apaixonados pelo Mont-Saint-Michel... Frédéric Lenoir, 42 anos, editor, filósofo, sociólogo das religiões, jornalista e escritor, autor de vários ensaios e Violette Cabesos, 35 anos, escritora. A Promessa do Anjo é a segunda experiência na área do romance para ambos. Eles próprios, o definem como um romance histórico, uma aventura, uma história de amor.
Foi merecedora do prestigioso «Prix des Maisons de la Presse 2004» e manteve-se durante quase um ano sem interrupção nos tops em França.
Uma rocha na costa da Normandia açoitada pelas tempestades, um lugar de cultos primitivos celtas que foi santificado pelos primeiros cristãos: o Mont-Saint-Michel, ainda não revelou todos os seus segredos… No início do século XI, os construtores de catedrais ergueram em honra do arcanjo S. Miguel, guia das almas ao Além, uma enorme abadia.
Mil anos mais tarde, a Johanna uma jovem arqueóloga apaixonada pela Idade Média, é entregue a missão de levar a cabo escavações na célebre abadia beneditina e encontra-se prisioneira de um enigma no qual passado e presente se unem de forma estranha.
Mortes rituais, segredos milenares, amores proibidos do passado que renascem no presente…. Johanna tem de percorrer um caminho de volta ao passado, que a situa perante uma história que perdurou no tempo à espera do desenlace final, pois nos seus sonhos desde a infância uma voz repetidamente lhe diz: "Ad accedendum ad caelum, terram fodere opportet" (Há que escavar na terra para aceder ao céu).
Muito bem escrito, este romance constituiu para mim uma leitura empolgante...

“Johanna sorriu-lhe. Simon era irresistível.
- O que compreendo é que tu és um terno sonhador que se interessa por histórias, ao passo que eu tento descodificar a história. Não temos a mesma profissão, é tudo.
- Mas sabes – retomou ele, animando-se como um miúdo - , na minha loja invento frequentemente aventuras fantásticas para os objectos que vendo. Não minto acerca do facto de pertencerem ao passado; apenas enriqueço um pouco esse passado, e as pessoas adoram isso: comprar não só um objecto mas também a história desse objecto. Invento tempestades, naufrágios, voltas ao mundo, tesouros. Os clientes sabem muito bem que os que lhes conto não é verdade, mas têm grande prazer em escutar-me…e viajam…
- Simon, erraste na vocação! Devias ter sido romancista!
- Pois bem, fica a saber que já comecei a escrever um romance. Talvez te leia algumas páginas um dia…
- Um romance de amor?
- Claro – respondeu ele, acariciando-lhe a orelha - ,mas que, infelizmente nunca alcançará a força mítica da fábula de Frei Romão…
- Simon - disse Johanna pegando-lhe na mão - , compreendo a tua visão das coisas, acho-a sedutora, mas não a partilho totalmente. Também experimento as emoções de que falas, mas não me agrada que me digas que se trata de uma fábula, é uma história verdadeira, e não descansarei enquanto não o provar!
O antiquário inclinou a cabeça de caracóis castanhos, com ar despeitado.
- É isso que não percebo em ti, Johanna, e que me fascina: teimas em confundir quimera com realidade… És uma verdadeira obcecada, o que é muito atraente! Digas o que disseres perante esse manuscrito, não reages como historiadora, mas como se essa história te dissesse respeito pessoalmente e encontrasse eco na tua própria história. E não é porque, um dia, estudaste o trecho do Liber tramitis escrito por Romão em Cluny; é muito mais que isso, é bem mais profundo, sinto-o… Esse monge é um dos teus antepassados ou quê?.”

In, A Promessa do Anjo – Frédéric Lenoir e Violette Cabesos, pag.255 de 440, DIFEL, Fevereiro de 2006
Boa leitura... e alimenta a minha curiosidade... vota aí ao lado... BEIJOS

terça-feira, setembro 26, 2006

Uma taça de morangos...para ti!



Hoje faço a crónica de um velho jogo... tão velho como a nossa origem... e como ele nos fascina.. Quando nesta noite meditei no meu dia… quando guardei a máscara... e reinventei o cordão umbilical que me liga ao futuro… quando estava próxima do local onde podemos abandonar os gritos que acumulamos desde há séculos… breve... a placa cinzenta de "AFIXAÇÃO PROÍBIDA" começou a gritar-me a notícia que vou dar-te... e é oficial... “AMO-TE!"…E o amor nasceu quando num toque de olhos... ligamos as corolas fechadas dos nossos receios por um rasto de pólvora... e a luz que neles brilha transformou-o em poeira cósmica… Nenhum amor é único... nenhum amor é total... mas quando um amor desenha o ponto de encontro da latitude com a longitude... não haverá ausência... distância... silêncio... ou estrela cadente, que lhe altere a rota...
Não podemos passar ao lado da vida... estamos vivos... e em cada célula marcados pelo desejo da descoberta que nos fascina…
Preciso ver-te! Necessito estar a teu lado por instante que seja... Quero ouvir-te, e falar-te... QUERO-TE!
Acredito visceralmente na possibilidade infinita da partilha… AMO-TE!...tão simples quanto escrevê-lo!...Teimosamente, uma esperança telegrafa-me mensagens no silêncio... abre em mim novas gavetas... coloca em mim ficheiros virgens para a vida... Esta taça de morangos não te tenta? Gostas de medronhos? Sei onde os podemos ir colher já maduros...Mais tarde... uma nova camaradagem a fundar... vai sorrir-nos da velhice das estrelas... Agora, AMO-TE! BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS

sábado, setembro 23, 2006

Momento de paixão...


“O amor é carnal até no espírito e espiritual até na carne”
Santo Agostinho

… mergulhados no fundo dos nossos olhos…os braços e as mãos deslizam…descobrem…
apertam cada vez mais nossos corpos que procuram atravessar-se um pelo outro…
as bocas… os lábios… as línguas… entregam-se sôfregas…enlaçam-se…
é a hora da libertação…inteiramente nus iniciamos uma dança de desejos e apelos…
meu sexo húmido abre-se como concha…
espera inquieto a visita de teu falo penetrante…fundo…
no subsolo dos sentidos nascem tremores de terra …
soam gemidos sincopados numa melodia comum…
Amo-te… Vem!
BEIJO GRANDE PARA TI
BEIJOS

quarta-feira, setembro 20, 2006

Nesta noite o amor chegou...



Noite cerrada… noite de luar…
a lua brincalhona a entornar
luz branca… em duche de luar…
No chão desenha círculos… arabescos
ao longe… lá nas serras… rendas finas…
Palhaços… a dançar desengonçados…
a rir… dos ramos pendurados…
No ar há uma doçura estranha que arrebata
e na exaltação de te ver partir
creio com as estrelas me fundir…
Estranho cavaleiro vagabundo
indócil, meigo, manso e desvairado
que segue seu trilho atormentado
e me transporta em êxtase infindo
para onde a vida é bênção… sonho lindo!
A noite… é fina taça azul e preta
e as estrelas de anil vão-se espelhando
no ribeiro que escorre como pista…
Depois… vai chegar a madrugada
acorda suspirosa… arrepiada
adormeceu… nas nuvens de ametista
AMO-TE! BEIJO MEU PARA TI
BEIJOS