domingo, abril 30, 2006

Liberdade de Amar

Que a liberdade que trazes no peito
Dê frutos em todo o teu SER
E para que à vida possas dar um jeito
Só tens apenas que saber VIVER

Dá forma à Vila Morena
À Terra da Fraternidade
Grandola não é pequena
Começa por ti a igualdade

Partilha-a com quem vês
No dia a dia rotineiro
Porque a flor que já és
Encontrou-a um jardineiro

Grandola a tua vontade
Também te deu vontade a ti
Na procura da verdade
Que continua sempre aqui
José António





Como tudo é livre
desde o inicio luminoso
dos nossos corpos.
Fortalezas de praias que perdemos
e frutos que parecem ter guardado
a nossa respiração.
Um novo jardim sem muros
aquele claustro que soubemos
animar de nossos passos.
Pouso em ti um céu de estrelas
lábios com desejo de sal,
o mesmo luar de ontem
na noite, os olhos brilham
na ponta dos teus dedos,
as carícias tecem teias
os anjos riem de pé.
AMO-TE! BEIJO MEU PARA TI...

quinta-feira, abril 27, 2006

Cordas enlaçadas

O Soslayo lançou-me esta corda de solidariedade…
Aqui, Saúde em Português, ideia e acção, abraço

Saúde em português é uma ideia, porque ainda existem causas que vale a pena defender. A causa da vida e sua qualidade, mas também a dignidade.É uma acção, em defesa da saúde, combate á doença, condição de vida.É um abraço, ajuda humanitária perante o sofrimento, apelo solidário com os povos, fraternidade em lusofonia.Saúde em Português são médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, que não ignoram a essência das suas profissões, os actos técnicos para que estão preparados, os destinatários que precisam do seu empenho, os laços culturais e de amizade. Passado, presente e futuro.Em português. Porque em português nos entendemos.

Ainda indignada com o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça,tal como o Comité Português para a UNICEF venho lembrar que:

As crianças têm direitos

Veja aqui:

Em 20 de Novembro de 1989, as Nações Unidas adoptaram por unanimidade a Convenção dos direitos da criança (CDC), documento que enuncia um amplo conjunto de direitos fundamentais – os direitos civis e políticos, e também os direitos económicos, sociais e culturais – de todas as crianças, bem como as respectivas disposições para que sejam aplicados.

O que é aAjuda de Berço?
A Ajuda de Berço é uma instituição que acolhe e encaminha crianças entre os 0 e os 3 anos de idade que não podem viver com os pais ou familiares.
Nasceu na sequência das necessidades sentidas por um grupo de profissionais - médicos pediatras, sociólogos, enfermeiros, psicólogos, técnicos de serviço social e juristas - para dar resposta ao problema das crianças em risco, situação de abandono e vítimas de exclusão social.
A Ajuda de Berço promove, defende e dignifica a vida humana,
através do apoio a mulheres grávidas sem condições e aos filhos delas nascidos.
Para mais informação visite http://www.ajudadeberco.pt/.

É a minha vez de lançar eu a corda, e faço-o para:
Vagueando Por Ti
Moçambique Saudades
Canto da Conchita
Mar
Conversas de Xaxa IV
BEIJOS

quarta-feira, abril 26, 2006

O valor da liberdade!


Frequentava a Faculdade de Medicina de Lourenço Marques a 25 de Abril de 1974. O meu irmão, encontrava-se preso em Caxias. Vivi agarrada ao rádio até ouvir a sua voz ao telefone na madrugada de 27 de Abril... Em Moçambique não havia televisão... Apresento hoje este artigo publicado no Jornal Litoral (Aveiro) em 25 de Maio de 1974, um relato vivido, pelo seu valor histórico.


Eu estive na
VIGILIA de CAXIAS

Caxias, o Forte de Caxias, o complexo de redutos Norte e Sul de Caxias, é um símbolo da degradação, do aviltamento, da decomposição moral a que chegara o regime deposto.
Complexo de redutos e reduto ele próprio, o Forte, como bem demonstrou quando, batidos, dominados todos os restantes núcleos do sistema no fim da tarde gloriosa de 25 de Abril, ele, o Forte de Caxias, a guarnição que o mantinha e lhe dava trágico sentido, cobardemente escudada na carga preciosa que guardava, os seus cerca de 80 prisioneiros políticos, alguns dos quais figuras lendárias da resistência portuguesa, pólos vivos da luta corajosa de vários anos, entendeu barricar-se no interior e recusar a rendição que lhe era imposta pelo vitorioso exército de libertação, naquele transcendente fim de tarde!
Caxias, modesta povoação sobranceira ao estuário do Tejo, à ilharga da estrada de Lisboa - Cascais, não merece, certamente, o estigma que a presença ali do Forte tenebroso lhe confere, não pelo Forte, naturalmente, mas pelo sinistro uso que a este foi dado – não merece o estigma aviltante consequente da situação que lhe coube em sorte!
É uma reparação que o País deve, por certo, a Caxias, a lavagem da fama imunda, degradante, motivada pela implantação do temor, da angústia, da dor imensa, do sofrimento que o seu simples nome recorda e que muitos dos melhores filhos de Portugal sofreram na própria carne dilacerada!
Na verdade, recusada a rendição dos esbirros perante as forças armadas sitiantes, e alertados os prisioneiros através de morse lançado por cumplicidade externa – esta cumplicidade popular, anónima, solidária, corajosa, tácita, que 48 anos de repressão, de desmoralização, de desafectação moral do fascismo negro não conseguiram eliminar ou sequer reduzir – recusada a rendição, foi toda a demora da noite longa e angustiante de 25 para 26 de Abril; para os cativos, no interior, agora em rebelião mas desarmados e impotentes, todavia; para a massa avassaladora de populares, de familiares, de amigos, de partidários, no exterior e que, naquela hora, temiam a consumação da tragédia que poderia resultar da confrontação violenta que porventura se desenhava e ameaçava explodir!
A insónia durou a noite inteira – fremente de inquietação de angústia, de ansiedade expectante da multidão enorme que, afastada, fazia vigília ininterrupta.
Ao dealbar da manhã, com a rendição dos elementos da GNR encarregados da guarda exterior do Forte, houve o primeiro sinal de derrocada do bastião – o que deu aquela multidão ansiosa, com a esperança da submissão próxima do foco insubmisso, a consciência do agravamento perigoso da segurança dos prisioneiros – amigos, parentes, homens, mulheres, jovens, raparigas e rapazes de formidável capacidade de luta, resistentes intemeratos ao sofrimento á tortura física, psicológica e moral – objecto das técnicas de tortura cientificamente estudadas em Sete - Rios – este outro antro tenebroso torpemente designado de “escola” – a longa privação do sono, a estátua, o isolamento, a alternância de processos ora blandiciosos ora violentos, brutais, visando à destruição das últimas reservas de resistência física e psíquica!
A batalha, a prolongada batalha interior de cada um daqueles devotados amigos havia ainda, depois disso, de durar algumas horas até à rendição final, decisiva, definitiva, da cidadela.
Naquele cabeço do terreno onde, temeroso, isolado, afastado de toda a zona habitada da povoação – excepção feita a um pequeno bairro da lata, miserável, quase contíguo ironicamente desprotegido e desprovido de condições mínimas de habitabilidade face à majestosa e majestática segurança, a todos os níveis do poderoso bastião, - com portas, portinhas e portões de ferro fechados e refechados, casamatas dispersas de betão, fossos, adivinhadas construções subterrâneas; - e polícias, agentes, homens e mulheres de expressão hedionda, em grande parte dos casos, elementos da GNR, carcereiros; - e cães polícias belamente tratados e malevolamente treinados utilizados em missões nas quais, comparsas, representam a própria inocência ultrajada; naquele cabeço do terreno, dizia, o aparecimento sobre os muros e paredes do Forte, das casamatas antes ocupadas pelas sentinelas da Guarda, o aparecimento dos militares sitiantes – dos soldados que eram já, àquela hora, os porta-estandarte da liberdade reconquistada, naquele cabeço escaldante de emocionada expectativa, deu-se a explosão maravilhosa; - a situação fora dominada, os soldados tomavam posse do bastião, e iniciava-se a libertação dos prisioneiros – sãos e salvos todos eles.
A tragédia que se receava, não se consumara!
A abertura subsequente das celas, a seguir a confraternização dos cativos – abraços, beijos, saudações irreprimíveis, pactos, o encontro fraterno com os soldados - irmãos salvadores – tudo isto foi um momento alto naquele antro da ignomínia e da degradação!
Lá dentro no Forte, e cá fora entre a multidão expectante, dava-se agora uma alteração de sentimentos; duma ansiedade inquieta, angustiante, passava-se para outra ansiedade – a da comunhão directa, da comunicação ao vivo, com aqueles amigos, parentes, irmãos em quaisquer circunstâncias que haviam dado sentido àquela velada, àquela vigília!
A euforia cresceu, naturalmente desde que as celas, até há momentos avaras de tão precioso tesouro, onde muitos amigos, companheiros de luta legal ou clandestina, resistentes de todas as idades responsáveis, que nunca se haviam vendido nem rendido ao longo de décadas ominosas sucessivas, estavam, desde logo a servir de cativeiro aos esbirros, aos torcionários, aos torturadores –a servir para “guardar” a partir daquele preciso momento, numa metamorfose de sonho, os que, por boçalidade, por sadismo, por insidiosa formação sub – humana, por perversão de sentimentos, haviam feito valer a lei discricionária e prepotente da qual, por uma ou outra forma, todos viemos a ser vítimas indefesas nestes quase 50 anos decorridos.
Foi depois a longa espera ao vento frio, cortante, daquela noite e daquele cabeço, a espera pela regularização solidária das diferentes siruações dos prisioneiros agora libertos. A espera para a intervenção dos emissários, dos advogados, dos juristas, a fim de serem resolvidas milhentas questões burocráticas sem as quais não era praticável a libertação efectiva.
E foi finalmente o abandono do antro temeroso, o acesso real à liberdade – desta vez para sempre!
Aquela multidão vigilante, ansiosa, alegre, comunicativa, solidária, cantou a plenos pulmões, entoou, em largos coros espontâneos, canções de protesto, marchas revolucionárias, canções do MUD, a lembrar as primeiras lutas legais do post – guerra em 1945, cantou o hino nacional, berrou slogans de combate e esperança. E cantou o Grândola – naquele mais do que em qualquer outro sítio, a terra da fraternidade e da liberdade reconquistada! Tudo isto em impressionante devoção comovida, que se diria religiosa, todavia exaltante, vibrante! Tudo isto em íntima comunicação com os Fuzileiros da Marinha, ali destacados para manutenção de uma ordem, duma disciplina amável, cordial, fraterna – e que, por isso mesmo e porque partia do mais fundo de cada qual, não tinha sequer que impor-se. Resultava da alegria daquela hora em que populares, soldados, marinheiros, irmanados numa epopeia de comum salvação, formavam um corpo único, sólido, robusto, confiante.
Passava da uma hora da madrugada de 26 para 27 quando vencidos os impasses e dominadas as impaciências, os primeiros agora cidadãos restituídos à liberdade plena, apareceram e começaram a juntar-se à multidão, à enorme multidão, aos amigos, aos familiares que em muitos casos já com quase trinta horas de vigília, de espera consecutiva, alimentando-se sumariamente, protegendo-se na noite ventosa e fria, com agasalhos de ocasião – mantas, xailes, cobertores – e aquecendo-se com fogueiras acesas no monte, ali os esperava e esperaria pelo resto da vida se tal fosse necessário! E assim foram surgindo Palma Inácio e o grupo de guerrilheiros da LUAR, Nuno Teotónio Pereira e os seus companheiros cristãos, os elementos do ARA, alegado responsável por sabotagens nas instalações da NATO e outras de igual repercussão, Tengarrinha com seus amigos de acção intelectual e política, jovens raparigas e rapazes, alguns incriminados por assaltos espectaculares a Bancos, estudantes, operários, clandestinos do Partido Comunista –e quantos, quantos mais, enfim recuperados, libertos!
Trocados os abraços, os beijos, secadas as lágrimas, primeiro da dor, da inquietação, depois da alegria incontida, explosiva, foi o transporte triunfal, vibrante, a retirada comovente, naquele lugar de sofrimento, àquela hora a caminho da manhã, através do anfiteatro aberto imenso.
A retirada, finalmente começou por um engarrafamento monstro das centenas e centenas de automóveis que ali, arrumados no monte, ao longo das vias de acesso, nas clareiras das árvores, na vasta plataforma adjacente à Cadeia, ao Forte, por um lado contíguo à mata de Monsanto e por outro voltada para o Tejo, assegurou transporte aquela massa humana ansiosa e que agora com a vitória tanto tempo esperada, não podia reprimir a sua alegria transbordante!
Era o fim do pesadelo, da noite hedionda, fantástica!
Na chegada a Lisboa, pela madrugada, prosseguiam os cânticos da multidão, as manifestações populares de regozijo, pela gesta da revolução vitoriosa, com bandeiras, panejamentos, dísticos, de toda a ordem, nas ruas, nos bairros, no Rossio – e que desde a véspera aplaudiam, saudavam, ovacionavam ruidosamente as Forças Armadas da Libertação.
E cravos, e flores, e sorrisos –um festival de encantamento, de esperança!
Á margem desta alegria, desta euforia, a Polícia de Segurança Pública, agora restituída à sua função cívica, calmamente, serenamente, cumpria o seu papel sem interferências repressivas, que a própria evidência tornara desnecessárias.
E assim foi pelo dia fora. E no dia seguinte!...

Aveiro 12 de Maio de 1974
Afonso Castro Moreira

BEIJOS... 25 de Abril SEMPRE!



terça-feira, abril 25, 2006

VIVA O 25 de ABRIL!


Abril com “R”


Trinta anos depois querem tirar o r
se puderem vai a cedilha e o til
trinta anos depois alguém que berre
r de revolução r de Abril
r até de porra r vezes dois
r de renascer trinta anos depois.

Trinta anos depois ainda nos resta
da liberdade o l mas qualquer dia
democracia fica sem o d.
Alguém que faça um f para a festa
alguém que venha perguntar porquê
e traga um p de poesia.

Trinta anos depois a vida é tua
agarra as letras todas elas
escreve a palavra amor (onde somos sempre dois)
escreve a palavra amor em cada rua
e então verás de novo as caravelas
a passar por aqui: trinta anos depois.

Manuel Alegre

PRECISA-SE: ANÚNCIO URGENTE!

Tome-se o poeta de veias abertas
Numa outra Primavera verde,
de criança, de mulher chegada.
Tome-se o poeta onde existe.
Da palavra, tome-se o tronco
do amigo, os barcos sem asas…
Tome-se o poeta de vertical silêncio,
como gestos respirados,
em cânticos de Sol…
Como gestos comuns, respirados,
pela cidade de braços abertos
que circula em minhas veias,
pintada de verde Primavera,
vertical amigo.

ANÚNCIO PRECISA-SE: LUMINOSO!

O desejo de liberdade é uma chama que nunca se apaga. Aquieta-se no calor das ameaças, mas nunca perde o fôlego... Obrigada MIXTU

VIVA O 25 de ABRIL! VIVA A LIBERDADE!

sexta-feira, abril 21, 2006

Entardecer junto ao Mar...


Encontra-se sempre no fundo uma tarde,
em que nos dispomos a tudo reviver:
um minuto, um Sol, uma frase,
ou instante em que tudo transcendeu,
e onde se espera calado,
o momento de ouvir...
Vale então cada palavra
pelo som inesperado que nela soa!
Cada palavra dita, acorda outra palavra parada,
para além do Mundo dos outros…
Circular, envolve o desejo…
Talvez a verdade, se inventada,
esteja nas próprias palavras…
A Vida e a Poesia são afinal, um modo de as ler!
BEIJO
Atirei este poema ao
Mar e ele devolveu-o à terra no seu blog. Obrigada.

quarta-feira, abril 19, 2006

A ti que me chamas menina...



Minha alma é uma alma ainda menina
de olhos atentos de espanto
aos sonhos que a sua fantasia,
imagina, cria e projecta!
Esta minha alma ainda menina,
Não sabe não descrer… é sua sina!
(Que a descrença é só de gente grande!)
A sua fé é infantil, teimosa, intensa,
Quase obscura !
Que lhe hei-de eu fazer?
Deixá-la saber esperar,
deixá-la saber sorrir,
deixá-la saber cantar,
Deixá-la chorar também…
Ainda é menina!


Dizer-te que a alegria
é a manhã
o vento
o mar ou o nevão,
apertar sempre a tua mão.

Há mais mundos talvez,
mas este é o nosso.


AMO-TE! BEIJO MEU PARA TI...

domingo, abril 16, 2006

A nossa voz pelo Universo...

Corre-me no sangue esta fome de vastidão,
esta sede de céu aberto,
esta febre de Sol!
Este desejo que o vento me vista a pele,
e sentir a Terra Mãe, em meus pés nus,
enquanto o luar me escorre pelos cabelos.
No peito um pássaro abre asas febrilmente,
seu bico de fogo abre, e rasga a carne.
Vai soltar-se num voo,
que força alguma há-de impedir,
e virá um espaço infinito,
com todo o tempo por medida,
de frescura que roubou às madrugadas,
e doçura encontrada em todos os poentes.
Então, jamais serei uma ilha,
mas todo o Mundo!
Papoila
O UNIVERSO
Há no Universo uma contradição
Que no amor ainda mais se revela
É quando amamos com o coração
Deixando a razão fora da janela
Razão e emoção, emoção e razão
Fazem parte de um único SER
Quem não pensa e é só emoção
Limita-se por não querer VER
Incompleto fica se se limitar
A só um dos lados querer seguir
A vida é descobrir e querer voar
O sexto sentido é saber intuir.
José António

Este poema que me foi envido num comentário é demasiado bonito para ficar por lá perdido. Obrigada pelo vosso carinho APRENDIZ DE VIAJANTE.

BEIJOS

quinta-feira, abril 13, 2006

Menores em Risco


A notícia do Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça em que considera ser uma medida educativa aceitável, e que qualquer pai de família em determinadas situações pode ser considerado negligente por não as aplicar, como palmadas (no caso bofetadas) e encarceramento em quartos escuros, causou-me estupefacção e indignação. É que como responsável dos serviços de saúde numa Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco do concelho onde presto serviço, sou muitas vezes defrontada com situações de agressão sobre crianças por parte dos progenitores. Estas são sempre condenáveis e levam à abertura de processos de acompanhamento da família no sentido de se estabelecer acordos de promoção do desenvolvimento das crianças e sempre na defesa intransigente dos seus direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos da Criança. É por este motivo que apresento este texto.

A palavra família tem a sua origem no latim, família. Em Roma, a palavra família designava o conjunto de pessoas, parentes e domésticos, que viviam sob a autoridade do paterfamilias. Deste modo, a palavra latina família deriva da palavra familius que significa servidor. Ao longo da história este significado evoluiu e a tradição, a cultura, o contexto político, económico e social determinam uma quantidade quase infinita de parâmetros que impossibilita uma única definição hoje em dia. Escolhi as seguintes:
A família é qualquer pequeno grupo em que as pessoas vivem, comem e dormem, qualquer que seja a composição, forma ou nome que o grupo possa ter. A única coisa importante na definição de família é que este pequeno grupo tenha um passado e um futuro comuns, embora estes possam ser de curta duração”. Muygen, “Family Medicine - Medical Life History of Families” Nimeda, Decker e Vande Vegm, 1978
A família é um grupo de pessoas, frequentemente mas não necessariamente ligadas pelo sangue ou pelo casamento, com um compromisso de coabitar e cuidar umas das outras ao longo do tempo.” Janet Christie-Seely, “Working with the Family in Primary Care - a systems approach to health and hilness”, Praeger, 1983
A família não é mais aquele agregado familiar constituído por pais e filhos unidos para o mesmo fim, como dantes se falava. A família é hoje, um espaço emocional à procura de novos equilíbrios e que pode revestir a mais diversas formas.” D. Sampaio , T. Resina, “Família: Saúde e Doença”, ICGZS, 1990
As famílias são agora estudadas como pequenos sistemas abertos, sistemas profundamente influenciados pela dinâmica das relações interpessoais internas, mas igualmente pelo contexto do meio externo onde a família se insere. A capacidade parental prepara-se desde a infância e depende em grande medida dos cuidados recebidos, dos modelos afectivos e educativos que os pais vivenciaram na sua própria família. É também muito importante o contexto de vida actual da família e os acontecimentos vitais que ocorrem no decorrer do ciclo de vida familiar. Diversos acontecimentos que atingem a família podem repercutir-se no seu funcionamento, e causarem tensão excessiva como: condições de vida deficientes, doença grave, crónica ou morte de um dos membros, depressão ou outra doença mental (alcoolismo ou toxidependência) num dos seus membros, conflito conjugal grave ou desagregação familiar. A qualidade da relação do casal é a pedra base para as relações com os filhos, embora também sejam importantes para o desenvolvimento da criança as relações existentes com a família alargada, a boa inserção social ou o isolamento, os acontecimentos vitais e o seu impacto na família, o meio circundante e a sua acção (escola, trabalho) e as condições d vida. As famílias repetem-se. Para compreender os valores, os mitos, os papéis e as relações é importante ter a perspectiva de pelo menos três gerações. O que acontece numa geração frequentemente reproduz-se na seguinte ou salta uma para reaparecer. É aquilo a que chamamos a transmissão multigeracional dos padrões familiares. Para quem trabalha com famílias, numa perspectiva de promover e as capacidades parentais, é muito importante compreender o que torna a família mais vulnerável os acontecimentos vividos na família suficientemente importantes para provocarem modificações no seu sistema, alguns acidentais e outros ligados ao processo de desenvolvimento da família, e implicam alteração dos papéis, das regras, das expectativas e dos comportamentos. Só então se avalia quais os factores de protecção que importa promover naquela família.
Quando surge o conflito, a violência recai nos mais fracos, as crianças, as mulheres e os idosos. Pode medir-se o grau de ansiedade vivido em cada família inquirindo sobre negócios inacabados, isto é, os problemas emocionais que um indivíduo não conseguiu resolver na sua família de origem, e vai revivê-los e procurará resolvê-los na sua família actual. Não devemos esquecer a delegação, isto é, muitos pais podem encarregar os filhos da missão de um acerto de contas deles próprios com problemas do seu passado mal ou não resolvidos. As missões delegadas nos filhos podem ter várias origens e implicarem motivações diferentes, desde a substituição de um ente querido à guerra conjugal e missões reparadoras.
Quando a família está em crise necessita de ajuda e suporte técnico articulado. A ajuda pode resumir-se a ajudar a restabelecer a rede de suporte familiar (família alargada) e social (vizinhos, amigos) ou promover a criação de redes artificiais quando necessário, por exemplo alcoólicos anónimos e outras. Só em casos extremos se institucionaliza a criança, para garantir a sua integridade física.
As famílias em crise permanente são famílias sem passado nem futuro. Os seus membros negam os próprios sentimentos e a realidade, o que não pode ser falado, transforma-se em passagem ao acto constante, e a crise é uma forma de resistência á mudança.


Hoje nenhum pássaro fugiu,
a tarde está mais triste.
Tudo nos repele, nos afasta, nos cala,
nesta tarde de Domingo morna,
de família em pantufas...
Nem ponte, nem laço, nem mão,
nem mar, nem chuva, nem areia
ou qualquer outra forma de comunicação.
Hoje, nada de nada aconteceu.
Foi a mesma força dos dentes fechados, a lembrar: - Não é teu!
Foi o mesmo silêncio, e a raiva, que não se mexeu.
Hoje, nada de nada aconteceu!
Foi o mesmo estar e não estar,
o mesmo falar, e não dizer,
o mesmo viver e não o ser…
Fazer, ferindo uma surdez feroz,
mudos, de olhos mais fundos que o céu,
vivemos ansiosamente lúcidos.
Sabemo-lo com a tristeza, de estarmos quase sós…
BEIJOS

domingo, abril 09, 2006

As minhas dicas das dietas...


Chegou a Primavera e com o aproximar do Verão é a altura de muita gente pensar nos quilos que quer perder até à época balnear… Há uma série de pessoas (principalmente mulheres jovens) que iniciam dietas "milagrosas" que fazem perder peso em semanas, e ingerem medicamentos de venda livre, com princípios activos duvidosos sem comprovação científica da sua influência na perda de peso. O meu texto de hoje e as dicas semanais que aparecem na margem esquerda pretendem ser de alguma ajuda a quem está motivado para perder peso.
O excesso de peso e a obesidade são a doença do século XXI pois a sociedade em geral não estava preparada para enfrentar o conforto tecnológico e a mudança na confecção dos alimentos, em função da transição da fase agrícola para a fase industrial. O homem moderno mudou radicalmente os seus hábitos de vida, e faz cada vez menos exercício físico para obter alimento pois há estacionamento em todos os supermercados onde se abastece, e até pelo telefone pode encomendar as refeições com entrega no domicílio. As tarefas domésticas estão facilitadas pelo uso de máquinas, e nos momentos de descanso os comandos remotos, os computadores e os telemóveis ou telefones sem fios aumentam o sedentarismo. Em resumo, a maior carga energética por maior ingestão de alimentos de fácil confecção e o aumento de sedentarismo com menor gasto energético conduzem ao excesso de peso e à obesidade que afecta já uma vasta franja da população portuguesa pois 6 em cada 10 portugueses têm excesso de peso, segundo um estudo da Drª Isabel do Carmo. É pois uma necessidade começarmos a desenvolver hábitos alimentares adequados tanto mais que um outro estudo nacional, realizado pelo Dr. Pedro Moreira, revelou que há cerca de 30% de crianças dos 7 aos 10 anos com excesso de peso e ou obesos no nosso país.
Uma boa alimentação deve contribuir para o nosso bem-estar e possibilitar a máxima saúde, isto é deve manter o peso dentro de valores aceitáveis e estimular o organismo a defender-se de doenças. Deve ser repartida ao longo do dia, e ser equilibrada sob o ponto de vista energético, fornecer a quantidade de água necessária e indispensável para a vida e fornecer todos os nutrientes necessários ao organismo (energéticos, vitaminas, minerais, antioxidantes). As formas culinárias devem ser apropriadas e permitir um melhor proveito dos alimentos, com a melhoria do seu sabor e textura.
Quando se pretende emagrecer deve-se seguir as regras de uma boa alimentação, com um plano alimentar adaptado a cada caso. Há regras gerais que são as que aparecem na janela da coluna da esquerda nas minhas dicas semanais.
Do tratamento alimentar para emagrecer deve fazer parte uma culinária saborosa, atraente e principalmente respeitar uma forma de cozinhar pobre em gordura.
Ter alguns quilinhos a mais pode ser menos prejudicial do que viver permanentemente em dietas que levam a flutuações constantes de peso a que se chama o “Síndrome do iô--iô”, que pode conduzir a alterações do comportamento alimentar e diminuir o metabolismo basal o que tem como consequência uma maior dificuldade de controlo do peso a longo prazo e levar a problemas psicológicos como a diminuição da auto-estima, sentimentos de fracasso e frustração. Este problema do iô-iô aparece na maioria das vezes associado a dietas selvagens e programas inadequados de exercício físico e outras actividades incorrectas com a finalidade de perder (muito) peso rapidamente. Para o evitar não se deve aderir a programas enganosos que prometem perdas de peso muito rápidas. A perda de peso deve ser lenta e gradual para ser feita principalmente à custa da massa gorda. E para a controlar mais importante que a balança, é a determinação do índice de massa corporal (IMC)
Procurei pela net informações e sites virados para o grande público, e encontrei um que recomendo por ser nacional e organizado pela perspectiva do doente onde se ensina a determinar o IMC, se dão notícias e informações úteis e tem à disposição dietas saborosas e de fácil confecção e utilização. É o Portal da Obesidade a página da ADEXO a Associação de Doentes Obesos e Ex Obesos de Portugal.
BEIJOS

sexta-feira, abril 07, 2006

A Saudade e o Sonho


Como é longa a espera,
para dois amantes,
que querem abraçar-se,
amar-se sobre o Mundo!
Que longo este caminho
que percorro,
mesmo se corro,
se voo,
se me apresso…
O tempo do amor,
é sempre curto,
e torna mais urgente
o regresso…
Caminho sem sentido,
e levo pela mão,
a tua ausência!
Sinto um vazio
como a casca da laranja…
Não há momento
que te não lembre…
Tu, que quando partes
me acompanhas,
tu, que surgirás
de qualquer forma,
e estarás sempre
onde restar a voz
do meu amor insaciado.
BEIJOS

quarta-feira, abril 05, 2006

Um sonho meu...



Esta noite chegaste e me abraçaste com aquela sedução que me estremece …enterraste teus lábios entreabertos no meu pescoço enquanto o mordiscavas… desabotoaste o soutien e puseste meus seios a descoberto… que tuas mãos em concha acolheram… docemente afagaste meus mamilos…de olhos fechados minhas mãos procuraram o teu torso, a tua pele sedosa, polida por mil carícias que sempre me perturba e arrepia… afaguei teus cabelos e mergulhei o meu nariz em teus ombros enquanto aspirava … o teu perfume açucarado e quente… vibrei num frémito a recordar uma sobremesa de criança ou o cheiro a rosmaninho numa tarde de Sol… O teu corpo grande e largo… saborosamente volumoso e envolvente chamava pelo meu …encostei meu peito contra o teu e nossas bocas loucamente se uniram… enquanto nossas mãos se entrelaçaram… abri as portas do desejo para te sentir entrar em mim... e no amor que fizemos …nesse doce navegar…soube que nos transportamos dos abismos de milénios de existência… enquanto murmuravas… “Que luz doirada a nossa!”… abri os olhos e só então vi que sonhava… mas em mim guardo este doce momento.
BEIJO MEU PARA TI J.A.

domingo, abril 02, 2006

Sugestão de Leitura...



A todos os meus amigos que ontem me comentaram uma grande ABRAÇO.
Pretendia ser uma bombástica notícia de 1 de Abril…, mas a maioria não acreditou na “peta” … A intenção era apagar hoje o artigo e os comentários, mas isso é impossível porque como diz o querido amigo Augusto não tenho esse direito… Os vossos comentários são a razão de ser deste blog sem qualquer dúvida ou louva minha…
A minha sugestão de leitura para este mês não é um livro mas um interessante blog Leitura Partilhada que tal como o seu nome expressa propõe a leitura mensal de uma obra, e a partilha de opiniões, sentimentos e considerações que a mesma provoca aos seus autores: troti, azuki, nastenka, laerce, castela e joana … Constitui também um local de discussão para os leitores, Leitores Amadores que têm um espaço aberto onde vêm os seu comentários e opiniões publicados. Agradeço à Ana S. Perdida na Tempestade o ter-me feito este bonito selo.
Este mês sugerem a leitura de Vale Abraão de Agustina Bessa Luís mas as surpresas podem surgir a qualquer momento pois que também se faz referência a efemérides ligadas à leitura, como por exemplo o Dia Mundial da Literatura Infantil que se comemora a 2 de Abril.
Visitem, apreciem, comentem e digam da vossa justiça.
BEIJOS

sábado, abril 01, 2006