segunda-feira, maio 28, 2007

Carta aberta... "A quem Amo!"


Esta carta dirigida “A quem amo!” nunca será entregue… no tempo… e na forma… o que a faz deixar de ter qualquer valor… esta declaração confusa carece de consentimento mútuo… integra palavras reprimidas… talvez poéticas... não possui total validade… até na forma da sua entrega… imatura e muito pouco vulgar... Assim... considerem sem efeito o que atrás foi enunciado e valorizem este simples comentário da autora:
“ Estas palavras foram escritas num momento de dor...são resultado de repressão interior por falta de coragem... Se voltasse a escrever esta carta de amor diria: Hoje… agora… neste momento… amo-te… Sinto-te na ausência… naufrago no mar da saudade… Reprimo beijos e abraços… correspondo ao chamado da tua alma… o meu corpo excita-se cada vez que recorda quando me abraças... Por mais que existam medos… devo escrever estas palavras… consciente que são o meu escudo e a minha espada...”
Tua,


BEIJO-TE COM SAUDADE!

BEIJOS!



sexta-feira, maio 25, 2007

Prémio Blog com Tomates...e Voar...





Esta semana foi pródiga em surpresas e prendas de amigos...
O meu amigo Oscar Luiz plantou um pé de tomateiro no campo… Foi-me comunicado por brit com que tinha dado frutos e A Papoila tinha sido agraciada com o prémio “Blog com Tomates”. Enorme surpresa! Depois de melhor me informar fiquei envaidecida e confesso que o campo de papoilas rubras enriqueceu-se com este par de tomates maduros... Foi uma honra que agradeço porque segundo a autora da iniciativa, é assim definido: Considero um Blog com Tomates aquele que luta pelos direitos fundamentais do ser humano. Vejam aqui. Agora devo transplantar cinco pés para que floresçam e frutifiquem tomates noutros campos... noutras casas… noutros domínios...


Ana Scorpio






A Nina tem 10 anos... na passada quinta-feira ofereceu-me este poema... para se assim entendesse o colocar no campo... Aqui está... Obrigada Nina! Já sei que tu própria vais criar o teu blog. Aqui terás uma leitora atenta.







BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!

quarta-feira, maio 23, 2007

Dia de África 25 de Maio

A 25 de Maio comemora-se o “Dia de África”. África é o segundo continente mais populoso e mais extenso, depois da Ásia. Pensa-se ter sido em África que nasceram os primeiros seres humanos. Os mais antigos fósseis de hominídeos com cerca de cinco milhões de anos foram aqui encontrados. Dos 42 países que a constituem, em 5, fala-se português (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe). Em 25 de Maio de 1963, reuniram-se em Adis Abeba - Etiópia 32 chefes de estado africanos contra a subordinação que o seu continente sofria há séculos… Ao longo dos tempos e com os mais diversos termos, colonialismo, neocolonialismo, "partilha de África" os povos africanos viam as suas riquezas naturais e humanas roubadas por povos que se consideravam superiores. Na reunião de Adis Abeba, esses líderes criaram a OUA (Organização da Unidade Africana), hoje a União Africana.
Dada a importância desse encontro, a ONU, em 1972, instituiu o dia 25 de Maio como Dia da Libertação de África. Simboliza a luta e combate dos povos do continente africano pela sua independência e emancipação. Representa a memória colectiva dos seus povos e o objectivo comum de unidade e solidariedade na luta para o desenvolvimento económico do continente.
A criação da OUA deu forma à vontade dos africanos em se unirem num corpo único, capaz de responder, de forma organizada e solidária, aos desafios que visam criar as condições necessárias à construção do futuro dos filhos de África… Estudiosos da política africana afirmam que o continente deve eliminar factores como a instabilidade política e as mudanças ideológicas constantes. Também consideram necessário que as decisões da UA sejam cumpridas nos países membros. Os conflitos, diminuíram e muitos países têm governos democráticos no entanto em Darfur continua a violência que afecta milhões de vidas. Na fronteira da Etiópia com a a Eritreia arrasta-se o conflito apesar de todos os esforços de paz e o conflito no Norte do Uganda tornou-se numa das piores tragédias humanitárias do mundo. Na África ao Sul do Sahara o vírus do VIH/SIDA tem um efeito devastador no futuro do continente africano.

É Dia de África!!!
Pois é…
como se o 25 de Maio
fosse o único dia
que África necessita
neste sistema sapal
onde muitos
se engendram,
parecem
e são
filantes ou sipaios,
corruptos e decrépitos,
ditadores ou senis.
.
É Dia de África!!!
Pois é…
tal como os outros dias

onde a vergonha
e falta de pudicícia
a apreensão e a sedição,
a míngua e a penúria,
o nepotismo e a corrupção,
a doença e a falta de prevenção
vivem em harmonia perfeita.
.
É Dia de África!!!
Pois é…
com um povo famélico que clama,
ao Mundo que observa
impávido e pacato
sempre pronto nas oferendas
que nunca,
ou tarde,

chegam…
.
É Dia de África!!!
Pois é…
para um Continente rico
em petróleo
e recursos hídricos,
em veios auríferos
e rios diamantíferos
mas…
uma cólera que se espalha
o sida que não pára
um paludismo endémico
um qualquer vírus que germina
um Continente mais que epidémico.
.

É Dia de África!!!
Pois é…
mas como gostava
que África
fosse notícia,
sempre novidade,
não por este dia,
não pela miséria,
não pela enfermidade
não pela corrupção;
que fosse
porque este dia,
é só,
deve ser,
mais um
entre 365 fúteis dias
de alguma normal reprodução

de um qualquer frívolo almanaque.
.
É Dia de África!!!
Pois é…
é tudo isso,
e muito mais que se não diz…
Mas é a minha África!!!!

.
Lobitino Almeida N’gola
(Lisboa, 24.Maio.2006)






A 21 de Maio recebi a notícia que o meu amigo Arão, doente desde Novembro de 2005, faleceu em Janeiro deste ano na cidade de Maputo onde residia com a familia. Esta minha homenagem a África é-lhe dedicada... As fotos de flores de África e o poema foram recolhidos na net. No video Miriam Makeba e Paul Simon cantam o Hino da União Africana.


VIVA ÁFRICA! BEIJOS!

domingo, maio 20, 2007

Segredos de Primavera...



Lágrimas a deslizar
noites de insónia…
O meu amor
não me dá resposta…
Soluços em silêncio
madrugadas desertas…
Paixões ocultas
os olhos vazios…
Almas perdidas...
pegadas em veredas…
Amor que se expressa...
saudade...
ao longe alegria...
esperanças novas…
Segredos de primavera!



PARA TI O MEU BEIJO!
BEIJOS!


quinta-feira, maio 17, 2007

estoria quase real... "meme"...

Ela caminhava devagar… partira sem destino naquela tarde… não sabia para onde ia… continuava seu caminho lento… de repente uma gota de chuva pingou-lhe no rosto… toda a gente começou a correr para não se molhar… ela continuou na mesma velocidade sem se importar com a roupa molhada…não parou para pensar… não via nada... não reparava que o chão estava escorregadio… ninguém se preocupou em abrigá-la com um guarda chuva… apesar de tudo isso continuou o seu caminho...a pouco e pouco começou a escurecer … chegou o crepúsculo e a chuva acabou… perdeu a noção do tempo... parou no parque descansou debaixo das sombras das copas das arvores… ao longe observava as estrelas… talvez um dia fizesse parte delas… cansada adormeceu... amanhecia quando acordou sob o verde esperança das árvores… isso era o que lhe faltava: esperança para continuar… estava cansada de tudo… o corpo já não aguentava mais o bater do coração… que a pouco a pouco enfraquecia… faltavam-lhe talvez duas semanas de vida… estava tão triste… sabia que iria morrer em breve mas isso não a impediu de continuar a desfrutar da beleza do mundo… apesar de todo o seu corpo doer… desfrutou cada instante... cada segundo a acreditar que em breve tudo acabaria… e assim passaram os dias… que se transformaram em meses… em anos... um dia… muito tempo depois… deitada na sua cama… tocou o rosto... descobriu que estava cheio de rugas… no meio delas brilhava o seu sorriso… fechou os olhos… recordou aquela noite no parque em que observou as estrelas… e tranquilamente… morreu...
Por vezes é necessário perceber que perderemos a vida para começar a vivê-la...

Recebi este meme do meu querido amigo Peter do blog Conversas de Xaxa.

Um meme, é um termo registado em 1976 por Richard Dawkins no seu livro controverso O Gene Egoísta. Constitui para a memória a sua unidade mínima e equivale ao gene na genética. É uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro, ou entre locais onde a informação é armazenada ( livros, outros locais de armazenagem ou cérebros). É uma unidade de evolução cultural que pode propagar-se como um “vírus”. Pode corresponder a ideias, partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida como unidade autónoma. Memética é o estudo dos modelos evolutivos da transferência de informação.
Devo passar o desafio a seis bloggers para o continurem se o desejarem

Começo pelo meu amigo Besnico de Roma regressado de férias mesmo a tempo e o seu blog Memórias de Um Amnésico vem a propósito...

Ana S. se não for eu, é alguém que te desafia... desta vez tem a ver com o que te sobeja... Memória! Ana Scorpio

Luís Monteiro e Cunha um poeta amigo de longa data do blog Bufagato.

Zé (do Beco) sempre crítico, actual e bem humorado do blog A Rua do Beco

Ao meu velho amigo que olha de Soslayo mas tem largos horizontes do blog In Mente

J. Vitor Silva, amigo desde sempre do blog Um Poema de Vez em Quando que junta informação, história e poesia de modo único.

BEIJOS! CARPE DIEM!

segunda-feira, maio 14, 2007

Desejos Simples...

Hoje desejo teus dedos
a tecer histórias no meu cabelo…
Desejo beijos nos ombros…
sussurros… nos meus ouvidos...
todas as verdades e pequenas mentiras…
Que me dissesses uma vez mais
que sou uma mulher linda…
Que gostas de mim…
coisas assim… simples… repetidas...
Que me delineasses o rosto
me olhasses nos olhos
neles visses reflectido
o voo livre das gaivotas
o mar ... e a espuma…
Desejo que faças do meu corpo
caminho perfumado
ornado de árvores
Que sejas a primeira chuva
a cair devagar... ou em aguaceiro...
Desejo uma grande onda de ternura
a desafiar-me na quebra do mar …
Qualquer coisa frágil e simples
uma flor no momento de entregar-se
à primeira luz da manhã…
ou simplesmente uma semente…
uma árvore…
ou um prado verde...

BEIJO MEU PARA TI
BEIJOS


sexta-feira, maio 11, 2007

Mar... Mal de Amor...

Mar de Amor

Lágrimas à flor da pele
beijos na orla da alma...
palavras presas na garganta…
olhos inundados de carícias
um furacão…
em silêncio navego à deriva
sem amor… naufrago…
Entre a tua ausência e a minha…
morro no cais...

Mal de Amor

Pele,
Alma,
Mar,
Silêncio,
Ausência.
Nada.

BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS



terça-feira, maio 08, 2007

Paraiso Natural e Isabel Silvestre...

Há 59 anos ali onde a Serra da Gralheira se acaba e começa a da Freita, nasceu Isabel junto a rios e ribeiros de águas cristalinas. Rios atravessados por pontes romanas, onde se encontram ainda moinhos, encostas de vegetação luxuriante com destaque para o azevinho e pastos com vacas e cabras... Dançar e cantar faziam parte da sua vida desde menina.
Aí, onde vivia, Manhouce, almocreves e recoveiros que percorriam a velha estrada romana que ligava o Porto a Viseu sempre pernoitavam e como a música e as cantigas acompanhavam as pessoas no trabalho, na fé e na festa, trocavam entre si modinhas... é por isso que na sua etnografia se nota a influência do Douro e da Beira litorais. Os cantares faziam parte da vida da gente de Manhouce que os cantavam a três vozes “Baixo, Raso e Riba”, sem instrumentos musicais. O canto era tão importante que uma rapariga "rica, bonita e com uma rica fala" era muito pretendida para casar... Também se falou assim dela e a sua voz foi naturalmente sendo notada em casa e no circulo dos amigos, depois na igreja e mais tarde no Rancho Folclórico de Manhouce criado em 1938 e que se transforma no Grupo de Cantares e Trajes de Manhouce a partir de 1960 (devido à emigração) onde a menina Isabel foi solista. Cresceu , estudou em Viseu na Escola do Magistério Primário e torna-se Professora Primária, sempre ligada a sua terra onde chegou a Presidente da Junta. Os trajes que o grupo apresenta são de festa e de casamento e usavam-se no início do século XX. O fato da mulher é luxuoso ornamentado com muito ouro no peito e nas orelhas. Na cabeça e sobre o lenço o típico chapelinho de tricana de veludo preto. revirado e bordado a vidrilhos e ornamentado com penas.
Simplicidade, naturalidade e autenticidade são as suas maiores qualidades. A sua límpida, poderosa e cristalina voz depressa se fez notar e muitas foram as suas actuações quer em Portugal quer no estrangeiro em vários continentes. Rui Reininho (A pronúncia do Norte), António Chainho, Pedro Caldeira Cabral, Rão Kyao, Vitorino, João Gil fizeram com ela gravações ou espectáculos em espaços culturais de grande prestígio. No seu primeiro trabalho a solo, A Portuguesa, canta originais de José Afonso, José Mário Branco, António Variações e Rui Veloso. No seu disco Eu, interpreta música popular portuguesa. Participou no disco Bom Jesus - Alegria dos Homens, produzido na Madeira, com músicos conceituados.
Escreveu três livros “Memórias de um Povo” e “Cancioneiro Popular de Manhouce” que se encontram esgotados e “Doçuras”( um livro de culinária).


“Da magia do coral se eleva, como uma branca auréola musical, a voz puríssima de Isabel Silvestre, em que se ouve o mergulhar das águas maternas da origem” escreveu sobre ela um dia, Natália Correia.


Da Meg, do blog A Recalcitrante recebi este meme Paraíso Natural, com a obrigação de falar do Rancho, do Grupo de Cantares e Trajes de Manhouce e claro de Isabel Silvestre, o que constituiu para mim uma honra. As imagens foram recolhidas na net. É a minha vez de passar o "meme" Paraíso Natural. a outros bloggers para que o continuem...
E os felizes contemplados são na Madeira Ana Scorpio, no Brasil http://oscar-vg.blogspot.com/ e Filipe da Praia da Claridade, na Figueira da Foz.
BEIJOS

sexta-feira, maio 04, 2007

Travessia do deserto...


Atravesso o deserto da eternidade com a mochila cheia de sonhos e ilusões… num ímpeto atrevido… quase tolo… de quem não tem nada a perder mas muito a ganhar… uma energia que nasce no meu eu profundo… que se alimenta a si própria… que me leva longe… ou talvez não… Essa incerteza é o mais difícil de suportar… A força vital que me pode salvar também pode terminar… pouco a pouco… sem possibilidade de retorno… evaporando-se gota a gota...à medida que avanço na realidade possível… como construtora de tudo o que fiz ou fui... o reflexo da minha própria história…sou o que penso…o que recordo do passado…de antes de ser…e de agora… as ilusões e os sonhos que murcharam pelo caminho… os projectos que me fazem abrir os olhos a cada manhã… Sou... estou...sigo... vivo num céu que ao entardecer é rosa...sem decisão própria...

BEIJO MEU PARA TI! TENHO SAUDADES!
BEIJOS!



terça-feira, maio 01, 2007

Travessuras da Menina Má, leitura de Maio

O romance “Travessuras da Menina Má” considerado pelo próprio Vargas Llosa como sua primeira “história de amor” marca um momento especial na carreira do escritor peruano de 70 anos. O livro é divertido a seu modo ligeiro, distante da grandiosidade dos seus anteriores romances. Relata a paixão de Ricardo o “bom menino” que apenas quer viver em Paris, uma vida pequeno-burguesa de tradutor pela “menina má” que não mede esforços para ser muito rica, e usa todas as artimanhas femininas para o conseguir. Atravessa o tempo (quatro décadas) e o espaço e esboça a segunda metade do século XX desde Lima nos anos dourados, passando por Paris no tempo do radicalismo estudantil, a Londres, Japão e Madrid. Através da dor e da alegria, da humilhação e da felicidade, do trágico e do cómico, conhecemos um amor de mil faces, indefinível, fora das classificações e tipificações que teimamos em dar às coisas e aos sentimentos. Qual é a verdadeira face do amor? Em cada cidade Ricardo reencontra a sua fria e impiedosa amada com uma nova identidade, num novo papel. O seu amor é tão intenso, a narrativa de Llosa tão vigorosa, que a cada página fui ficando cativada a ponto de eu própria me afeiçoar à “menina má”.
Mario Vargas Llosa nasceu em 1936, em Arequipa, no Peru. Professor universitário, académico e político, é uma personalidade intelectual de grande vulto e um dos mais importantes escritores da América Latina e do mundo. Da sua vasta obra pode destacar-se A Cidade e os Cães (Prémio Biblioteca Breve, 1962; Prémio da Crítica Espanhola, 1963), A Casa Verde (1967; Prémio Nacional do Romance do Peru, Prémio da Crítica Espanhola, Prémio Rómulo Gallegos), Conversa na Catedral (1969), Pantaleão e as Visitadoras (1973), A Tia Júlia e o Escrevedor (1977), A Guerra do Fim do Mundo (1981; Prémio Ritz-Hemingway – 1985), História de Mayta (1984), Quem Matou Palomino Molero? (1986), O Falador (1987), Elogio da Madrasta (1988), Lituma dos Andes (Prémio Planeta, 1993), Como Peixe na Água (1993), Os Cadernos de Dom Rigoberto (1997), Cartas a Um Jovem Romancista (1997), A Festa do Chibo (2000) e o Paraíso na Outra Esquina (2003).

“Peguei-lhe pelo braço com força e, sorrindo-lhe, obriguei-a a afastar-se dos que a rodeavam. Olhou-me com um desagrado que lhe retorceu a boca e ouvi-a a proferir os primeiros palavrões desde que a conhecia:
-Larga-me, fucking beast – murmurou, entredentes. – Larga-me, que ainda me metes em complicações.
Se não me telefonas digo a Mr. Richardson que és casada em França e que a polícia da Suíça te persegue por teres esvaziado a conta secreta de monsieur Arnoux.
E meti-lhe na mão um papelinho com o número do telefone do pied-à-terre de Juan em Earl’s Court. Depois de um instante de pasmo e mudez – a sua carinha converteu-se num ricto – soltou uma gargalhada abrindo muito os olhos:
- Oh, my God! You are learning, menino bom – exclamou, refazendo-se da surpresa, com um tom de aprovação profissional.
Deu meia volta e tornou a juntar-se ao grupinho do qual eu a tinha arrancado.
Fiquei certíssimo que não me telefonaria. Eu era uma testemunha incómoda de um passado que ela queria apagar a todo o custo; caso contrário, nunca teria agido como fizera toda a noite, esquivando-se daquela maneira. Contudo, telefonou-me para Earl’s Court dois dias depois, muito cedo. Mal pudemos falar porque, como costumava fazer antigamente, ela se limitou a dar-me ordens:
-Espero-te amanhã, às três, no Russell Hotel. Conheces? Na Russell Square, perto do Museu Britânico. Pontualidade inglesa, por favor.”

In Travessuras da Menina Má, Mario Vargas Llosa, tradução de J. Teixeira de Aguillar, Publicações D. Quixote, Lisboa Setembro de 2006 (Pag: 119/120 de 375)