segunda-feira, setembro 29, 2008

... quero-te!

Estranho o homem que não és;
porque nas noites frias
sinto teu quente abrigo
no meu coração.
Quero o homem que és,
porque teus olhos, tua voz,
tu por inteiro, são admiráveis.
Desejo o homem que não és…
Estranho o homem que és.
Sem a tua recordação
não faria sentido
continuar este caminho.
Amo o homem que és;
respeito o homem que não és.
Quero-te pelo homem que és
e pelo que não és…
BEIJO MEU PARA TI
BEIJOS!!!

sexta-feira, setembro 26, 2008

Vieste!

António que é nome de Ministro da Saúde (a vida tem destas contradições) 46 anos, marceneiro, grande bebedor e fumador, divorciado, "gingão", boa figura, olhos azuis incendiados, procurou-me com uma ferida de muito mau aspecto na perna direita. Deixou-se arrastar visita após visita, sem que o conseguisse convencer a tomar fosse o fosse... A cada visita lá lhe dizia:
" - António a ferida está feia, muito feia mesmo. Queres fazer o tratamento? Estás disposto a tomar o antibiótico se o receitar?"
" - Passe lá!... Desta vez, eu tomo...".
Mas por detrás da afirmação, aquele lume aceso no fundo dos olhos, garantia-me o contrário… Não consegui convencê-lo de modo algum, e na minha ausência, durante as férias, foi internado no hospital central. A ferida gangrenou e a perna direita foi-lhe amputada pelo meio da coxa. Foi o começo da bola de neve do que viria a seguir… Tudo correu mal! Ainda hospitalizado fez uma trombose, ficou paralisado à direita, e sem falar… Quando no regresso o fui ver a sua casa, chão de terra, cama de ferro, paredes de pedra escura de fumo, porta de frinchas e muitas, muitas moscas, nada mexia no seu lado direito, e os seus olhos parados em mim não tinham lume... Cuidava (?) dele uma irmã mais velha e solteira, que durante toda a visita me olhava rancorosa enquanto desfiava o “rosário” das consumições que o António sempre lhe causara e ainda causava agora…
"- Neste estado! Que vai ser de mim?"
"- António, o que pensas de ir viver para o Lar de Santo António? Posso tratar disso, e a tua irmã pode ir lá visitar-te."
Disparei eu…

E naquela tarde, com a sombra da irmã "consumida", porque consegui falar pelos dois e nos entendíamos pelos olhos, fiquei a saber que gostava de ler e escrever. Pedi-lhe que fosse tentando falar, e que fizesse por mexer o braço. Dei-lhe uma daquelas bolinhas anti-stress perdida pela pasta, para exercitar a mão.
Procuraram-me do lar uns meses depois para declarar que o António necessitava de uma cadeira de rodas. Não o fiz sem o ir ver, e levei-lhe uma das flores que me tinham dado, pois nesse dia era o meu aniversário. Ao entrar na sala de espera onde o António me aguardava sentado, ele, com muita dificuldade levantou o braço direito e disse-me:
" - Olha!"
Vivia no lar há dois meses e pela primeira vez lhe ouviram palavra. Estendi-lhe a mão com os olhos rasos de água, sentei-me ao seu lado e ficamos de mãos dadas. Ninguém imaginava lá no lar que o António gostava de ler, mas a partir daquele dia, passou a ler o jornal que lhe levavam diariamente. Fizemos um pacto. Ele mexeria o braço, e eu, iria ao bailarico de 12 de Junho lá do lar. (O António nasceu a 12 de Junho). Quando ao anoitecer entrei no salão, senti pousados em mim os olhos curiosos de residentes e funcionários, mas, lá do canto, António, em rotação acelerada de cadeira gritou:
"- Vieste!"
Poisei as tralhas na primeira cadeira, e rodopiamos os dois em boas gargalhadas. À saída, gritei-lhe da porta:
" - António, na próxima quero ver-te em pé!"
Não houve próxima. Em Setembro, certifiquei o seu óbito.
Estou certa, que quando ambos se cruzarem, Santo António o vai abraçar com ternura enquanto lhe murmura: "- Vieste!"
Esta é a minha homenagem ao António!
BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!

segunda-feira, setembro 22, 2008

O primeiro dia de Outono...

Dia chuvoso e nublado,
instantes de nostalgia
que parecem não acabar…
Temperatura fresca… húmida…
pensamentos antigos
debatem-se… degladiam-se
não querem desaparecer…
Liberdade absoluta
busca insaciável
do amanhecer!
Momentos que parecem
não passar naquele lugar
onde habita o eco
da minha saudade…
Pensamentos novos
nascem… surgem…alegram
o caminho por conhecer…
Com a mesma saudade
que não quer terminar…
PARA TI UM BEIJO MEU!
BEIJOS!!!

sexta-feira, setembro 19, 2008

Uma tarde na savana em pleno Alentejo...

Ali em Vila Nova de Santo André, a dois passos da nossa casa de férias, esperava por nós cinco adultos amantes da natureza e dos animais, uma experiência única num dia dedicado à visita ao Badoca Parque. A má impressão pelo modo como fomos recebidos na recepção com um atendimento pouco simpático, que o intenso movimento e a enorme fila para a compra de bilhetes não justifica, depressa foi ultrapassada ao aproximar-mo-nos do lago dos flamingos e pelicanos… Não se justifica que não haja ainda mapas e roteiros em inglês. O safari, marcado para as 14h, durou cerca de 45 minutos, e foi realizado num comboio com capacidade para 50 pessoas que fez um percurso pela herdade com um simpático e bem disposto guia que foi indicando as diferentes espécies, com a ausência natural do "rei " da selva e de elefantes... Foi possível observar e quase contactar girafas, tigres, cangurus, nandus, zebras, iaques, búfalos, lamas, veados, gamos, avestruzes, entre outros, num total de 400 animais. À excepção dos tigres os restantes animais vivem em liberdade e em perfeita harmonia com os sobreiros e os pinheiros da “savana” alentejana junto à costa vicentina. Após um apetitoso lanche no bar da zona de merendas, chegou a hora da diversão numa das novidades do parque o rafting africano que naquela tarde quente fez com que três de nós voltássemos à fila para uma nova viagem. Ficou-nos a vontade de regressar para nova visita após as obras que estão a decorrer na ilha dos grandes simios. Espero que as fotos vos agradem. Fica aqui o link do site oficial para vos despertar a vontade de uma merecida visita, basta clicar no logótipo

BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!!

segunda-feira, setembro 15, 2008

Assim se pinta a cor do mar...

Desenhadora de sonhos
e de ilusões adormecidas
esboças sem papel um coração
uma alma… um sentimento… o amor
num tapete que humedece
como a terra molhada de chuva...
Assim se pinta a cor do mar
quando o calor abandona a areia...
Pequenos momentos de alegria
que os sonhos hão-de criar....
BEIJOS
BEIJO MEU PARA TI!!

quarta-feira, setembro 10, 2008

Na busca das cores da vida...

Sempre quis saber qual é a cor da vida… Emalei as minhas parcas coisas e pus-me a caminho… Percorri trilhos maravilhosos e outros nem por isso… encontrei fadas, magos, feiticeiros, bruxas, velhos centenários, meninos iluminados perguntava-lhes qual é a cor da vida e respondiam-me sempre:
“Continua o teu caminho!”.
Fiz muitos amigos… cheguei a lugares insólitos…conheci tantas coisas… muito mais do que as que pensava poder existir…Vi todos os arco-íris, os campos semeados, as montanhas na Primavera, o mar tempestuoso e calmo, as colheitas de Outono, os cumes brancos de Inverno…Tanto andei… tantas voltas dei… tantas pessoas encontrei… tantos locais mágicos conheci…tantos bons amigos fiz... Um dia um gnomo que andava na floresta a colher cogumelos disse-me:
"Caminhante, tanto caminhas e ninguém te dá resposta ao que persegues nem os amigos nem os inimigos que aqui e ali semeaste…Volta para casa e sê paciente..."
Cansada sem outra motivação senão descansar dei meia volta e resolvi regressar... No caminho encontrei mais de mil paisagens novas, novos amigos e muitos dos antigos...Por instantes queria ficar por ali, mas devia ser paciente e chegar ao ponto de partida. Ao acercar-me, repentinamente, meus sentidos ficaram atentos quase a medo e com muita ansiedade fui-me aproximando... Saíra à procura das cores da vida, e ali estavam, onde sempre estiveram, família e amigos formavam o grande arco-íris que tanto procurei… A cor que faltava era mesmo eu,que até aí não dera conta da minha própria felicidade... A cor da vida era afinal eu e todos os outros e os valores que defendemos na forma de um imenso arco-íris.
PARA TI UM BEIJO MEU!
BEIJOS!!!

domingo, setembro 07, 2008

O que trago para dar-te...

Tenho esquinas e uma cidade
horizonte de olhares,
um vale verde de rios
e muito tempo sem horas…
Tenho montanhas e bosques
carícias nas minhas mãos,
num entardecer de amor.
Tenho o sol para aquecer-te,
e a lua para te amar.
Tenho um bosque de desejos
e um arco-íris de beijos…
Tenho ruas sem saída
um castelo... o farol... e uma lagoa...
alguns barcos ancorados...e o mar...
Tenho as ondas dos meus lábios
que querem inundar teu corpo.

PARA TI UM BEIJO MEU!
BEIJOS!!!

segunda-feira, setembro 01, 2008

"Como Pensam os Médicos", leitura de Setembro

Como Pensam os Médicos deixa muito claro que, apesar de todos os esforços tecnológicos e científicos para melhorar a assistência médica, uma boa parte da Medicina ainda se restringe ao diagnóstico do médico, à tentativa humana de descobrir qual a doença em causa. A experiência, o senso comum e a sua personalidade podem constituir ajudas preciosas ou tornarem-se condições para enganar o raciocínio médico. Jerome Groopman defende que ao fazerem algumas perguntas abertas e ao aprenderem a identificar alguns dos erros mais comuns, os pacientes podem aumentar as oportunidades para que o seu médico não seja desviado do caminho certo. O autor aborda casos clínicos e analisa os raciocínios que levam médicos conceituados a conclusões e diagnósticos brilhantes ou totalmente errados. Um livro de estilo único que combina jornalismo, medicina e romance e onde a partir de pesquisas científicas, entrevistas e informações o autor analisa o pensamento dos médicos e o sucesso do relacionamento médico - paciente ou como se fala hoje, da interacção doente – médico. O livro, vencedor do Quill Award 2007, foi considerado um dos 10 melhores livros de Medicina em 2007. É um livro que pretende responder a numerosas questões Como deve pensar um médico? Médicos diferentes pensam de maneira diferente? Há uma maneira única de pensar ou há maneiras diferentes de chegar a um diagnóstico correcto e escolher o tratamento mais eficaz? Será que a simpatia ou antipatia por um determinado doente pode distorcer o seu diagnóstico? Os doentes têm acesso à mesma informação que os médicos e por vezes sabem mais do que muitos médicos sobre as doenças que os afligem. Os três anos de pesquisa e estudo de Jerome Groopman resultam num livro muito bem escrito que é leitura obrigatória para todos os médicos que se preocupem com os seus pacientes e para todos aqueles que os procuram por qualquer motivo… Começa assim:
“Anne Dodge perdeu a conta ao número de médicos que consultou nos últimos 15 anos. Pelos seus cálculos, seriam quase 30. Ainda assim, naquele ano de 2004, dois dias depois do Natal, numa manhã inesperadamente agradável, estava mais uma vez a caminho de Boston, para consultar outro especialista. O médico de família não concordou com a viagem, a pretexto que os problemas de Anne eram já antigos e estavam tão bem definidos que esta nova consulta seria inútil. Mas o namorado insistira de forma obstinada. Anne pensou para si mesma que a consulta apaziguaria o namorado e estaria de volta a casa antes do meio-dia. Anne está na casa dos 30, tem cabelo castanho claro e olhos azuis doces. Cresceu numa pequena cidade do Massachussetts, com mais três irmãs. Ninguém tinha uma doença parecida coma a sua. Por volta dos 20 anos, descobrira que não se dava bem com a comida. Depois de uma refeição sentia como se uma mão lhe agarrasse o estômago e lho torcesse.”
Como Pensam os Médicos, Jerome Groopman, Universidade de Harvard, tradução de Ana Glória Lucas, CASA DAS LETRAS, Lisboa, Fevereiro de 2008
BEIJO MEU PARA TI!!
BEIJOS!!!
Boa Leitura! Volto Já!