segunda-feira, abril 28, 2008

Peças de engrenagem...

É curioso ver rolar cabeças, apalpar por cima dos ombros e confirmar… Não, não é a minha a que acaba de cair… A “lei da selva” no local de trabalho é implacável, e, apesar da tensão que se mistura ao ambiente muito tempo antes… sempre nos surpreende e sobressalta a mão do verdugo no pescoço de um companheiro… nem que não nos salpique nem uma gota de sangue do caído… mesmo que nunca nos tenham dispensado… sente-se uma certa amargura pelo que se vai… e reconforta saber que o facto de ser só uma simples e vulgar “porca” da engrenagem não é mau… alegro-me, e de que maneira, por não ser um sofisticado sensor fabricado a pedido… a funcionalidade e a humildade da "porca" tornam-na invisível…discreta como só o são as peças importantes…em que só se repara quando se rompem e deixam o mecanismo parado… fazendo com que a produção pare e se comece a medir o tempo em dinheiro perdido… porcas que se vendem em qualquer loja de ferragens por uma ninharia, mas que, desde que funcionem, mesmo que só seja por preguiça, para não desmontar a engrenagem, lá continuam e continuarão por séculos e séculos… se a máquina se desliga, até se podem aproveitar para montar outro mecanismo… É a vantagem que têm... são peças simples… universais… e usam-se em qualquer motor… desde uma máquina de rebuçados a um monta-cargas… duras, resistentes, baratas e polivalentes, encaixam-se em qualquer lugar em que se queiram colocar...e servem para que a máquina nunca deixe de funcionar…

BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!!

sexta-feira, abril 25, 2008

A tesoura que viveu na clandestinidade...

A Tátá sempre gostou de objectos de ouro de Toledo e numa das suas visitas pela Mancha, o Bau deu-lhe uma tesourinha que sempre trazia na carteira… e servia para cortar uma linha, um espigão, uma flor, um papel…
No dia de Natal de 1972 a família partiu para Lisboa a visitar o mano em Caxias. Embora ainda em período de interrogatório, o dia de Natal dava direito a visita comum, sem vidros de parlatório de permeio, só com a presença de um guarda prisional, e com direito a abraços e beijos… Tudo o que levávamos ficou na portaria para ser inspeccionado e à saída o pequeno tabuleiro de barro com aletria que lhe levara foi-me devolvido por ser um objecto perigoso… poderia quebrar o barro e tentar suicidar-se… argumento que me fez espalhar o doce por todo o átrio da cadeia com o olhar de espanto dos guardas e o receio da família em que ficasse também ali retida… Só passados oito dias foi colocado na cela que dividiu com três companheiros. Na primeira visita que a Tatá e o Bau lhe fizeram (e não era fácil… não vivíamos em Lisboa…) o mano pediu uma tesoura para poder cortar as unhas dos pés… a Tátá não hesitou em deixar ficar na portaria a pequena tesoura que sempre a acompanhava e que deveria recolher no dia seguinte. Na verdade, a tesoura não lhe foi entregue e também ela não a pediu… e assim ficou retida em Caxias… Como foi possível não sei… diz o mano que há segredos que não convém revelar porque nunca se sabe se pode vir a ser necessário voltar a usá-los… O mano saiu de Caxias em Maio de 1973 mas a tesoura ficou na cela entregue a um fiel depositário conhecido (de quem não revelo o nome) porque era muito útil aos restantes residentes… Os presos de Caxias depois de julgados ou eram libertados com penas suspensas como aconteceu ao mano ou transferidos para o forte de Peniche … E foi assim que a tesourinha da Tátá viajou clandestina também com métodos que não podem ser revelados… (há sempre um tacão de um sapato que pode ser oco…) até Peniche onde viveu e foi de grande utilidade na cela que habitou até ao dia 25 de Abril de 1974… Como sabem, o mano estava de novo em Caxias, foi um dos libertados na madrugada de 27 de Abril depois daquela noite de vigia tão bem relatada neste artigo. A Tátá, o Bau e o mano foram festejar na Graça com um velho companheiro de cela libertado de Peniche, que com pompa e circunstância devolveu à Tátá a tesourinha que viveu na clandestinidade entre Caxias e Peniche nesse período…
Esta é uma pequena história que merece ser contada para festejar mais um aniversário do 25 de Abril de 1974!







VIVA O 25 DE ABRIL!
BEIJO MEU PARA TI!!!
BEIJOS!!!

segunda-feira, abril 21, 2008

Meu amante de papel...

Nesta calma nesta paz
neste murmúrio de folhas…
O amor silencioso

encontro quotidiano
marcado com os livros

páginas abertas
como abraços.

Nunca me sinto só com um livro
meu amante de papel.
Qual tela cheia de meus dedos
pinta os limites

do dia e da noite…
Sentir palavras
nas cores do arco-íris,
esboçar palavras
nos grãos de areia
em praias de corais
e lápis lazúli.


A 23 de Abril celebra-se em 100 países o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor. A data foi oficializada pela UNESCO em 1996 para prestar homenagem aos grandes autores da literatura mundial. Shakespeare e Cervantes morreram a 23 de Abril de 1616. Com esta celebração a UNESCO procura encorajar as pessoas “a descobrir o prazer da leitura e a respeitar a obra insubstituível daqueles que contribuíram para o progresso social e cultural da Humanidade”. Festeja-se o Dia de S. Jorge, padroeiro da Catalunha, e também o dia o amor e o livro...Manda a tradição que os homens ofereçam uma rosa vermelha às suas amadas que lhes retribuem com um livro. Neste dia em Barcelona as rosas e os livros invadem as ruas.
BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!!

quarta-feira, abril 16, 2008

Na praia dos sentidos...

Rodopiam palavras perdidas…giram três quartos de relógio entreabrem a janela e escapam-se…abro um caderno procuro uma folha de papel... uma margem… os seus restos desaparecem e misturam-se num caldo sem solução… sinto que navego em estados de alma incertos…perco-me por territórios que visito por necessidade ou que por necessidade invento… é inevitável… corro ao seu encontro… assisto ao seu naufrágio… recolho um a um os pedaços que dão à costa… é cansativo… mais fácil é vê-las chegar ou passar a voar como sempre… sem ignorar os seus murmúrios em cada vento… a cada brisa… divagam… e podem regressar no silêncio e fazer estremecer a nudez da minha alma num momento… descalça na orla da praia vou apanhando o resto das palavras… sorrisos…choros… suspiros dos sentidos… na brisa o aroma de beijos … grafites autografados nas paredes do dia a dia… intervalo de vozes e de olhos... por medo ou ousadia as flores preferem ficar no jardim… as castanhas no souto… e as folhas... as folhas em branco… A inspiração adormece... descansa... de repente a tempestade bate-lhe à porta... e ela desperta…


PARA TI UM BEIJO MEU SOPRADO!


BEIJOS!!

sexta-feira, abril 11, 2008

Tu...a lua... e eu...

Vestido de nuvens extingue-se o dia
passo a passo…
Majestosa a noite
desce degrau a degrau
a escada de caracol.
A lua cheia ilumina a circunferência
completa de minhas mãos elevadas…
Imploram palavras e canções
fino ponto de encontro
guardado como um tesouro…
No seu cofre guarda memórias…
Sabe de mim muito mais que eu!
A noite navega intemporal
dona do universo!
-Estou aquí! digo-lhe com o olhar
janelas abertas de par em par
aspiro seu gelado alento
pele brilhante do seu reflexo
que me percorre por dentro
ruídos dos ecos de sombras
fragmentos de velhas estações.
A noite feiticeira
sabe que existem lugares
onde nunca entrou o Sol
no ninho de meu coração.
Nada queria imaginar… delirar
quando penso em ti!
A tua recordação
cria em meus sentidos
doce batalha de suspiros…
Arde mais que o fogo
consumo-me na ideia
de o apagar num beijo de teus lábios
menino de riso inolvidável...
Lua! Ofereces-me tuas curvas prateadas
generosas... luminosas...
Repouso a cabeça
lanço as mágoas na tua aureola
salpicada de musas…
Penso nele que te adora
na tua luz que o acaricia...
Imagino… não pode esconder
na sua alma iluminada
como se propaga o bem-querer
do meu olhar até ao seu...

BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!!

sexta-feira, abril 04, 2008

Arco-íris ao amanhecer... as 50000 visitas...

Os dias passam uns atrás dos outros… sucedem-se como as gotas de água da chuva… porque não os conseguimos reter senão na nossa memória escrevo… quero contar-te tantas coisas desde que te conheço... os dias têm uma cor… ou melhor muitas cores… pintaste-me os dias de azul celeste e alaranjado do pôr-do-sol… quando me sorris os dias tornam-se vermelho carmim … se me olhas nos olhos o dia pinta-se de um verde azeitona que me envolve… quero contar-te omeu secreto mistério das cores nos dias que se sucedem… quero contar-te que sem a tua presença física ou não na minha vida... as cores fogem dos meus dias… quero dizer-te que mesmo sem o saberes és um pintor consagrado… os teus pincéis são teus olhos… tua boca… tuas mãos…as tuas telas são as emoções que em mim nascem… como desejo ver a aurora no reflexo dos teus olhos… sentir a tua energia muito perto da minha… fazes-me falta... Amo-te e farei tudo o que estiver ao meu alcance para vivermos juntos o prazer de um arco-íris ao amanhecer… Hoje A Papoila festeja a passagem das 50000 visitantes no campo! Para todos vós que aqui passam fica esta Papoila multicolor… Levem-na!
BEM HAJAM!

Ana S., Sophiamar, Catarina, Gui, Peter, Humberto, Renda,
Carminda, TiBeu, Collybry, Jorge G., Mixtu, António, Manuela,
Meg, Elisa, Louco, Zé Povinho, Profeta, Luísa, Zita,
Secreta, Pitanga Doce, Pena, Dragon Blue, Taliesin, Su, Miudaa,
Patty, Brancamar, Soslayo, Cognosco,Juda, Haziel, Nylda,
Paula , Pequenita, Maluca, Art, Vitor Silva, Besnico, Menina do Rio,
Elvira , Salomé, Maria, Zita, Lua, Vitor Silva, Vieira Calado,
Paginadora, Aldora, Girassol, Luar, Acidocloridrix, João Oliveira, Coura Magazine
Elsa, Bitu, Magia, Sindarin, Guardião, Maresia, Maria Clarinda
Kalinka, Princesa, Praia Claridade, Grilinha, Isa e Luis, Império Romano, Delta
Papoila, Juli, Paola, Barão, Irneh, Suruka, Pink
E todos quantos clicam neste campo...

papoila


“Não sei como posso parecer aos olhos do mundo mas, quanto a mim, vejo-me apenas como um menino brincando na praia e me divertindo em encontrar de quando em quando um seixo mais liso ou uma concha mais bonita, enquanto o grande oceano da verdade jaz incógnito à minha frente.”

Isaac Newton

PARA TI UM BEIJO MEU!


BEIJOS!!!

terça-feira, abril 01, 2008

O Amor não espera à porta, leitura de Abril

O amor não espera à porta, é um livro fresco e inteligente de uma excepcional contadora de histórias capaz de mostrar que o amor, embora seja sempre imprevisível pode estar bem perto de nós… Foi um dos livros que li com a certeza que o vamos ver adaptado no cinema, está anunciada na contracapa a sua adaptação, que receio vir a ser uma desilusão como acontece salvo raríssimas excepções. O amor não espera à porta é um daqueles livros que começamos a ler e não queremos parar. O New York Times considera-o um bestseller e o Washington Post Book World diz que se trata de “uma história tocante capaz de arrastar corações”. Li-o compulsivamente e a cada página que virava, pensava... é só mais esta... É uma história apaixonante que pode muito bem acontecer em qualquer parte do Mundo. Cornelia Brown uma amante de cinema que vive em Filadélfia onde dirige um café, sabe que a sua vida vai mudar para sempre no momento em que Martin Grace entra na sua porta. De imediato se lembra de Cary Grant. Ela própria nos diz que os seus nomes só diferem em 3 letras. Martin mais que o factor será o mensageiro da mudança, como ela própria afirma. Do outro lado da cidade, desde que sua mãe adoece a ponto de desaparecer, Clare Hobbes, uma menina de 11 anos, sobrevive por conta própria até procurar o pai. Cornelia e Clare criam uma ligação inesperada e profunda e descobrem juntas que na vida o essencial é sabermos ao certo o que amamos. Marisa de los Santos formada em literatura e escrita criativa, poetisa premiada, escreve este seu primeiro romance com uma minúcia cheia de delicadeza, capaz de trazer à luz as perdas e as alegrias da vida. Começa assim…
“A minha vida – a minha vida a valer – começou no dia em que um certo homem deu um passo para dentro dela. Era um estranho, vestido com um fato de corte impecável… e, pronto, já estou a ver como é que isto soa. A minha amiga Linny, a esta hora, já estaria a torcer o nariz e a mostrar-me a desaprovação cheia de espinhos que afinal preciso que ela me mostre, de vez em quando. Primeiro, um espinho de desprezo feminista perante a famosa ideia do homem que vem mudar a vida de uma mulher, mesmo se, vendo como tudo acabou, o tal homem acabou por ser mais o mensageiro da mudança do que a mudança propriamente dita. Outro espinho de desprezo pela minha falta de rigor ao dizer que a vida pode ter começado ao fim de trinta e um anos a vivê-la. Mais um espinho final de desaprovação pela mania que toda a gente tem de transformar os momentos da vida em momentos de um filme.
Eu faço isso mais do que devia, nisso ela tem razão, mas houve mesmo qualquer coisa de estranhamente iluminado e brusco na cena de entrada daquele homem pela porta adentro do meu café.”


O amor não espera à porta, Marisa de los Santos, tradução de Fernando Villas-Boas, Oficina do Livro – Sociedade Editorial, Lda, Lisboa Janeiro de 2008.

Boa Leitura!
BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!!