Hoje publico um texto que um amigo me enviou no ano passado e que não perdeu a actualidade...
Papoila,
01/12/05 14:15:26
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Esta madrugada sonhei fazer parte de um grupo de embuçados que entraram pela noite calada no palácio de S. Bento, liquidaram e jogaram pela janela o Déficit , puseram a ferros a Duqueza da Corrupção, a regente e todo a sua corte (da qual faziam parte inesperados titulares) e estabeleceram o Quartel General da Restauração da Independência Económica Nacional com um vasto programa de reformas que contará com a participação de toda a população.
2005- 1640 = 365
Há 365 anos, provavelmente, na madrugada chuvosa, como esta inesperadamente se pôs, quarenta portugueses, fidalgos (vestidos e ataviados como os três mosqueteiros, ou como as personagens d’ “A Ronda Nocturna” do Rembrandt, o velho flamengo) com risco das suas próprias vidas, entraram à socapa no palácio do governo Castellano, tendo contado decerto com a conivência da guarda, espetaram e defenestraram o pobre Miguel de Vasconcelos, que estava em comunhão de cama e mesa e provavelmente de roupa lavada com a belíssima (seria?) Duquesa de Mântua, a regente que foi logo ali aprisionada.
Após muitas e duras escaramuças, lograram devolver a Portucale a sua problemática e sempre ameaçada independência.
Terá sido mesmo assim? Provavelmente o Mattoso, que eu não fui consultar, terá uma versão mais nuanceada e mais próxima daquilo que poderemos reconstituir da realidade que é sempre mais diversa e complexa que o mito que sobrou para a divulgação histórica.
Coitados dos quarenta fidalgos! Saberiam o que faziam? Ou teriam eles interesses que estavam a ser ameaçados pela dominação castelhana?
Se tivessem sido oportunamente saciados ter-se-iam deixado ficar quietos nos seus palácios? Ou seriam mesmo patriotas?
A verdade é que fizeram aquilo que fizeram e o rumo da história peninsular não voltou a ser o mesmo. Daí que não podemos garantir que teríamos sido mais felizes, se falaríamos castelhano ou galaico-português, se teria havido franquismo ou não, porque imaginar o que “teria sido se… “ não passa de um exercício de mera especulação futurológica.
Como já não sou completamente ingénuo não acredito que tivesse sido apenas o sentimento patriótico da população a empurrar os fidalgos para a frente. A população, ou seja, o dito Povo, é tão potencialmente corrompível como as elites governantes ou as próximas e usufrutuárias do poder. Porém as benesses que o poder pode administrar e distribuir, vão sendo filtradas pelas diferentes camadas da pirâmide social e raramente chegam à base maioritária. Mas não há perigo pois esta é passiva esparsa e desorganizada e além disso era bem domesticada pela Igreja (agora é pela televisão). Nas épocas difíceis, quando as benesses não chegam sequer às camadas intermédias começa a haver o típico mal-estar, pois estas já têm grande capacidade reivindicativa e não se deixam comer por parvas que é o que se passa agora.
No século XVII as camadas intermédias, a pequena, a média e a alta burguesia, já deviam ter alguma expressão. Mas o povo sem eira nem beira era esmagador em termos numéricos. E este vai sempre para onde o mandarem desde que quem o mande tenha reconhecida autoridade de qualquer espécie, seja de ordem terrena ou divina.
E entretanto as benesses de Castela, ocupada no seu expansionismo Católico, na luta contra Protestantismo Anglicano, nomeadamente com o esforço de Guerra contra os “orangistas” da Flandres, deviam estar a ser sugadas pelos seus grandes, e nada sobrava para os nossos…. Estavam pois criadas as condições…e zás! Aí vai disto! Pronto!
Do mesmo modo, também não acredito que na meia ilha que é Timor Leste, fossem apenas os populares a desejar a independência e a concomitante separação da gigantesca Indonésia da qual faziam parte integrante em termos geográficos (bem sei que a administração era portuguesa que sempre foi muito pouco expressiva). Não é estranho que a vocação para independência surgisse quando se descobriu petróleo no mar de Timor? Tal como nos idos do Século XVII, descobríamos o ouro do Brasil…
É tão chata a lucidez. Já não há heroísmo possível, nem ideais credíveis!
E já agora onde é que estavam os militares no 25 de Abril? É melhor nem puxar pela ponta da meada.
2005-1143 = 862
Mas a verdade é que já existimos como nação independente há quase novecentos anos…Será por acaso?
VIVA PORTUGAL!
Um beijo para comemorar a independência.
Jacques
01/12/05 14:15:26
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Esta madrugada sonhei fazer parte de um grupo de embuçados que entraram pela noite calada no palácio de S. Bento, liquidaram e jogaram pela janela o Déficit , puseram a ferros a Duqueza da Corrupção, a regente e todo a sua corte (da qual faziam parte inesperados titulares) e estabeleceram o Quartel General da Restauração da Independência Económica Nacional com um vasto programa de reformas que contará com a participação de toda a população.
2005- 1640 = 365
Há 365 anos, provavelmente, na madrugada chuvosa, como esta inesperadamente se pôs, quarenta portugueses, fidalgos (vestidos e ataviados como os três mosqueteiros, ou como as personagens d’ “A Ronda Nocturna” do Rembrandt, o velho flamengo) com risco das suas próprias vidas, entraram à socapa no palácio do governo Castellano, tendo contado decerto com a conivência da guarda, espetaram e defenestraram o pobre Miguel de Vasconcelos, que estava em comunhão de cama e mesa e provavelmente de roupa lavada com a belíssima (seria?) Duquesa de Mântua, a regente que foi logo ali aprisionada.
Após muitas e duras escaramuças, lograram devolver a Portucale a sua problemática e sempre ameaçada independência.
Terá sido mesmo assim? Provavelmente o Mattoso, que eu não fui consultar, terá uma versão mais nuanceada e mais próxima daquilo que poderemos reconstituir da realidade que é sempre mais diversa e complexa que o mito que sobrou para a divulgação histórica.
Coitados dos quarenta fidalgos! Saberiam o que faziam? Ou teriam eles interesses que estavam a ser ameaçados pela dominação castelhana?
Se tivessem sido oportunamente saciados ter-se-iam deixado ficar quietos nos seus palácios? Ou seriam mesmo patriotas?
A verdade é que fizeram aquilo que fizeram e o rumo da história peninsular não voltou a ser o mesmo. Daí que não podemos garantir que teríamos sido mais felizes, se falaríamos castelhano ou galaico-português, se teria havido franquismo ou não, porque imaginar o que “teria sido se… “ não passa de um exercício de mera especulação futurológica.
Como já não sou completamente ingénuo não acredito que tivesse sido apenas o sentimento patriótico da população a empurrar os fidalgos para a frente. A população, ou seja, o dito Povo, é tão potencialmente corrompível como as elites governantes ou as próximas e usufrutuárias do poder. Porém as benesses que o poder pode administrar e distribuir, vão sendo filtradas pelas diferentes camadas da pirâmide social e raramente chegam à base maioritária. Mas não há perigo pois esta é passiva esparsa e desorganizada e além disso era bem domesticada pela Igreja (agora é pela televisão). Nas épocas difíceis, quando as benesses não chegam sequer às camadas intermédias começa a haver o típico mal-estar, pois estas já têm grande capacidade reivindicativa e não se deixam comer por parvas que é o que se passa agora.
No século XVII as camadas intermédias, a pequena, a média e a alta burguesia, já deviam ter alguma expressão. Mas o povo sem eira nem beira era esmagador em termos numéricos. E este vai sempre para onde o mandarem desde que quem o mande tenha reconhecida autoridade de qualquer espécie, seja de ordem terrena ou divina.
E entretanto as benesses de Castela, ocupada no seu expansionismo Católico, na luta contra Protestantismo Anglicano, nomeadamente com o esforço de Guerra contra os “orangistas” da Flandres, deviam estar a ser sugadas pelos seus grandes, e nada sobrava para os nossos…. Estavam pois criadas as condições…e zás! Aí vai disto! Pronto!
Do mesmo modo, também não acredito que na meia ilha que é Timor Leste, fossem apenas os populares a desejar a independência e a concomitante separação da gigantesca Indonésia da qual faziam parte integrante em termos geográficos (bem sei que a administração era portuguesa que sempre foi muito pouco expressiva). Não é estranho que a vocação para independência surgisse quando se descobriu petróleo no mar de Timor? Tal como nos idos do Século XVII, descobríamos o ouro do Brasil…
É tão chata a lucidez. Já não há heroísmo possível, nem ideais credíveis!
E já agora onde é que estavam os militares no 25 de Abril? É melhor nem puxar pela ponta da meada.
2005-1143 = 862
Mas a verdade é que já existimos como nação independente há quase novecentos anos…Será por acaso?
VIVA PORTUGAL!
Um beijo para comemorar a independência.
Jacques
BEIJOS!
VIVA PORTUGAL!
VIVA PORTUGAL!
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