BEIJOS!!!
quarta-feira, dezembro 31, 2008
Receita de Ano Novo Feliz!
BEIJOS!!!
sábado, dezembro 27, 2008
A Anatomia, o circo da vida e as coincidências...
O grupo de aulas práticas era simpático, os rapazes camaradas, e o assistente, um bonito e elegante homem muito cordial, mas sem grandes intimidades. As suas aulas eram interessantes, mas sempre com o aviso que não suportaria qualquer crise de histeria por parte de alguma das senhoras, se acaso fossem vitimas das costumadas brincadeiras por parte dos “machos” mais velhos do curso, principalmente na época da praxe, (um dedo ou qualquer outra pequena “peça” anatómica nos bolsos das batas). Desde Março, e por indicação do Vasco, um amigo que frequentava Arquitectura em Belas-Artes, em casa de quem almoçava à quarta-feira, passei a visitar o Zé, internado sob prisão, em Traumatologia no piso 7. Sofrera um aparatoso acidente de viação no final de Janeiro, quando a PIDE perseguiu o carro em que transportava propaganda política. Fractura do fémur, que obrigou ao internamento no hospital da Faculdade, impedido de visitas, e guarda à porta…
“Até para a semana Papoila, obrigado, és um amor, todas as semanas vens ver-me!”
“Deixa-te disso, Zé! Não tens nada a agradecer! Até para a semana!”
“Estão a ver este? É para a aula de hoje. Está fresquinho, acabado de sair do bloco… Estão a ver porquê? Isto aqui é um tumor ósseo, tiveram de lhe amputar o membro pela anca, um rapaz novo, não tem mais de 18 anos… Não o estraguem muito durante a aula, porque o joelho está muito bom, e pretendo dissecá-lo! Ainda me vão dar um bom dinheirinho por ele…”
Não ouvi mais nada… Acordei, com o Dr. Costa a bater-me suavemente na face enquanto ouvia ao longe:
“Minha senhora, então? Minha senhora, então?”
“Eu conheço a história daquela perna! Eu conheço a história daquela perna! Como vim aqui parar? Que estou a fazer aqui? Eu conheço a história daquela perna!”
“Vá lá acalme-se, e conte-me o que se passou, pregou-nos um grande susto…está sem sentidos há quatro minutos, e tivemos de a trazer ao colo até cá abaixo. O Manel do bar vai trazer-lhe um chá, mas primeiro vai contar-me o que se passou!”
Enquanto enxugava as lágrimas e limpava o nariz ao lenço que gentilmente me cedera, contei-lhe entre soluços que tinha ouvido a história do membro amputado pouco antes do início da aula, e não podia suportar a ideia de ver a perna, sem conhecer o dono, e ainda mais ter ouvido que se podia ganhar bom dinheiro com a preparação de um joelho de alguém que estava vivo, e amputado.
“O Sr. Dr. desculpe-me! E tiveram de trazer-me ao colo! Que vergonha!”, enquanto esperava o “ralhete” que iria seguir-se…
O Dr. Costa endireitou-se, enquanto me dizia.
“ Compreendo o que está a sentir, hoje está dispensada das aulas, depois de tomar o chá pode ir para casa, garanto-lhe que ninguém vai preparar o joelho, mas na próxima aula vou perguntar-lhe onde se inserem todos os músculos na zona e todos os elementos que o constituem. Agora vou para cima, dar a aula aos seus colegas, e dizer-lhes que está bem! Até à próxima aula!”
Na aula seguinte, lá fui eu ao cadáver fazer a demonstração da sessão anterior, e não me portei mal… Não voltei a visitar o Zé! O Vasco, a Carlota, a Fáfá e a Chinha bem insistiram, mas eu só dizia:
“Não sou capaz de olhar o rapaz de quem conheci primeiro o membro amputado!”
Há uns meses na consulta de reforço, recebi um doente sem médico de família, com uma prótese total do membro inferior direito, que me contou que aos 18 anos fora amputado por um cancro ósseo da tíbia. Após a operação no hospital da Universidade, tinha sido internado em Alcoitão e recuperara na totalidade. Estava simplesmente engripado, e queria fazer exames de rotina para saber se tudo estava bem! Olhava-o de tal modo surpresa que me perguntou:
“Está a sentir-se bem Drª? Está a ficar tão pálida, precisa que chame alguém?”
Atrapalhada pela preocupação que estava a provocar ao doente que me procurava pela primeira vez, contei-lhe a história de uma outra amputação na mesma época da sua… Não era outra, era ele mesmo… e ainda se encontrava com o Zé pois ficaram amigos! Há dias eu a Carlota o Zé e Hugo (chama-se assim o dono da perna) fomos tomar café juntos! O Vasco, um arquitecto de nome, agora professor, não pode estar presente, mas telefonou-nos!
Um dia destes vamos jantar todos juntos.
BEIJOS!!!
sexta-feira, dezembro 19, 2008
Vou pedir este Natal...
por quem as sabe beijar…
compreensão… compaixão…
simplesmente
aceitar as pessoas
sustentar-nos do abraço.
dizer amo-te com o olhar...
e da cobiça
que nos rodeia
do beijo na alma
que nunca chega!
o Menino que por amor
se ofereceu em doação
FELIZ NATAL!
domingo, dezembro 14, 2008
penso em ti...
BEIJOS!!!
sábado, dezembro 06, 2008
Saudade
do instante…
Supremo instante a
que todos somos vulneráveis.
O teu sorriso devasta as sombras;
afasta o tumulto das mariposas negras
que voam em redor na escuridão.
As estrelas afastam-se…
voo com elas
apago meu olhar …
reflecte no solo recordações que vagueiam
nesta estranha nave…
A agulha cansou-se de suturar as feridas
imobilizada pela ausência
das tuas palavras.
Saudade!
BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!
segunda-feira, dezembro 01, 2008
PELOS TRILHOS DO BETÃO e outros contos, leitura de Dezembro
quarta-feira, novembro 12, 2008
Encerrado temporariamente...
sexta-feira, novembro 07, 2008
deixa a chuva chover...
na rua...na alma…
Deixa a chuva pingar
nos telhados
nos campos…
BEIJOS!!!
sábado, novembro 01, 2008
Rosa Brava, leitura de Novembro
“No mesmo dia em que Briolanja Mendes foi a sepultar, na campa rasa de um montezinho situado a pouco menos de meia légua das terras pertencentes à casa do conde de Barcelos, D. Leonor Teles de Menezes cumpriu uma jura antiga: abandonou o marido e o filho e partiu para Lisboa. A decisão, tomada tempo antes de a velha Briolanja se extinguir, deixou D. João Afonso Telo, conde de Barcelos, louco de fúria não apenas por ver na aventura da jovem sobrinha uma traição infame ao marido e um acto de desamor pelo filho, mas também por considerar a fuga uma cruel avania contra quem, como ele, fora o único a substituir-se no afecto dos pais Martim Afonso Teles de Menezes assassinado em Toledo pelo cruel D. Pedro de Castela, e D. Aldonça de Vasconcelos, falecida prematuramente em consequência do rescaldo da Grande Peste que varreu um terço da população europeia.”
ROSA BRAVA, José Manuel Saraiva, OFICINA DO LIVRO, 10ª edição, Maio de 2008
domingo, outubro 26, 2008
Sei onde te encontro...
entre o racional e o emocional
entre o silêncio e as palavras.
Entre os sonhos e o visível
entre a soma e o resto
entre o perdão e o esquecimento
entre a ausência e a paixão…
Entre a água e o fogo
entre o céu e a terra
entre a flor e o mato
entre a montanha e o mar.
Entre o que se disse e não disse
nesse lugar encantado
está escondido o segredo
que por uma vez foi Sol.
Entre a amizade e o amor
nesse mundo mágico, procuro-te.
Sei que é aí que te encontro!
BEIJOS!!!
sábado, outubro 25, 2008
Parabéns Ana Scorpio!
Um dia muito feliz... um presente muito simples...
terça-feira, outubro 21, 2008
tempo de reflexão...
BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!!
quarta-feira, outubro 15, 2008
conheço este perfume...
que escrevem poesia
BEIJOS!!!
quinta-feira, outubro 09, 2008
Noite dentro...
BEIJOS!!!
domingo, outubro 05, 2008
R/ Empedernir...
(quem diria…)
menos digestiva.
Tome-se um pouco de areia,
beba-se água,
Mastigue-se e misture-se bem!
Conforme o estado geral,
e a situação digestiva do momento,
aumente-se,
as doses de areia e água,
até ficarmos nós mesmos
um corpo
BEIJOS!!!
quinta-feira, outubro 02, 2008
"1808", leitura de Outubro e Prémios
Livros d'Hoje Publicações D. Quixote, Laurentino Gomes e Publicações D. Quixote, 6ª Edição, Lisboa Maio de 2008.
PRÉMIOS
que será distribuido assim num "dois em um", por todos os bloguistas atingidos pelos dardos... e mais alguns e que são...*Ana Scorpio* *Teia de Ariana* *A VER O MAR...* *Eu, tu, o arco-íris e os vizinhos* *Zé Povinho* *O GUARDIÃO* *SEXTA-FEIRA* *MUNDOAZUL* *Ave sem asas* *Brancamar* *Floresta de Lorien* *O Cantinho da Terra do Nunca (Sininho e Peter Pan)* *Simplesmente Manuela* *Mar de Chamas (agulheta)* *Miudaaa* *Impulsos (Cleo) * *Atordoadas (Art of Love)* *Rafeiro Perfumado* *O Cantinho da Tibéu* *Recalcitrante (Meg)*
A minha vizinha do blog Eu, tu, o arco-íris e os vizinhos , selou-me com um selo que um rafeiro que gasta o stock de perfume dado que se chama Rafeiro Perfumado criou para distribuir por todos aqueles que possuam um“Blog onde não se maltratam cães nem gatos, mas onde ocasionalmente se esborracham umas moscas (ou umas melgas)”!, e que aqui deixo a todos os meus amigos bloguistas amigos de cães e gatos principalmente os já citados que não tenham ainda sido "selados" quer pela vizinha que voa e assina Se eu fosse puta, tu lias? quer pelo Rafeiro que se Perfuma... e estes por sua vez devem sentir-se atingidos pelos dardos... e depois de tanto link não se admirem que pare por um tempo... eheheeh...BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!!! BOA LEITURA!!!!
segunda-feira, setembro 29, 2008
... quero-te!
e pelo que não és…
BEIJOS!!!
sexta-feira, setembro 26, 2008
Vieste!
" - António a ferida está feia, muito feia mesmo. Queres fazer o tratamento? Estás disposto a tomar o antibiótico se o receitar?"
" - Passe lá!... Desta vez, eu tomo...".
Mas por detrás da afirmação, aquele lume aceso no fundo dos olhos, garantia-me o contrário… Não consegui convencê-lo de modo algum, e na minha ausência, durante as férias, foi internado no hospital central. A ferida gangrenou e a perna direita foi-lhe amputada pelo meio da coxa. Foi o começo da bola de neve do que viria a seguir… Tudo correu mal! Ainda hospitalizado fez uma trombose, ficou paralisado à direita, e sem falar… Quando no regresso o fui ver a sua casa, chão de terra, cama de ferro, paredes de pedra escura de fumo, porta de frinchas e muitas, muitas moscas, nada mexia no seu lado direito, e os seus olhos parados em mim não tinham lume... Cuidava (?) dele uma irmã mais velha e solteira, que durante toda a visita me olhava rancorosa enquanto desfiava o “rosário” das consumições que o António sempre lhe causara e ainda causava agora…
"- Neste estado! Que vai ser de mim?"
"- António, o que pensas de ir viver para o Lar de Santo António? Posso tratar disso, e a tua irmã pode ir lá visitar-te." Disparei eu…
Vivia no lar há dois meses e pela primeira vez lhe ouviram palavra. Estendi-lhe a mão com os olhos rasos de água, sentei-me ao seu lado e ficamos de mãos dadas. Ninguém imaginava lá no lar que o António gostava de ler, mas a partir daquele dia, passou a ler o jornal que lhe levavam diariamente. Fizemos um pacto. Ele mexeria o braço, e eu, iria ao bailarico de 12 de Junho lá do lar. (O António nasceu a 12 de Junho). Quando ao anoitecer entrei no salão, senti pousados em mim os olhos curiosos de residentes e funcionários, mas, lá do canto, António, em rotação acelerada de cadeira gritou:
"- Vieste!"
Poisei as tralhas na primeira cadeira, e rodopiamos os dois em boas gargalhadas. À saída, gritei-lhe da porta:
" - António, na próxima quero ver-te em pé!"
Estou certa, que quando ambos se cruzarem, Santo António o vai abraçar com ternura enquanto lhe murmura: "- Vieste!"
Esta é a minha homenagem ao António!
BEIJOS!!
segunda-feira, setembro 22, 2008
O primeiro dia de Outono...
da minha saudade…
o caminho por conhecer…
BEIJOS!!!
sexta-feira, setembro 19, 2008
Uma tarde na savana em pleno Alentejo...
BEIJOS!!!
segunda-feira, setembro 15, 2008
Assim se pinta a cor do mar...
Pequenos momentos de alegria
BEIJOS
BEIJO MEU PARA TI!!
quarta-feira, setembro 10, 2008
Na busca das cores da vida...
“Continua o teu caminho!”.
"Caminhante, tanto caminhas e ninguém te dá resposta ao que persegues nem os amigos nem os inimigos que aqui e ali semeaste…Volta para casa e sê paciente..."
BEIJOS!!!
domingo, setembro 07, 2008
O que trago para dar-te...
segunda-feira, setembro 01, 2008
"Como Pensam os Médicos", leitura de Setembro
“Anne Dodge perdeu a conta ao número de médicos que consultou nos últimos 15 anos. Pelos seus cálculos, seriam quase 30. Ainda assim, naquele ano de 2004, dois dias depois do Natal, numa manhã inesperadamente agradável, estava mais uma vez a caminho de Boston, para consultar outro especialista. O médico de família não concordou com a viagem, a pretexto que os problemas de Anne eram já antigos e estavam tão bem definidos que esta nova consulta seria inútil. Mas o namorado insistira de forma obstinada. Anne pensou para si mesma que a consulta apaziguaria o namorado e estaria de volta a casa antes do meio-dia. Anne está na casa dos 30, tem cabelo castanho claro e olhos azuis doces. Cresceu numa pequena cidade do Massachussetts, com mais três irmãs. Ninguém tinha uma doença parecida coma a sua. Por volta dos 20 anos, descobrira que não se dava bem com a comida. Depois de uma refeição sentia como se uma mão lhe agarrasse o estômago e lho torcesse.”
Como Pensam os Médicos, Jerome Groopman, Universidade de Harvard, tradução de Ana Glória Lucas, CASA DAS LETRAS, Lisboa, Fevereiro de 2008
BEIJO MEU PARA TI!!
BEIJOS!!!
domingo, agosto 17, 2008
Minhas Gaivotas
ATÉ JÁ!
sexta-feira, agosto 15, 2008
sempre teus olhos... PARABÉNS!
Com o mundo entre as mãos
fugia correndo à cega…
–com seu brilho de menino-
BEIJO MEU PARA TI!
VIVA O DIA 15 de AGOSTO!!
domingo, agosto 03, 2008
como um barco...
BEIJOS!!!
quinta-feira, julho 31, 2008
p.s. - eu amo-te, leitura de Agosto
Pode pois imaginar-se o desgosto de Holly quando antes de fazer 30 anos perde tragicamente Gerry, vítima de um tumor cerebral. Agora, ao recordar todos esses momentos de pura felicidade sente-se perdida no presente sem Gerry. Ahern descreve cuidadosamente o processo de luto após a sua morte. Holly tem de aprender a viver só, tarefa que lhe parece impossível. Ajuda-a a mão orientadora de Gerry que de uma forma muito engenhosa perpetua a sua presença junto da mulher amada ao deixar-lhe em cartas uma lista de tarefas para os 12 meses que se seguem à sua morte onde Holly virá a encontrar a esperança e a aprender a viver de novo.
O livro já adaptado ao cinema é uma leitura fascinante e mais uma vez uma adaptação que decepciona…
Começa assim:
“Holly encostou a camisola de algodão azul de encontro à face e o cheiro familiar feriu-a imediatamente, uma dor devastadora dando-lhe um nó no estômago e atacando-lhe o coração. Picadas subiram-lhe pela nuca e um aperto na garganta ameaçava sufocá-la. O pânico instalou-se. Para além do zumbido baixo do frigorífico e do gemer dos canos do aquecedor eléctrico, a casa estava em silêncio. Ela estava sozinha, A bílis subiu-lhe à garganta correu à casa de banho onde caiu de joelhos em frente da sanita.
Gerry tinha-se ido embora e nunca mais iria voltar. Esta era a realidade. Ela nunca mais iria deixar correr os seus dedos sobre o suave cabelo dele, nunca mais partilharia uma piada por cima da mesa num jantar de festa, nunca mais lhe iria gritar quando chegava a casa do trabalho e apenas precisava de um abraço, ela nunca mais iria partilhar uma cama com ele, nunca mais seria acordada pelos ataques de espirros dele em cada manhã, nunca mais riria tanto com ele que estômago acabava por lhe doer, nunca mais poderia discutir com ele de quem era a vez de se levantar para ir desligar a luz do quarto de dormir. Tudo o que restava era um monte de memórias e uma imagem da cara dele que se tornava mais vaga a cada dia que passava.”
Quem já viu o filme, se gostou, não deixe de ler o livro!
p.s. – eu amo-te, Cecília Ahern, tradução de Helena Barbas, EDITORIAL PRESENÇA, Lisboa, 2008
Boa Leitura!
BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!!
domingo, julho 27, 2008
Fado!
Fado!
Fado!
BEIJOS!!!
quarta-feira, julho 23, 2008
... o meu perfume de infância...
BEIJOS!!
sábado, julho 19, 2008
O jardim dos olhos teus...
BEIJOS!!!
quinta-feira, julho 10, 2008
"O médico que só sabe Medicina, nem Medicina sabe"
Terminou com 20 valores o Curso de Medicina e doutorou-se em 1915, na Faculdade de Medicina do Porto, com um Ensaio de Psicologia Filosófica, dissertação muito influenciada por Taine, a quem o júri atribuiu a classificação máxima.
Em 1919 era o professor da cadeira de Histologia da Faculdade de Medicina do Porto e foi o fundador e director do Instituto de Histologia e Embriologia, um centro de estudos muito modesto onde concebeu e realizou uma série de trabalhos de investigação notáveis, de que se destacam as pesquisas relativas à estrutura e evolução do ovário. Introduz concepções científicas próprias sobre a atrésia do folículo de Graaf, estabelece as bases da evolução pós-fetal do ovário e descreve os seus tipos principais.
O magistério de Abel Salazar era aberto ao diálogo com os seus alunos, com o objectivo de despertar o entusiasmo criador.
Desenvolveu métodos para estimular a inquietação científica dos seus alunos, procurando desenvolver as qualidades intelectuais e humanas de cada um. Ensinou-os a serem críticos em face do conhecimento estabelecido, porque sabia bem como muito dele era transitório.
Defendia a supressão da avaliação quantitativa e a redução ao mínimo da intervenção do professor na aprendizagem.
Em 6 de Julho de 1933, ingressou na loja maçónica do Porto «Lux et Vita», uma das lojas do Grande Oriente Lusitano Unido.
Os dois primeiros artigos desse decreto-lei diziam o seguinte:
«Art. 1º. Os funcionários públicos ou empregados, civis ou militares, que tenham revelado ou revelem espírito de oposição aos princípios fundamentais da Constituição Política, ou não dêem garantia de cooperar na realização dos fins superiores do Estado, serão aposentados ou reformados, se a isso tiverem direito, ou demitidos em caso contrário.
Art. 2º. Os indivíduos que se encontrarem nas condições do artigo anterior não poderão ser nomeados ou contratados para quaisquer cargos públicos nem admitidos a concurso para provimento neles. Neste mesmo ano, começou a ser perseguido por razões de ordem política e foi compulsivamente afastado da regência da sua cátedra.
Apesar de expulso da Faculdade e das múltiplas dificuldades que lhe foram levantadas, publicou muitos trabalhos de índole científica, de marcada originalidade e alguns de grande repercussão no estrangeiro, desenvolvidos num pequeníssimo laboratório instalado num vão das escadas da Faculdade de Farmácia.
Dizia de si próprio:
” Esclareço que nunca fui um político; toda a minha vida me ocupei unicamente da actividade intelectual.”
Toda a sua actividade intelectual revela o democrata enérgico e activo, tantas vezes revoltado, na sua enorme ânsia de verdade e justiça social.
Além de cientista de renome internacional, Abel Salazar, notabilizou-se como pedagogo, artista plástico, ensaísta, crítico, filósofo criador e sistematizador, divulgador de doutrinas e ideais progressistas.
São várias as suas obras escritas:
Notas sobre a Filosofia da Arte, 1933. Está reeditado desde 2005.
A Posição Actual da Ciência, da Filosofia e da Religião, 1934
Evolução Histórica do Pensamento, 1934
A Socialização da Ciência, 1933
A Função Social da Universidade, 1934
Uma Primavera em Itália, 1934
Um Estio na Alemanha, 1935
A Ciência e o Momento Actual, 1938
Reflexões sobre a História, 1938
Paris em 1934, 1938
Digressões em Portugal, 1938
Recordações do Minho Arcaico, 1939 , reeditado desde 2002
O Que é a Arte? 1940 , está reditado desde 2003
A Crise da Europa, 1942
Henrique Pousão, 1947
Foi também crítico de Arte de que se evidenciam os seus exaustivos estudos sobre o pintor Henrique Pousão, as suas apreciações sobre Soares dos Reis, e Columbano entre tantas outras figuras de artistas nacionais e estrangeiros, e os seus escritos sobre a Filosofia da Arte.
O seu pensamento diversificado manifesta-se em «A Crise da Europa», estudos de divulgação, interpretação e crítica sobre «O pensamento positivo contemporâneo», sobre a filosofia das ciências e das religiões, a maior parte deles inéditos ou esparsos em jornais e revistas nacionais ou estrangeiros (principalmente em «O Diabo», «Sol Nascente», «O Trabalho», «Esfera» e «Seara Nova»), escritos do mais alto valor intelectual que carecem ser urgentemente reunidos, sistematizados e estudados por equipas de especialistas. Neste sector, são de recordar as suas obras: «A Socialização da Ciência», «O Condicionalismo Limitante e a Ciência», «Influência da Totalização da Experiência sobre a Evolução do Pensamento», «A Ciência e o Direito», «Indivíduo e Colectividade», «Clerocracia», «História Científica das Religiões».
Discursam o republicano histórico Dr. Eduardo Santos Silva e o Prof. Ruy Luís Gomes que, seguidamente, é preso. No seu funeral encontram-se portugueses de todas as condições, numa verdadeira consagração nacional.
Após a morte de Abel Salazar, em 1946, foi organizada a Fundação Abel Salazar, por iniciativa do Prof. Ruy Luís Gomes e de um grupo de Amigos, que promoveu a abertura ao público de parte da Casa-Museu, com a exposição da sua obra artística (1950).
Aí, estão expostas as variadas expressões da Arte Viva, marcadamente pessoal, profundamente humana e plena de beleza, de Abel Salazar. Para preservar a Casa, o espólio por ele deixado, e vencer a sistemática oposição das autoridades da época para legalizar aquela Fundação, esta passou a constituir-se, em cooperativa (1963) sob a presidência do Prof. Alberto Saavedra, onde promoveu iniciativas de vulto. As reuniões deste grupo de mulheres e homens, que constituíam os órgão de direcção, na maioria seus amigos pessoais, e opositores ao regime conhecidos, efectuavam-se semanalmente em casa de meu avô materno, a casa da minha infância. Abel Salazar faz parte da minha memória embora tenha nascido já depois da sua morte.
Devido, também, à grande dedicação que esta "obra" sempre mereceu ao Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, este conseguiu que aquela Instituição comprasse a casa e o seu recheio, após a morte da viúva de Abel Salazar (1965) e adquirisse uma valiosa colecção de suas obras artísticas, pertencentes à sua irmã (1971).
Nesse período foram executadas obras de restauro que a adaptaram a Casa Museu e foi construído no jardim um Pavilhão de Exposições.
Em 31 de Maio de 1975, numa superior atitude de isenção, a Fundação Gulbenkian fez a doação da Casa-Museu, à Universidade do Porto. Em 2005 esta foi totalmente remodelada.
Este é o meu tributo a esta figura impar do século XX em Portugal.