minha infância pouco a pouco vi passar,
ela fugiu sem que eu me desse conta,
sonhando com voar.
Ir brincando com o vento,
além sobre a agua um momento.
Viver sonhando, à beira do mar,
junto das rochas,
um dia aprendi a voar,
aprendi a voar
como as minhas gaivotas.
E fugi longe dali
naquele dia,
sem olhar para trás julguei
que nunca mais voltaria.
Encontrei um cardo, uma flor,
um sonho, um amor, uma tristeza,
fui sozinho e logo fomos dois,
um beijo, um adeus, todo começa.
Outra canção, outra ilusão, outras coisas,
e farto já de andar
voltei a procurar
minhas gaivotas.
E não as vi,
elas também se foram
desse lugar que um dia nos juntou,
fiquei sozinho buscando na areia,
a infância que já passou.
Elas não hão de voltar mais,
elas a deixaram para trás,
debaixo da areia, à beira do mar,
ao lado das rochas
que não sabem voar,
que não sabem voar
como as minhas gaivotas.
E assim vou, mais triste vou
que nesse dia,
quando sem olhar para trás julguei
que nunca mais voltaria.
Joan Manuel Serrat
ATÉ JÁ!
ATÉ JÁ!
BEIJOS!!