
BEIJOS!!
BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!!
Sonhos despertam meus sentidos
passeiam em nuvens de algodão
encantam -me a alma e o coração...
Num céu de estrelas
na cauda de um cometa
um sonho passa... e diz:
Das queridas amigas Maria Elisa e Ana S. recebi este meme relacionado com família.
Vou falar-vos do meu tio Bau, e do papel que ele representou no que vivemos juntos. Melhor ainda, falar-vos do que dele fruí, através da lição constante da sua conduta diária, que continua viva em mim.
Cada um de nós tem na sua vida, tal qual um navio, um livro de bordo onde regista os pequenos e grandes acontecimentos do seu roteiro... A nossa memória conserva o rasto dos dias passados, e regista-os nesse livro… Registam-se os acontecimentos que dão consubstancia aos factos a que chamamos realidade, mas muito mais importantes são as pessoas que connosco os contracenaram, e é sempre com íntimo prazer que o reconhecemos. No instante em que a vida me pregou a partida de me obrigar a assinar a certidão de óbito do meu tio, naquele momento, morria um pedaço de mim...mas o meu veleiro prosseguiu viagem, e só inteiro o poderá continuar a fazer. Falar-vos do Bau, é falar do meu assumido pai, que na sua humildade peculiar, sempre se remeteu ao papel de tio enquanto engrandecia a figura do meu verdadeiro pai, que me ensinou a venerar. O Bau, amava a vida como um valor sagrado e absoluto, com um ardor ingénuo e infantil, que, como nos diz Eugénio de Andrade, a cada instante nos fazia regressar àquela terra mítica sem fronteiras de onde somos expulsos cedo demais - a nossa infância. O Bau, no seu contacto com todos os miúdos que o conheceram, tinha o privilégio de saber regressar ao "país do faz de conta", despido de qualquer artifício, inteiro, verdadeiro, pela sua relação com o Mundo que se mantinha natural, no que de mais elevado existe na natureza humana, a simplicidade. Este seu relacionamento com o Mundo, não visava vir a adquirir qualquer concretização exterior, mas baseava-se na sua compatibilidade inata com a natureza e os homens, isenta de auto ilusão e perfídia. O Bau, em todos esses momentos não foi um cúmplice crescido, mas um menino grande, que sabia coisas que os meninos precisam aprender... E naquelas longas passeatas a pé, ou de automóvel (arredados das odiadas auto-estradas) havia sempre lugar para mostrar um fóssil, uma árvore, um mirante, uma estátua, um artesão, um livro, um monumento, um quadro, um bichinho. Regressado a um confiante estado infantil, que aflorava à sua superfície sem qualquer fabricação consciente, transmitia-nos facilmente o valor fundamental do exercício da verdadeira Democracia, a livre discussão das ideias. Agora, aqui, de volta desse reino da infância que o Bau deixou gravado em mim, cito de novo o poeta:
"Para que estrela estás crescendo, para que estrela matutina? Diz-me, diz-me ao ouvido, se é tempo ainda, eu e essa nuvem, essa nuvem alta, de irmos contigo!" (Eugénio de Andrade)
PARA TI UM BEIJO MEU!
BEIJOS!