INTUIÇÃO é o primeiro romance de Allegra Goodman publicado em Portugal. Allegra, nasce em Nova Iorque, Brooklyn e com 2 semanas vai para o Hawai, onde vive até ingressar na Universidade de Harvard para se licenciar em Inglês e Filosofia. Casa-se quando termina a licenciatura e vive um ano em Inglaterra. Regressa aos EUA e obtém o doutoramento em inglês em Stanford. Este seu terceiro romance foi considerado pela crítica o melhor livro de ficção em contexto científico de 2006 pela revista The New Worker.
Em ciência pode comprometer-se uma investigação quando o rigor e a intuição se chocam. O romance retrata os dilemas pessoais e profissionais actuais.
Na história, passada na sua maior parte num laboratório de pesquisa e renome em Bóston, cruzam-se um médico oncologista muito conceituado sedento de sucesso e publicidade, uma cientista apaixonada pela investigação e um investigador jovem e ambicioso que se encontra à beira da demissão.
A trama inicia-se quando é feita uma descoberta importante e revolucionária que pode ser muito promissora. A mutação de um vírus pode abrir novas perspectivas e ser a pista ainda não encontrada na cura para o cancro.O espaço até aí frio e racional do laboratório começa a criar condições para as ambições e sonhos de todos os que nele trabalham. No entanto, à medida que a investigação progride, a credibilidade dos resultados começa a ser posta em causa: uma das investigadoras, em recuperação de uma relação falhada com o colega que apresentou os novos resultados, questiona-os e lança toda a equipa numa espiral de desconfiança, inveja e desilusão.
INTUIÇÃO è um romance muito actual, que prende o leitor da primeira à última página e levanta permanentes questões quando a razão e a intuição colidem.
Poderá uma promessa de vida revelar-se fatal?
Estas algumas das críticas da Imprensa:
"Intuição é uma expedição fascinante às intrigas que fervilham no local de trabalho."USA Today "De absoluta qualidade em todos os aspectos. Um romance fabuloso."Kirkus Reviews "Um romance verdadeiramente humanista, nascido dos assépticos limites da ciência."Publishers Weekly
“Beth tinha ido à mesa dos doces quando Kate regressou, com um volume gasto dos ensaios de Francis Bacon.
Agora, sem nada que lhe tirasse a atenção, Cliff voltou-se para Kate, e ela sentiu o seu sorriso afagá-la, como se ambos estivessem muito próximos, e as sobrancelhas o nariz e os lábios dele tocassem levemente nos seus. Quis sentar-se junto a ele, mas era demasiado tímida.
Encontrei isto – exclamou sentando-se tão próxima de que era capaz, apenas um degrau abaixo. – Este é o ensaio sobre a “verdade”.
- Excelente. – Inclinou-se sobre o ombro dela para ver a página.
- “O que é a verdade?, perguntou Pilatos com ironia, sem esperar resposta…” – A voz tremia-lhe mal começara a ler. Esperava que ele compreendesse porque tinha escolhido aquele ensaio, que compreendesse o significado do gesto: todas as mentiras, dúvidas, toda a fealdade da investigação se reduziriam a nada. No final, a verdade do que ele havia feito, tudo o que seu pai, Marion, o laboratório inteiro tinham conseguido sobressairia. – “A verdade é uma luz diurna, nua e livre” – continuou lendo -, “que não mostra máscaras, pantominas e triunfos do mundo com tanta majestade e elegância como a luz das velas. Talvez a verdade seja como uma pérola, que se observa melhor à luz do dia, mas não como um diamante ou carbúnculo, que pedem luz mais matizadas…”
- Espera. Mais devagar - pediu ele.
- Queres ler tu?
- Estou ligeiramente…Só preciso de acompanhar um pouco mais lentamente – disse. – Então a verdade é uma pérola, e o que era o diamante?”
In INTUIÇÃO, Allegra Goodman, tradução de Vítor Guerreiro, Porto – Editora, Lda, Novembro de 2007, pág 278 de 382.
BOA LEITURA!
BEIJOS!!!