Isabel Allende nasceu em Lima no Peru em 1942, mas tem a nacionalidade chilena. Trabalhou como jornalista desde os 17 anos e abandona o seu país depois do golpe militar de Pinochet.
Adoro a sua escrita, e li a sua última obra A SOMA DOS DIAS com avidez, e em permanente estado de encantamento.
A obra está entre a memória e autobiografia e conta-nos a história da sua família, a sua “tribo” como ela lhe chama, no período que se segue à morte da sua filha Paula. Começa quando a família se reúne na cerimónia de espalhar as cinzas de Paula e desenvolve-se como uma carta que lhe é dirigida, onde sua mãe lhe vai contando o que acontece após a sua morte à família e a todos os amigos mais íntimos que se reúnem na sua casa da Califórnia, uma casa aberta sempre cheia de gente e personagens que fazem parte da “tribo”. É uma viagem pelas suas mais profundas emoções, recheada de êxitos e sofrimento, encontros, amores, divórcios, crises matrimoniais em que a própria autora é a protagonista.
É um romance baseado na sua história pessoal, a história de amor de uma mulher e um homem maduros que ultrapassam juntos períodos de grande sofrimento sem perderem a paixão e o profundo humor.
Neste sua última obra descobrimos como nasceram os seus anteriores romances e somos envolvidos no seu quotidiano. Emocionei-me, ri-me, e a minha admiração por Isabel Allende saiu reforçada. Começa assim:
“Não falta drama à minha vida, tenho verdadeiras histórias de circo para contar, mas seja como for o dia 7 de Janeiro encontra-me ansiosa. Esta noite não consegui dormir. Fomos assolados pela tempestade. O vento rugia entre os carvalhos e golpeava as janelas da casa, no culminar do dilúvio bíblico das últimas semanas. Houve inundações nalguns bairros do condado. Os bombeiros não conseguiram dar resposta a tão colossal desastre e os vizinhos vieram para a rua, com a água até à cintura, na tentativa de salvarem alguma coisa da investida da corrente. Nas avenidas principais navegavam móveis e sobre os tejadilhos de alguns carros parcialmente submersos viam-se cães transtornados à espera que aparecessem os donos, enquanto os repórteres captavam dos helicópteros as cenas deste Inverno na Califórnia, que mais parecia um furacão da Louisiana Nalguns bairros os carros não puderam circular durante vários dias, e quando por fim parou de chover e se percebeu a magnitude dos estragos mandaram vir autênticos bandos de imigrantes da América Latina, que iniciaram a tarefa de extrair a água com bombas e remover os escombros à mão. A nossa casa, alcandorada numa colina, é açoitada de frente pelo vento, que dobra as palmeiras e por vezes arranca pela raiz as árvores mais orgulhosas, aquelas que não dobram a cerviz, mas fica a salvo de inundações. Às vezes, no auge dos vendavais, levantam-se ondas caprichosas que cobrem o nosso único caminho de acesso. Nessas alturas, aprisionados, observamos de cima o espectáculo da baía enfurecida.”
A SOMA DOS DIAS, Isabel Allende, DIFEL, Difusão Editorial, SA, Outubro de 2007
Adoro a sua escrita, e li a sua última obra A SOMA DOS DIAS com avidez, e em permanente estado de encantamento.
A obra está entre a memória e autobiografia e conta-nos a história da sua família, a sua “tribo” como ela lhe chama, no período que se segue à morte da sua filha Paula. Começa quando a família se reúne na cerimónia de espalhar as cinzas de Paula e desenvolve-se como uma carta que lhe é dirigida, onde sua mãe lhe vai contando o que acontece após a sua morte à família e a todos os amigos mais íntimos que se reúnem na sua casa da Califórnia, uma casa aberta sempre cheia de gente e personagens que fazem parte da “tribo”. É uma viagem pelas suas mais profundas emoções, recheada de êxitos e sofrimento, encontros, amores, divórcios, crises matrimoniais em que a própria autora é a protagonista.
É um romance baseado na sua história pessoal, a história de amor de uma mulher e um homem maduros que ultrapassam juntos períodos de grande sofrimento sem perderem a paixão e o profundo humor.
Neste sua última obra descobrimos como nasceram os seus anteriores romances e somos envolvidos no seu quotidiano. Emocionei-me, ri-me, e a minha admiração por Isabel Allende saiu reforçada. Começa assim:
“Não falta drama à minha vida, tenho verdadeiras histórias de circo para contar, mas seja como for o dia 7 de Janeiro encontra-me ansiosa. Esta noite não consegui dormir. Fomos assolados pela tempestade. O vento rugia entre os carvalhos e golpeava as janelas da casa, no culminar do dilúvio bíblico das últimas semanas. Houve inundações nalguns bairros do condado. Os bombeiros não conseguiram dar resposta a tão colossal desastre e os vizinhos vieram para a rua, com a água até à cintura, na tentativa de salvarem alguma coisa da investida da corrente. Nas avenidas principais navegavam móveis e sobre os tejadilhos de alguns carros parcialmente submersos viam-se cães transtornados à espera que aparecessem os donos, enquanto os repórteres captavam dos helicópteros as cenas deste Inverno na Califórnia, que mais parecia um furacão da Louisiana Nalguns bairros os carros não puderam circular durante vários dias, e quando por fim parou de chover e se percebeu a magnitude dos estragos mandaram vir autênticos bandos de imigrantes da América Latina, que iniciaram a tarefa de extrair a água com bombas e remover os escombros à mão. A nossa casa, alcandorada numa colina, é açoitada de frente pelo vento, que dobra as palmeiras e por vezes arranca pela raiz as árvores mais orgulhosas, aquelas que não dobram a cerviz, mas fica a salvo de inundações. Às vezes, no auge dos vendavais, levantam-se ondas caprichosas que cobrem o nosso único caminho de acesso. Nessas alturas, aprisionados, observamos de cima o espectáculo da baía enfurecida.”
A SOMA DOS DIAS, Isabel Allende, DIFEL, Difusão Editorial, SA, Outubro de 2007
Boa Leitura!
BEIJOS!
17 comentários:
Olá Papoila
Parece-me uma boa escolha ainda por cima sendo baseada em factos reais vividos pela escritora. Prova que mesmo nos maus momentos é preciso manter a esperança e acreditar que amanhã vai ser um dia melhor.
Beijos
Paula
Papoila,
Na verdade também adoro tudo o que Isabel Allende escreve. Talvez por gostar mais de ler livros baseados em factos reais do que em ficção.
Bom fds.
Beijinhos.
As sugestões como sempre são boas, assim haja tempo e vontade.
Bom domingo.
Cumps
Já li este livro de Isabel Allende há uns meses. Creio que foi uma oferta de Natal. Foi um dos livros mais comoventes da escritora. Claro que o mais comovente foi o Paula mas A Soma dos Dias deixou-me muitas vezes de lágrimas nos olhos. O amor tudo venceu.
Beijinhos
Uma escritora de que gosto, apesar de só ter lido o Paula.
Bom Domingo.
Um abraço
Em Domingo de Maio, desejo-te um feliz dia da Mãe, querida amiga.
Com mil beijinhos e um muito obrigada por seres quem és.
Bem Hajas!
As tuas escolhas são sempre de muito bom gosto ... obrigada por partilhares connosco as tuas leituras.
Tens paciência para um desafio? Só se tiveres paciência e vontade...
Bom dia da Mãe...
Papoila. Boa escolha,por tudo que esta escritora nos conta em suas leituras,eu tenho e já li,nos deixa de lágrima no canto dos olhos,na leitura pelas palavras e fctos partilhados na escrita por Isabel Allende,gosto muito dos seu livros.
Neste dia bom dia de mãe e beijinho da tua amiga Lisa
Eu gosto.
Mas a minha mulher adora!
Um abraço.
Uma partilha muito interessante cara amiga...obrigado...
Doce beijo
Mais uma boa sugestão parece-me. A teia anda em falta com os livros Fora de Prateleira...para breve!
Olha, deixei-te também mais um prémio lá na Teia. Um beijinho grande.
Com falta de tempo para visitar os amigos,e o motivo lá pelo meu blog.Beijinhos de carinho.Salome
Ó Papoilinha estás zangada comigo??
Nunca mais apareceste...
Estou tristinha...
Dei-te um selo nem assim fostes lá...
Buáááá!!
Má.
Beijo
Manuela
OLÁ AMIGA PAPOILA
Não era um ramo de flores
Era um jardim pleno de sabores
Feito de espaços e abraços
De cores e de calores
De vermelhos como os amores....
É isso, estamos na Primavera!!!
Adoro flores e jardins cheios de cores.
Este fim de semana grande fui por aí e já encontrei campos cheios de papoilas e lembro-me sempre de TI.
Boa semana. Beijo.
Passei para te deixar um abraço e desejar um bom dia.
Beijinhos
O único livro que li de Isabel foi "A casa dos espíritos" de 1982. Conheço a história do tio-primo, Salvador Allende, pois é parte de história latino americana, mas dela não sei muita coisa.
Deixo um beijo pra ti e que tenhas uma ótima semana
Olá
Passei para rever-te.
Quantas novidades por aqui.
Bjs.
Suruka
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