Quem não se lembra de Juliette Binoche na sua brilhante interpretação de Vianne Rocher na adaptação ao cinema de CHOCOLATE de Joanne Harris? A autora regressa ao seu mundo encantado em SAPATOS DE REBUÇADO. Vianne foge com Anouk de Lansquenet-sur-Tannes e refugiam-se em Paris com novas identidades Yanne e Annie e a pequena Rosette a sua filha especial, entretanto nascida. As três vivem uma vida simples e feliz em Montmartre por cima da pequena loja de chocolates de bairro que está a gerir. A sua vida mudou radicalmente. Não há nada fora de comum que as destaque dos outros moradores. Conhece Thierry um homem mais velho, um amigo que se apaixona por ela, e lhe propõe casamento. Tudo parece correr em perfeita harmonia até à chegada de Zozie de l’Alba, a mulher com sapatos de rebuçado, linda e sedutora e que usa todos os “poderes” de Vianne que conhecemos, e que Yanne parece ter esquecido… Estabelecem grande amizade mas Zozie, tem os seus próprios planos… apoderar-se a pouco e pouco da vida de Yanne, e do mundo que ela criou. Com tudo o que ama em jogo, Vianne vê-se obrigada a escolher entre fugir como fez tantas outras vezes, ou enfrentar os seu pior medo, ela própria! Um livro que com toda a certeza veremos adaptado ao cinema! A magia continua… incluindo o aparecimento de Roux…
Começa assim:
Quarta –feira dia 31 de Outubro
Dia de Los Muertos
É relativamente pouco conhecido o facto de, num único ano, serem enviados a pessoas que morreram cerca de vinte milhões de cartas. As pessoas – viúvas desoladas e presumíveis herdeiros – esquecem-se de suspender o envio de correios, por isso, as assinaturas de revistas não são canceladas, os amigos distantes não são avisados, as quotas de bibliotecas ficam por pagar. São vinte milhões de circulares, de extractos bancários, de cartões de crédito, de cartas de amor, de lixo postal, de cartões de felicitações, mexericos e contas, que caem diariamente nos tapetes de entrada ou no soalho, atirados, displicentemente através de grades, enfiados em caixas de correio, acumulados em vãos de escada, abandonados nos degraus e nos vestíbulos, sem nunca chegarem às mãos dos destinatários. Os mortos não se importam. Mas o mais importante é que os vivos também não. Ao vivos preocupam-se apenas com banalidades, completamente alheios a que, muito perto deles está a acontecer um milagre. Os mortos estão a regressar à vida.
Não é preciso muito para ressuscitar os mortos. Uma ou duas contas; um nome, um código postal; nada que não possamos encontrar num velho caixote do lixo, rasgado (talvez por raposas) e deixado como um presente nos degraus da porta da rua.
Espero ter-vos aliciado a ler... Pessoalmente aguardo a sua adaptação na esperança que Juliette Binoche dê corpo a Yanne...
Sapatos de Rebuçado, Joanne Harris, ASA Editores, SA, Novembro de 2007
BOA LEITURA!
BEIJO MEU PATA TI!
BEIJOS!!!