Romance histórico contado na primeira pessoa e protagonizado por Aidan, um monge Irlandês que vive atormentado com visões da sua própria morte e que aceita o desafio de sair da rotina do convento para acompanhar um pequeno grupo de monges numa viagem à fabulosa e exótica cidade de Bizâncio, com o objectivo de presentear o Imperador Romano com o santo e belo livro de Kells.
Aidan irá passar, uma verdadeira odisseia com extrordinárias aventuras desde as verdes colinas da Irlanda aos temerosos mares do Atlântico, das águas do Mediterrâneo aos desertos árabes. Dos Celtas aos Vikings, dos Romanos aos Árabes, Aidan colocará em causa a sua própria crença em Deus, conhecerá a tristeza e a alegria, a riqueza e pobreza, enfim, uma odisseia belíssima, onde conseguimos sentir toda aquela atmosfera desses períodos conturbados e bárbaros dos anos 850 d.C.
Aidan mac Cainnech existiu, e o seu túmulo pode ser visto na Capela dos Santos Padres, à sombra da Hagia Sophia em Bizâncio ou Constantinopla a actual Istambul.
Esta é a história da sua odisseia!
Stephen Lawhead, numa escrita viva, fluida e realista presenteia-nos com uma obra fantástica, muito rica sob o ponto de vista histórico, cheia de pormenores deliciosos sobre distintas civilizações que dominavam o Mundo. E é espantoso que neste longo romance (755 pág.) Lawhead, consiga interligar todos estes povos de forma rigorosa e aliciante.
“Na noite seguinte passámos no meio de dois promontórios apertados e entrámos num canal estreito, com margens muito íngremes. Quando o dia nasceu a Oeste, no meio de uma neblina leitosa, a grande cidade revelou-se aos nossos olhos e todos nos amontoámos na amurada para observarmos aquela tremenda visão. Olhei através do mar enevoado pela humidade da manhã e vi uma povoação de enormes dimensões, espalhada sobre os dorsos corcovados de sete colinas, onde as grandes cúpulas dos palácios se erguiam por cima de apertados amontoados de casas brancas, e os topos arredondados das montanhas pairavam por cima das nuvens… e tudo aquilo brilhava sob a luz da madrugada como estrelas semeadas numa espécie de firmamento terrestre. Olhei para a cidade por cima da superfície da água… e comecei a sentir-me invadido por uma estranha sensação de reconhecimento que fez com que o medo obscuro começasse a pulsar através de mim mesmo, ao ritmo cada vez mais acelerado do meu coração Virei-me para Thorkel e disse:
- Isto não pode ser Miklagard.
- E por que não? – replicou. – Não há duas cidades como esta em todo o mundo.
- Mas… eu conheço este sítio – insisti, num reconhecimento cada vez mais forte. - É possível… - admitiu o piloto, com toda a sensatez – porque esta cidade tem muitos nomes. Levantou a mão na direcção da povoação espalhada pelas colinas.
– Esta é a famosa Cidade do Ouro, a cidade de Constantino! - Constantinopla… - murmurei, sentindo-me entorpecido da cabeça aos pés.
- Heya! – concordou Thorkel, afável.
- Bizâncio… - A palavra era um sussurro de incredulidade nos meus lábios rígidos de medo.
- Essa é uma palavra que não conheço – disse o timoneiro. – Para os dinamarqueses, foi sempre Miklagard. Passei uma das minhas trémulas mãos pelo rosto. Tinha a certeza de que era um homem condenado… e também estúpido. Pensara ter escapado às terríveis consequências do meu sonho enquanto, no fim de contas, navegava directamente para ele. Contudo, não tinha tempo para meditar no meu destino. Harald, vendo-se próximo de uma presa, ordenou aos guerreiros que se preparassem para o ataque. A sua voz de touro disparou uma estonteante fiada de ordens que foram repetidas nos outros navios. Num espaço de instantes já todos os bárbaros se precipitavam para um lado e para o outro nos conveses dos quatro navios, enfiando armaduras e vestindo-se para o combate. O estrondear daquela agitação era horrendo. Vi Gunnar a correr no meio da confusão e chamei-o. - Aeddan! – gritou-me. – É hoje que vamos encher as nossas arcas de tesouros, heya! Sim.. e é também o dia da minha morte, pensei. A morte esperava-me em Bizâncio(…)”.
In, BIZÂNCIO, de Stephen Lawhead Tradução de Manuel Cordeiro Bertrand, 2000 (pág.241/242)
Aidan irá passar, uma verdadeira odisseia com extrordinárias aventuras desde as verdes colinas da Irlanda aos temerosos mares do Atlântico, das águas do Mediterrâneo aos desertos árabes. Dos Celtas aos Vikings, dos Romanos aos Árabes, Aidan colocará em causa a sua própria crença em Deus, conhecerá a tristeza e a alegria, a riqueza e pobreza, enfim, uma odisseia belíssima, onde conseguimos sentir toda aquela atmosfera desses períodos conturbados e bárbaros dos anos 850 d.C.
Aidan mac Cainnech existiu, e o seu túmulo pode ser visto na Capela dos Santos Padres, à sombra da Hagia Sophia em Bizâncio ou Constantinopla a actual Istambul.
Esta é a história da sua odisseia!
Stephen Lawhead, numa escrita viva, fluida e realista presenteia-nos com uma obra fantástica, muito rica sob o ponto de vista histórico, cheia de pormenores deliciosos sobre distintas civilizações que dominavam o Mundo. E é espantoso que neste longo romance (755 pág.) Lawhead, consiga interligar todos estes povos de forma rigorosa e aliciante.
“Na noite seguinte passámos no meio de dois promontórios apertados e entrámos num canal estreito, com margens muito íngremes. Quando o dia nasceu a Oeste, no meio de uma neblina leitosa, a grande cidade revelou-se aos nossos olhos e todos nos amontoámos na amurada para observarmos aquela tremenda visão. Olhei através do mar enevoado pela humidade da manhã e vi uma povoação de enormes dimensões, espalhada sobre os dorsos corcovados de sete colinas, onde as grandes cúpulas dos palácios se erguiam por cima de apertados amontoados de casas brancas, e os topos arredondados das montanhas pairavam por cima das nuvens… e tudo aquilo brilhava sob a luz da madrugada como estrelas semeadas numa espécie de firmamento terrestre. Olhei para a cidade por cima da superfície da água… e comecei a sentir-me invadido por uma estranha sensação de reconhecimento que fez com que o medo obscuro começasse a pulsar através de mim mesmo, ao ritmo cada vez mais acelerado do meu coração Virei-me para Thorkel e disse:
- Isto não pode ser Miklagard.
- E por que não? – replicou. – Não há duas cidades como esta em todo o mundo.
- Mas… eu conheço este sítio – insisti, num reconhecimento cada vez mais forte. - É possível… - admitiu o piloto, com toda a sensatez – porque esta cidade tem muitos nomes. Levantou a mão na direcção da povoação espalhada pelas colinas.
– Esta é a famosa Cidade do Ouro, a cidade de Constantino! - Constantinopla… - murmurei, sentindo-me entorpecido da cabeça aos pés.
- Heya! – concordou Thorkel, afável.
- Bizâncio… - A palavra era um sussurro de incredulidade nos meus lábios rígidos de medo.
- Essa é uma palavra que não conheço – disse o timoneiro. – Para os dinamarqueses, foi sempre Miklagard. Passei uma das minhas trémulas mãos pelo rosto. Tinha a certeza de que era um homem condenado… e também estúpido. Pensara ter escapado às terríveis consequências do meu sonho enquanto, no fim de contas, navegava directamente para ele. Contudo, não tinha tempo para meditar no meu destino. Harald, vendo-se próximo de uma presa, ordenou aos guerreiros que se preparassem para o ataque. A sua voz de touro disparou uma estonteante fiada de ordens que foram repetidas nos outros navios. Num espaço de instantes já todos os bárbaros se precipitavam para um lado e para o outro nos conveses dos quatro navios, enfiando armaduras e vestindo-se para o combate. O estrondear daquela agitação era horrendo. Vi Gunnar a correr no meio da confusão e chamei-o. - Aeddan! – gritou-me. – É hoje que vamos encher as nossas arcas de tesouros, heya! Sim.. e é também o dia da minha morte, pensei. A morte esperava-me em Bizâncio(…)”.
In, BIZÂNCIO, de Stephen Lawhead Tradução de Manuel Cordeiro Bertrand, 2000 (pág.241/242)
BEIJOS
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