domingo, setembro 30, 2007

História do rei transparente, leitura de Outubro

Leola uma jovem camponesa, lavra o solo duro e seco das terras do senhor de Abuny enquanto no campo ao lado, os nobres combatem e guerreiam em nome de antigas quezílias. Quando precisam de mais homens raptam os da aldeia inclusive o seu noivo Jacques. Ao ver a sua casa saqueada e a sua família destroçada, Leola para conseguir sobreviver veste a armadura de um guerreiro morto e começa uma viagem repleta de aventuras. É uma história de iniciação e aprendizagem. Ao iniciar o caminho encontra-se e é salva por uma mulher misteriosa, Nyneve (diz ter conhecido o Rei Artur e chama a Merlin um falso). Afirma ser feiticeira e avisa que pode ser louca... Leola torna-se sua discípula e Nyneve sua mestra. Iniciam uma série de aventuras que começam com o seu treino para transformar-se em guerreiro. Durante a instrução, vivem variadas peripécias, de que se destaca a que as mantém "prisioneiras" no castelo de Dhuoda, conhecida como a Dama Branca, onde Leola aprende a ler e de onde escapam. Passam e permanecem uma temporada na corte da Rainha Leonor de Aquitânia. Uns instantes de luz na obscuridade do esquecimento dos ideais dos cavaleiros, um momento de cultura no meio da ignorância. Também se fala de amor. Desde Jacques (que é como uma parte dela) e serve de motivo para iniciar a viajem, passando por Gastón (a atracção física) até León (a bondade, a generosidade e a compaixão). É uma história circular que termina onde começou, 25 anos depois… A autora desenvolve uma história de aventuras na Idade Media que consegue falar de ideais e transmite uma mensagem sobre o poder das palavras para criar ou destruir. Afirma-se que há palavras belas e nobres como Amor e Liberdade, mas que podem ser utilizadas para o mal. A melhor é Compaixão, a capacidade de compreender os outros e por isso a incapacidade de lhes causar qualquer dano. A Historia do Rei Transparente, a lenda que nenhum contador se atreve a contar… Os que por três ou quatro vezes começam a contá-la nunca a acabam porque algo de terrível lhes acontece. No final em apêndice também não é contado o seu final e o leitor encontra páginas em branco para que desenhe a sua conclusão… A história começa assim:

“Sou mulher e escrevo. Sou plebeia e sei ler. Nasci serva e sou livre. Vi na minha vida coisas maravilhosas. Fiz na minha vida coisas maravilhosas. Durante algum tempo o mundo foi um milagre. Depois a escuridão voltou. A pena estremece entre os meus dedos cada vez que o aríete investe contra a porta. Um portão sólido de metal e madeira que não tardará a ficar em pedaços. Pesados e suados homens de ferro amontoam-se à entrada. Vêm buscar-nos. As Boas Mulheres rezam. Eu escrevo. É a minha maior vitória, a minha maior conquista, o dom de que me sinto orgulhosa; e embora as palavras estejam a ser devoradas pelo grande silêncio, constituem hoje a minha única arma. Com as pancadas, a tinta continua a estremecer no tinteiro, também ela assustada. A sua superfície encrespa-se como a de um pequeno lago tenebroso. Mas depois aquieta-se inexplicavelmente. Levanto a cabeça esperando o empurrão que não chega. O aríete parou. As Perfeitas também pararam o zumbido das suas orações. Será que os cruzados conseguiram aceder ao castelo? Julgava-me preparada para este momento, mas não estou.”

HISTÓRIA DO REI TRANSPARENTE, Rosa Montero, tradução de Helena Pitta, ASA Editores, SA, Outubro de 2006 ( considerado o melhor romance espanhol de 2005 pela revista “Qué Leer”).
BOA LEITURA!
BEIJOS!!!

24 comentários:

Anónimo disse...

Simpática Amiga:
Esta "História do Rei Transparente" deve prender muito o leitor às suas aventuras feitas palavras de encantar e surpreender.
Quem não gosta de ler um livro arrebatador que nos conduz à sua magia de sonho belo vivido? Um livro transporta-nos para lugares distantes, encantados e interessantes. Leva connosco os sonhos, a irrealidade, a delícia sensação de descobrir novas pessoas, novos encantos.
Maravilhoso! - Deve ser o livro.
Também estou a ler um livro histórico-policial: "A Mensageira" de Daniel Silva, que prende a nossa atenção às palavras que se sucedem em palavras aventureiras e fascinantes do início ao fim.
Adoro vir aqui. Há sempre algo interessante, novo e muito peculiar.
Parabéns e boas leituras.
Beijo de estima e amizade.
pena

Desculpe não comentar como Blogger, mas esqueci-me. Desculpe!

Cláudio disse...

Não li, mas ouvi a autora há um par de meses, na TSF, a falar ao Carlos Marques. E fiquei danado para lê-la e danado pela burrice do Marques. Boa, papoila!

Carminda Pinho disse...

Amiga Papoila,
passo só para te dar um olá!
Já cheguei do fim de semana lindo, apesar da chuva e do céu plumbeo.
Voltarei para te ler.
Beijinhos

Sol da meia noite disse...

Fascinante!

Pois as palavras são armas poderosas!
Para o bem e para o mal.
Mas tem vezes que custa escolher a palavra certa...

Muitos beijinhos!!!

Peter disse...

"e embora as palavras estejam a ser devoradas pelo grande silêncio, constituem hoje a minha única arma"

Faz-me lembrar algo ...

Ando a ler "O pecado de Darwin", John Darnton, prenda de anos de um dos filhos. Aliás ando a privilegiar a leitura em detrimento dos blogs.

P.S. - O meu amigo FPaiva publicou mais um artigo histórico, centrado no Porto, claro (!) e que tu aprecias.

Boa semana

Anónimo disse...

Papoila: ando a ficar burro. Perco demasiado tempo na net e levo uma eternidade para acabar um livro.
Comecei a ler "As Mulheres do meu Pai" há um mês e ainda não vou a meio. A minha vida é isto (eheheh). São quase cindo da madrugada e ainda ando por aqui.
Beijinhos.
P.S. É verdade que andam por aí muitos "gajos", a conduzir, muito piores que as mulheres. Aquilo foi só para "espicaçar" o pessoal. eheheh.

Catarina disse...

Papoilita

estes dias procurava desesperadamente leitura nova que me cativasse! Eis uma bela sugestao! Embora aqui em Paris seja mais facil encontrar leitura em linguagem extraterrestre que em Portugues... felizmente que hoje podemos encomendar pela internet!

Bjtos

BF disse...

Obrigada pela Sugestão...
Mais um a ficar na lista de possíveis leituras, é que agora o tempo escasseia.

Beijinhos
Boa Semana
BF

Unknown disse...

Querida amiga.
Adoro esta senhora que canta.
Tem uma surpresa no meu blog
Beijinhos
Manuela

SS disse...

Uma beijoka

Jorge P. Guedes disse...

Uma proposta de leitura é sempre bem-vinda. O pior é o tempo, que me falta...

Um abraço, Papoila.

Anónimo disse...

O rei transparente ou a lenda do santo graal.
os cruzados não conseguiram, só um.
Aquele que era puro de coração e alma.
Esse disse: se eu fosse o rei transparente, este reino seria muito melhor...
Mas não era. o rei continuava transparente, atravessava-se de lado a lado. Ninguém o via.
Até..

Anónimo disse...

Olá Papoila querida!
Infelizmente faz tempo que não leio um bom livro.O tempo me foge por entre os dedos e fica difícil.Estou a chegar de Vila Real,tirei minhas férias de verão em setembro para poder ajudar meus sogros com as vindimas,foi uma trabalheira!O míldio este ano deu cabo de grande parte da produção,cada cacho que se cortava tínhamos de tirar os secos,que castigo!Mas mesmo com tanto trabalho e nos levantadando todos os dias as seis da manhã,estávamos muito felizes por lá.Agora aqui nesta infernal Lisboa...dá uma tristeza...eu e meu marido ficamos quebrando a cabeça para tentar arranjar um jeito de voltarmos para o Norte,mas está difícil :( Entretanto só hoje Dioguinho começou na escola,está todo contente,adorou rever alguns amiguinhos,é uma criança fantástica...graças a Deus!Bom...deixo muitos beijinhos à ti e o desejo de que tenhas uma semaninha abençoada :)

Um Poema disse...

Obrigado pela sugest�o.

Deve ser bastante interessante.

Um abra�o

Anónimo disse...

Amiga Papoila. Obrigada minha amiga pela sugestão,do livro será sempre agradvél conhecer e procurar.
Beijo amiga LISA

Meg disse...

Mais um, cara amiga, para juntar aos tantos que aguardam pacientemente... porque hoje o tempo já não é o que era. Mas inventamo-lo sempre para o que vale verdadeiramente a pena. Que é o caso.
Bem hajas pela recomendação e pelo "cheirinho".
Beijinhos

suruka disse...

ORA GRANDE DICA.
obrigado

Isamar disse...

Uma sugestão a aceitar embora a falta de tempo não me permita ler tanto quanto gostaria. A net também nos toma algum tempo mas as amizades que aqui fazemos sabem muito bem.

beijinhos

rendadebilros disse...

Ainda não li nada desta autora. Já enviei um livro dela " A Louca da Casa " ou " A Casa da Louca" já nem sei! para Barcelona. Lê-se muito no metro... a caminho do trabalho e no regresso a casa...Acho que lhe vou mandar entregar este. E eu, quando lá for, trago-o comigo. Não achas bem???
Beijos.

António disse...

Querida Papoila!
Ora aqui está uma autora de quem nunca ouvira falar: Rosa Montero.
(esta é rosa, não é papoila...)

Beijinhos

mixtu disse...

omelhor romance...
pode ser, depois de acabar uns livritos... levo 3... o memorial está mais adiantado, nest ecaso um reler um amor como nunca li blimunda/baltasar

abrazo europeo

Maria Clarinda disse...

Nada é por acaso, um amigo meu anteontem emprestou-me esse livro, que eu decidi começar a ler este feriado....com este teu post vou com mais vontade.
Jinhos mil

APC disse...

Acabe como acabar, decerto que Leola não conseguiu reunir, a um tempo, a fiel cumplicidade de Jacques, a atracção carnal de Gastón e a extrema bondade de León, certo? Porque somos felizes a espaços, de várias maneiras possíveis e nunca impossivelmente mais do que ainda poderemos vir a ser. Nunca em absoluto!
É a nossa história (a da Humanidade), seja em que história for. Essa, pareceu-me deliciosa! :-)

AnaCarolAbiahy disse...

Maravilhoso blog e amo este livro!