A Cidadela Branca passa-se no século XVII e conta a história de um estudante veneziano capturado por piratas turcos durante uma viagem de barco a Nápoles, e é levado como prisioneiro para Istambul. Aqui, torna-se escravo de um inventor muçulmano que pretende aprender tudo sobre o Ocidente. Os dois são fisiscamente muito semelhantes : parecem gémeos… O Mestre tenta transmitir todo o conhecimento que aprende com o escravo ao jovem Sultão, mas este só se interessa por profecias e fábulas de leões, sapos e lebres. Na cidade alastra uma epidemia de peste, os dois homens fecham-se em casa, e começam a sua autobiografia. Neste tempo, o escravo não diz ao Mestre o que ele mais deseja ouvir o que o desespera. Por sua vez, o Mestre descobre que o escravo tem medo da peste e amedronta-o. Ao observar o Mestre, o escravo vê-se do exterior, como se fosse ele, e como se consegue observar a si próprio, identifica-se com o outro… Há uma fusão de identidades na tentativa confusa e desordenada da descoberta individual. A Cidadela Branca é uma fábula sobre identidades: duas personagens estudam-se uma à outra para tentar responder à questão: «Porque é que eu sou eu?». No final, os dois homens trocam de identidade: o Mestre retoma a vida do escravo antes deste ser capturado e este, continua a viver a vida do Mestre…Um Turco e um Veneziano não são necessariamente pessoas diferentes e assim facilmente podem assumir a personalidade do outro.
Orhan Pamuk (Prémio Nobel da Literatura 2006) de nacionalidade turca, nasceu no seio de uma família abastada em Istambul em 7 de Junho de 1952. Estudou no estrangeiro Engenharia, Arquitectura e Jornalismo mas desde 1974 que se dedica à literatura. A Cidadela Branca, o seu terceiro romance é a obra que o afirmou internacionalmente. Comparado a escritores como Kafka, Proust, Borges ou Italo Calvino, Pamuk pretende construir uma ponte entre o Ocidente e o Oriente.
Orhan Pamuk (Prémio Nobel da Literatura 2006) de nacionalidade turca, nasceu no seio de uma família abastada em Istambul em 7 de Junho de 1952. Estudou no estrangeiro Engenharia, Arquitectura e Jornalismo mas desde 1974 que se dedica à literatura. A Cidadela Branca, o seu terceiro romance é a obra que o afirmou internacionalmente. Comparado a escritores como Kafka, Proust, Borges ou Italo Calvino, Pamuk pretende construir uma ponte entre o Ocidente e o Oriente.
“A peste espalhava-se rapidamente, mas eu não conseguia aprender aquilo que o Mestre chamava coragem. É verdade que não tomava tantas precauções como nos primeiros dias da epidemia. De tanto ficar fechado no quarto para espreitar a rua pela janela como uma velha entrevada, esgotara-se-me a paciência. Só de vez em quando me lançava porta fora, para errar pelas ruas como um bêbado, esforçava-me por me acostumar à peste, ao espectáculo das mulheres a fazer compras no mercado, dos artesãos a trabalhar nas barracas, dos homens reunidos nos cafés depois de ter levado os seus mortos ao cemitério. E talvez tivesse acabado por me habituar aos poucos se o Mestre não tivesse cessado de me provocar.
Todas as noites, estendia-me as mãos com que, afirmava, tocara nas pessoas ao longo de todo o dia. Eu esperava sem me mover, petrificado exactamente como quando, ao despertar, alguém descobre que tem um escorpião a passear-lhe pelo corpo. Os dedos do Mestre não eram parecidos com os meus; eu sentia-os a remexerem em mim, gelados, enquanto me perguntava: “Tens medo?”. Eu continuava sem me mover. “Tens medo? Porque tens medo?”. Às vezes tinha vontade de lhe empurrar a mão e lutar com ele, mas sabia que isso não fazia mais do que aumentar-lhe a raiva. “Vou dizer-te porque tens medo. Tens medo porque és culpado. Tens medo porque chafurdaste no pecado. Tens medo porque acreditas bem mais no que te digo do que eu no que tu me contas!”
E foi ele que insistiu que nos instalássemos nas duas pontas da mesa. Chegara o momento de escrever porque éramos o que éramos, declarou. Mais uma vez tudo o que ele pôde escrever foi para se interrogar: porque eram “os outros” aquilo que eram? E pela primeira vez, fez-me ler com orgulho o que escrevera. Quando adivinhei que esperava que eu sentisse vergonha do que lia, não sei porquê, não fui capaz de dissimular o meu desagrado e disse-lhe que ele se rebaixava ao nível dos “imbecis” e que ia morrer de peste antes de mim.”
In A Cidadela Branca, Orhan Pamuk, tradução de Manuela Vaz, Editorial Presença, Lisboa, Outubro de 2006, pág 84/85 de 181.
Todas as noites, estendia-me as mãos com que, afirmava, tocara nas pessoas ao longo de todo o dia. Eu esperava sem me mover, petrificado exactamente como quando, ao despertar, alguém descobre que tem um escorpião a passear-lhe pelo corpo. Os dedos do Mestre não eram parecidos com os meus; eu sentia-os a remexerem em mim, gelados, enquanto me perguntava: “Tens medo?”. Eu continuava sem me mover. “Tens medo? Porque tens medo?”. Às vezes tinha vontade de lhe empurrar a mão e lutar com ele, mas sabia que isso não fazia mais do que aumentar-lhe a raiva. “Vou dizer-te porque tens medo. Tens medo porque és culpado. Tens medo porque chafurdaste no pecado. Tens medo porque acreditas bem mais no que te digo do que eu no que tu me contas!”
E foi ele que insistiu que nos instalássemos nas duas pontas da mesa. Chegara o momento de escrever porque éramos o que éramos, declarou. Mais uma vez tudo o que ele pôde escrever foi para se interrogar: porque eram “os outros” aquilo que eram? E pela primeira vez, fez-me ler com orgulho o que escrevera. Quando adivinhei que esperava que eu sentisse vergonha do que lia, não sei porquê, não fui capaz de dissimular o meu desagrado e disse-lhe que ele se rebaixava ao nível dos “imbecis” e que ia morrer de peste antes de mim.”
In A Cidadela Branca, Orhan Pamuk, tradução de Manuela Vaz, Editorial Presença, Lisboa, Outubro de 2006, pág 84/85 de 181.
Boa leitura!
AVISO:
De 1 a 10 de Junho A Papoila está de Férias! Não estranhem se não vos visitar...
Até já!
BEIJOS !
33 comentários:
Querida Papoila!
Como eu gostaria de ter capacidade para escrever um romance cuja acção decorre em tempo anteriores ao meu.
Muito estudo e pesquisa deve estar por trás de tudo o que o autor sabe sobre aquela época e aquele lugar ou lugares.
Isto faz-me sentir muito pequenino...
Tem uma boas férias!
Beijinhos
Boa noite,,,,, antes de ir de férias queria deixar aqui o meu allô,,,,, e votos de inspiração e qualidade deste excelente Blog,,,,
Linda papoila,
Um boa leitura que deixaste para nos deleciar...antes de ir de férias.
Obrigada minha querida.
Boas férias... e que a inspiração venha repleta de coisas lindas, como nos tens habituado.
Beijinhos da
Maria
Passei para deixar um beijo e o desejo de Boa Noite!
Até amanhã!
Olá linda =)
Bela sugestão.
Boas férias.
Beijinhos
Óptima sugestão de leitura!
Afinal temos isto em comum , pelo emnos... os nossos corações andarem por esse mundo...
Boa viagem e aproveita bem... que bom que vai ser!!
Eu, para o próximo fim de semana 8/11 vou dar um saltinho rápido a Barcelona...
Beijos.
oi lindinha
Ser amigo e ter amigos é um verdadeiro profetismo. A amizade anuncia o bem e denuncia o mal. Entre aos amigos deve haver co-responsabilidade na edificação de suas vidas.
O estar a fim da amizade é uma conquista que exige investimento, mas que proporciona muitas dádivas. Fortunas são apostadas quando os horizontes se abrem e se vislumbra sua efetivação.
Crianças, jovens e adultos procuram ser amigos e ter amigos. Todas as pessoas precisam de alguém próximo que as entenda, as compreenda e as ajude nos seus momentos existenciais.
A pessoa amiga é um reflexo do grande amigo Jesus. Ela não nos absorve nem nos anula, mas é um ombro amigo capaz de nos acolher da forma como somos, sem nos julgar. Sua presença é uma benção, pois nos torna melhores do que somos.
No Dia do Amigo, somos chamados a agradecer a Deus pelo amigo que somos e pelos que temos.
Além da prece pela amizade, termos presente que ela é uma conquista constante.
bom fim de semana e boas ferias rsrs
Ola Maria Papoila, então desejo-lhe uma sexcelentes férias
Obrigado pela sugestão de leitura e umas óptimas férias.
Um bjnh.
ola
que o sol ilumine as tuas férias assim como as tuas leituras...
aproveita bem...
bjos sempre doces
despertaste me a curisosidade
:D
beijinho
uma falha da minha parte, aind anada li do autor...
este, é muito interessant emas agora já sei como acaba, :)
boas leituras em férias...
eu cuido aqui das tuas papoilas, tenho dúvida rego-as diáriamente ou dia sim dia não...
yayaya
abrazo, el nuestro abrazo
Uma optima sugestão de leitura, muito obrigada.
Descansa.
Boas férias... e diverte-te.
Serenos sorrisos de luz.
Então, boas férias, minha amiga.
Se tiver tempo antes, passe no meu "Flainando na Web" e assista a um pequeno vídeo chamado "Metade de Mim". Acho que alguém com a sua sensibilidade, gostaria de assisti-lo.
Um beijo e divirta-se nas férias!
Papoila:
Como boa leitora que és, aproveita este período de férias para inspirares-te nos próximos post tão bem como o tens feito até aqui. Prova disso é a sugestão de leitura que nos deixaste! Boas Férias. Um beijinho.
Antes de mais umas exelentes férias :) eu tb vou mas apenas dia 7 ;)
Quanto a este livro parece-me uma boa sugestão :)
beijossss
Então boas Ferias!
UM BOM DIA!
SONY:-)
Que palavra tão simpática... férias ... soa mesma a coisa BOA!!
Que as tuas tenham TODOS os condimentos para serem bem gozadas!
Até ao regresso!
Que palavra tão simpática... férias ... soa mesma a coisa BOA!!
Que as tuas tenham TODOS os condimentos para serem bem gozadas!
Até ao regresso!
Olá amiguinha,
Boa escolha, obrigada pela partilha!
Boas férias, aproveita!
Beijinhos
Isa
Espero que tudo esteja a correr bem por aí... está, com certeza. Tu chegas e eu parto... depois "vemo-nos" segunda ou terça da próxima semana.
Beijinhos.
Papoilinha o desejo que tenhas umas optimas férias com boas leituras e muito descanso.
Beijinhos quentes pois hoje fez muito muito calor
Aldora
Saudades de ti, do teu rubro oscilar nos campos de miosótis...
Espero que as férias estejam a ser divinais!
Beijos
'Porque é que eu sou eu?'
uma boa pergunta...
melhor ler o livro!
não tenho medo da perguanta, e vc terias medo de responder? ou terias medo da resposta?
Um abraço eum sorriso!
Querida papoila, hoje vim ao teu campo desanuviar os olhos em tuas sempre belas mensagens.
Hoje tens uma proposta de leitura que, pelo que li, deve ser interessante.
Férias!!
Que bom!!
Bem merecidas.
Aproveita-as ao máximo e volta com a alma renovada e arejada.;)
Beijo num impulso
Boas férias e regressa fresca.
Um beijinho da Elsita do:
http://ritmoscontinuados.blogs.sapo.pt
bOAS FÉRIAS :-)
não estranho, para ser sincero, não tenho saudades tuas, yayaya
espero que te estejas a divertir
abrazo
ÇOK GÜZEL BİR SİTE.
orhan pamuk ok.
trkey/kayseri.
Enjoy it!
Está quase na hora de voltar!
Beijo!
Chegas de férias, quando inicio as minhas.
Espero que as tuas tenham sido boas.
Sem ter a intenção de fazer propaganda, mas porque sei que gostas de ler os artigos sobre o Porto escritos pelo meu amigo Fernando Paiva, tens no n/blog o último (9º) feito por ele.
Saúde por cá e boa disposição.
Linda papoila. Passei, adorei, coloquei-te nos meus favoritos e ainda te quero dizer que, para mim, és a flor mais bonita. Tens cor de paixão e teu perfume está no teu interior. Beijo
Filó
Desejo-te umas óptimas férias, eu também estou a precisar de umas, mas...
Beijinhos e votos de um bom fim de semana
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